sábado, fevereiro 02, 2013

A pobreza da Música Pentecostal

Por que o "reteté" nunca acontece
com uma música que fala sobre a cruz de Cristo?
Por Gutierres Fernandes Siqueira

A Música Pentecostal é um gênero bem específico. Se você é de uma igreja tradicional ou até mesmo neopentecostal raramente ouvirá esse ritmo. A chamada Música Pentecostal é marcante no ambiente assembleiano e em igrejas de liturgias parecidas com as Assembleias de Deus. As principais expoentes são as cantoras Cassiane, Lauriete, Damares, Elaine de Jesus, Vanilda Bordieri etc.

O principal compositor desse gênero é o pastor Elizeu Gomes. O músico Gomes estudou no Hosanna International Seminar, o mesmo seminário que publica a “Bíblia Revelada”. Revelada? O nome já diz tudo. O seminário é uma versão “pseudoerudita” de um pentecostalismo dado a extravagâncias litúrgicas e pregações cheias de analogias abusivas. É um daqueles seminários que oferece “mestrado” em um kit com 25 apostilas.

Mas por que falo em pobreza? Ora, a chamada Música Pentecostal é incrivelmente pobre: tanto em estilo como em teologia.

Estilo

É incrível como todas as músicas são perecidas. O ritmo começa lento como se fosse uma seresta (espécie de serenata) ou um brega melódico e depois parte para uma agitação repentina. A agitação normalmente vem em ritmo de forró, sertanejo, axé ou como marcha. A previsibilidade do ritmo é altíssima. Você sempre sabe que na metade da música haverá uma mudança. As notas musicais variam pouco entre uma e outra música. Não é à toa que as igrejas pentecostais estejam cheias de “vocais” e com raros corais.

Teologia

Bom, quem faz mestrado com apostilas recebidas pelo correio não pode ser considerado um mestre. Falta, no mínimo, honestidade intelectual. E fazer músicas com uma teologia pobre de Bíblia e sem a correta interpretação? Ora, são músicas que falam em uma “porção dobrada do Espírito” como se a expressão referisse a todos nós. Onde anda a correta interpretação bíblica? Bom, e eu nem preciso falar sobre a ênfase na vitória, a centralidade nas necessidades humanas, a exaltação da vingança, a ausência de um culto a Deus etc. e tal.

Vale lembrar o velho Donald Gee, ainda na década de 1930, alertava os pentecostais sobre o desvio em sua música:

Gostaria que os nossos hinos fossem mais de adoração. Setenta e cinco por cento de nossos cânticos hoje falam mais sobre nós mesmos, sobre nossos sentimentos e experiências. É tempo de chegarmos à igreja para cantarmos ao Senhor. Seria uma boa coisa realizar uma ou duas reuniões onde chegássemos para ministrar ao Senhor, onde chegássemos para trazer-lhe algo. [1]

Portanto, a pobreza da música torna a nossa igreja pentecostal mais pobre.

Referência:

[1] GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e Testemunhando com Poder. 6 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 71. O título original é Pentecost (Pentecostes, em português). A partir do ano 2000 a editora trocou o título pelo descrito acima. O título é muito infeliz, já que o próprio autor condena a ideia de uma “fórmula” para receber o “revestimento de poder”.


Lido em: Teologia Pentecostal

Um comentário:

  1. Tambem já notara essa pobreza na musica pentecostal...e acrescento há mta pobreza tbm nas musicas gospel tocadas nas igrejas, em especial, as igrejas do G12

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