Por René Burkhardt
Jesus nos ensinou, o tempo todo, a buscarmos intimidade com o Deus Pai. Os judeus tinham medo (e ainda têm), até mesmo, de pronunciar o nome de Deus. Aí, ao nos ensinar a orar, Ele já demonstra que devemos nos dirigir com intimidade a Deus, sem medos, chamando-O de Pai. Não só nessa oração, mas também na parábola do filho pródigo e outras diversas passagens bíblicas, a demonstração que temos é de um relacionamento íntimo de Pai e filho. Mas o que é, exatamente, viver essa intimidade? Seria, apenas, no momento de falar com o Pai, ou quando voltamos envergonhados, com o “rabinho entre as pernas”, para pedir o Seu perdão?
Entendo que essa intimidade é bem mais do que isto. Nossa vida íntima com Deus deve se manifestar a todo momento, em todos os dias, através de nossas atitudes diante de Deus e diante dos homens. Neste aspecto, vejo a parábola da grande ceia, em Lucas 14.16-24, como uma grande indicação para isso.
Nessa parábola, um certo homem, que representa Deus, convida a muitas pessoas para participarem de uma grande ceia que ele havia preparado. Ora, certamente, esse homem convidou pessoas de seu relacionamento íntimo, para confraternizarem com ele. Como este homem representa a Deus, as pessoas que Ele convidou são, hoje, os cristãos. Mas, como disse no início, nós somos chamados a ter intimidade constante com o Senhor, em nosso dia a dia, não apenas quando formos para o céu. Dessa forma, podemos entender esse convite para a grande ceia como sendo um convite constante, permanente, diário.
Mas como esse convite nos é feito? A todo momento, surgem, diante de nós, aquelas “boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Essas obras não se limitam à nossa ajuda a pessoas que tenham passado por uma catástrofe natural, a povos que passam fome, a órfãos e a viúvas. Essas boas obras são muito mais numerosas e muito mais comuns em nossas vidas, do que temos realmente percebido.
Na parábola, Jesus se refere a desculpas comuns e que, aparentemente, não são atitudes más, que usamos para não atendermos ao convite de Deus. Ele diz que usamos como desculpas nossas próprias obrigações diárias, que, em si mesmas, não são más. Não é errado nos concentrarmos em nosso trabalho. Não é errado cuidarmos dos bens que o Senhor nos entregou para administrarmos. Não é errado cuidarmos de nossas famílias. O erro não está nisso! O erro está em colocarmos tais coisas acima de nosso relacionamento íntimo com o Senhor. Ele tem a primazia sobre todas as coisas! É para Ele que devemos olhar, mesmo diante das questões mais simples de nosso cotidiano.
Então, na verdade, Jesus está dizendo: “Lembra quando aquele mendigo lhe pediu um prato de comida e você disse que não poderia atendê-lo, porque estava em cima da hora de ir trabalhar? Era eu que estava convidando você a saciar a minha fome de intimidade com você! Lembra quando aquele vizinho lhe pediu o carro emprestado para levar a esposa ao hospital e você disse que não poderia atendê-lo, porque você era zeloso com seu patrimônio e não poderia correr o risco de danificá-lo? Era eu que estava convidando você a ter intimidade comigo através do meu maior patrimônio, o ser humano! Lembra quando aquele seu parente foi chorar sua dor com você e, porque estava fazendo o jantar para a sua família, você disse a ele que voltasse outra hora? Era eu que estava convidando você a ter, comigo, a intimidade de uma família!”.
O Senhor conhece todas as nossas obrigações, todas as nossas necessidades. Mas é Ele que sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder. Por isto, quando nos deparamos com alguma circunstância que demande amor, piedade, não podemos deixar de atendê-lO, por mais “santa” que seja a nossa desculpa. Já que Ele sustenta todas as coisas, atendê-lO não irá prejudicar nada que estejamos por fazer. Podemos ter a certeza de que em muito mais vezes do que imaginamos, Ele está nos dizendo: “Este é o caminho, ande por ele e você terá intimidade comigo!”.
Meninas do Reino
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