quinta-feira, setembro 15, 2011

A minha verdade



Confesso que tenho evitado me pronunciar sobre alguns assuntos ligados a religião. Fujo mesmo de tudo o que diz respeito a ela, pois já tive muitos problemas de discurso e atribuo todos eles sim, talvez de forma extremista, a religião e a dos demais que me cercavam.  A religião que me refiro não é aquela na semântica da palavra que tem como significado religar o homem a Deus, mas sim aquele conjunto de ‘dogmas e doutrinas’, o que se difere do evangelho de Jesus que é aquela boa notícia pela qual ele veio e pela qual, em 2003, quando eu tinha meus dezoito anos de idade eu me apaixonei. Por isso rompi com ela, não me declaro nem ao menos cristã se é que você quer saber. Isso porque não sou uma cópia de Cristo, e nem terei a audácia de ser, mesmo sabendo que meu convívio com sua palavra me leva a ficar cada vez mais parecida com Ele. Não digo, pois não me limito a rótulos, tem coisas que são percebidas, e não precisamos dizer.


Uma vez ouvi que escrevemos melhor quando escrevemos sobre algo que nos incomoda e não tem nada no mundo que me incomode mais do que a hipocrisia, e cá para nós o ser humano sempre foi e sempre será hipócrita enquanto não entender que nunca será o ‘dono da verdade’ e nada é mais hipócrita do que a religião que diz ter a verdade.


Agora vamos lá, para mim a verdade é uma só, Jesus. E ponto. Essa é minha verdade, essa é minha religião.


Gosto muito da frase de  Dostoievisky  que diz:


“Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade”.


Agora que me posicionei a respeito do que acredito e do que não acredito gostaria de comentar algo: Jesus não é evangélico, não é calvinista, não é arminiano, não é luterano, não é católico, não é budista, não é um tanto de outros rótulos. Tampouco é ecumênico, ele é Deus, e ele criou o homem, ele amou o homem e amará até o fim. Essa é a minha verdade, mas historicamente falando, essa é uma verdade histórica também.


A luta do homem hoje é pela manipulação da verdade, cada um tem a sua e diz que tem toda a verdade!


A voz D’ele  não está em alguns meios ‘esdrúxulos’ dos quais muitos tem usando seu nome em vão, promovem “espetáculos” de péssimo gosto, discussões tolas, cheias de politicagem barata que não geram nada, não geram amor e ainda por cima geram facções quase que criminosas, são tantas divisões, rótulos e muita alienação, muita hipocrisia e muita perca de tempo... Não acredito que a voz D’ele está  na minha voz agora apenas porque estou escrevendo e usando seu nome, estou apenas emitindo minha opinião, e como disse Oswaldo Montenegro no belíssimo poema Metade, que você possa entender e apenas respeitá-la, mas não faça dela uma prece por favor...


A voz D’ele ouço por dentro, é de dentro para fora. Até pode vir de fora, mas se de dentro não vier aquele sussurro: é isso mesmo, esquece! Não foi Ele.


Hoje ao invés de falar de algo, escolho falar para alguém sobre algo. Aprendi que o amor faz a gente olhar nos olhos, compartilhar quem somos de verdade, nossas falhas, acertos ou tentativas de acertos. Aprendi que a prepotência é que me alimentava quando eu ouvia das pessoas o quanto eu era “usada” por Deus. Hoje a minha pretensão maior é viver minha vida de forma simples, no meu casulo, passando por todas as metamorfoses que for preciso para voar. Hoje, minha luta maior é não me deixar “demonizar”, não me tornar alguém adorador de si mesmo, e pior, sem perceber...


A minha verdade é essa: Jesus. Por isso, ao mesmo tempo que sou livre para viver sem precisar me rotular para ser aceita em um grupo, preciso olhar para Ele para não perder minha referência. Viver uma vida única, com um coração inteiro, com momentos intensos, tanto felizes quanto tristes, mas sabendo que a ilusão de um conto criado por minha imaginação já não existe mais, nem tudo o que eu desejo terei, nem tudo o que eu sonhei foi real, nem todas as minhas sementes vão florescer, mesmo que eu as plante em terra boa. Hoje sinto as pedras pelo caminho, sinto o ar faltar pelo aperto do lugar, mas sei que é por aqui mesmo que devo continuar...


Pois é minha verdade quem guia meus passos, e meu ir que faz o caminho... como disse Lewis.


Continuo, mesmo sabendo que são poucos os que escolheram caminhar comigo, mas os poucos e bons amigos que encontrei pelo caminho estão aqui comigo, e é com eles que compartilho quem eu sou e eles não me deixam mentir sozinha...

Simone Caetano

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