Interessante como algumas situações na vida acontecem em momentos em que tudo parece nos comprimir. Há poucos dias, conversando com duas amigas, ouvindo sobre decepções e tristezas que têm enfrentado, refletimos um pouco sobre o sofrimento, as mazelas do mundo e como precisamos agir diante dessas situações. Solidarizando-me com elas em suas dores, chegou a minha vez de encarar um pouco de decepção e dor. E eis o pouco que já aprendi a respeito disso na jornada da vida:
É totalmente compreensível que soframos em meio as mazelas desse mundo caótico e isso não é de todo ruim, pois é sinal de que não nos tornamos frios e indiferentes diante do que é injusto. É preciso ter compaixão com as dores do outro, assim cultivamos um coração de carne, uma alma que se compadece e somos moldados na humildade. Contudo, necessitamos colocar nosso sofrimento diante de Deus. Mas questões como "Por quê?", "Por quê, Deus?!", geralmente só machucam mais o nosso coração. Por experiência própria posso dizer que esse tipo de questionamento, conscientemente ou não, acaba por culpar a Deus (que no fim das contas, permitiu o sofrimento). É muito comum olharmos para o sofrimento do outro e pensarmos algo como "Não é justo, ela(e) é uma boa pessoa, não merece passar por isso!", e nos esquecermos que vivemos num mundo caído, no qual o nosso padrão de justiça é falho e fadado as nossas limitações. Enquanto enxergamos a situação de forma imediata, uma microvisão, Deus, cujo padrão de justiça difere do nosso, enxerga tudo de um plano eterno, não linear e infinito, uma macrovisão. Além disso, ninguém é realmente bom para o padrão divino, somos justificados e chamados de filhos apenas e tão somente pela obra redentora de Jesus Cristo na cruz do Calvário, e esta justificação é para os que creem.
A difícil verdade a ser encarada é que vivemos num mundo caído, segundo a Palavra: um mundo que está sendo sepultado com o mal, que não compartilha da glória de Deus, ou seja, um mundo imperfeito. E vemos isso o tempo todo, é tanta mazela, tanta injustiça, que a Palavra afirma que o amor de muitos dos que creem em Deus esfriaria nos últimos dias justamente por culpa da multiplicação da maldade sobre a terra. Outro ponto, é que o sofrimento é, sem dúvida, uma das maiores escolas de aprendizado e maturidade que o ser humano pode experimentar.
Desde os tempos de filósofos como Aristóteles e de apóstolos como Paulo as reflexões sobre o mundo em que vivemos compreendem que o que vivemos agora é um rascunho do que deveria ser, um "borrão", uma obra incompleta, e assim somos nós também. Então, quando alguém erra e nos causa dor, o que é preciso é ter compaixão, porque só Deus pode mesmo dizer qual seria a nossa atitude se fôssemos nós no lugar do outro. Não devemos nos conformar com o erro, porém devemos perdoar. Ser humano é isso: estamos sujeitos a falhar e decepcionar aos que amamos. Estamos sujeitos a quebrar o juramento que fizemos no casamento, as juras de amor, a abandonar a aliança estabelecida porque não conseguimos passar pela prova a que fomos submetidos. Estamos sujeitos a romper com aquela amizade que tinha laços mais profundos que os sanguíneos. Estamos sujeitos a falhar como profissionais e a jogar fora oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Estamos sujeitos a falhar nas mais diversas áreas, porque é assim que somos tantas vezes, falhos, essa é a nossa natureza, e embora eu acredite que fomos colocados sobre a terra para nos elevarmos acima da nossa natureza carnal, de nossos instintos, não acredito nem por um segundo que possamos fazer isso sem a ajuda íntima e próxima de Deus. Tenho caminhado no Evangelho há alguns anos e ainda assim não há um só dia em que não falhe, em que eu não fique abaixo do que eu gostaria de ser para Deus e para as pessoas que amo. Contudo, não consigo imaginar como viver sem ele e isso me faz ter compaixão ainda maior para com o sofrimento do outro.
A dor da decepção é legítima quando alguém nos machuca. Mas não podemos permitir que o sofrimento seja maior do que o necessário. E também precisamos aprender que não podemos ser Deus na vida das pessoas. Não podemos decidir e escolher por elas.
Resta-nos, por fim, orar. Orar por aqueles que sofrem, orar por aqueles que nos causam dores e decepções, orar para Deus nos fortaleça e cure nossas próprias dores. Orar para que a vida de Deus gere cada vez mais vida, discernimento e luz em nosso espírito e que assim, nosso fruto seja bom e irradiemos vida aos que amamos e aos que convivem conosco. Orar sem esperar respostas aos "por quês", pois não há garantias de que serão respondidos. Mas podemos confiar que Deus vê, ouve, está presente e age. Muitas vezes pensamos que Deus é um Deus distante, que não se importa, porém acredito que a percepção de um Deus distante tem mais a ver conosco, como nos relacionamos com Ele, do que com o Deus que Ele é. A essa altura, já compreendi que todas as vezes em que me senti abandonada por Deus, me parece que o bloqueio era muito mais meu, da forma como eu o concebia como Deus e como achava que ele deveria agir, do que como ele realmente é.
A Bíblia, por fim, não explica todas as mazelas desse mundo, ou porque determinadas coisas acontecem com uns e não com outros (principalmente com aquelas pessoas que consideramos boas), mas ela afirma que Jesus Cristo veio ao mundo justamente para nos resgatar de todo esse mal. Nos resgatar do reino das trevas para o seu reino de amor.
Hoje vemos e vivemos num rascunho. Haveremos de viver a plenitude do Reino de Cristo, plenamente estabelecido num mundo justo e totalmente restaurado.
Enquanto isso sofremos sim, e muito, é verdade. Mas insisto em que é preciso que tenhamos fé em Jesus e esperança de que Deus há de nos guardar e auxiliar em todo sofrimento. Restando-nos essa fé, temos tudo para enfrentarmos qualquer dor, decepção ou tempestades na jornada.
"Ouve, ó Eterno, estou chamando com toda a minha força: "Sê bondoso para comigo! Responde-me!". Quando meu coração sussurra: "Busque Deus!", todo o meu ser responde: "Agora mesmo". Por isso, não te escondas de mim! Tu sempre estiveste por perto para me ajudar: não vires as costas para mim agora. Não me deixes de fora, não me abandones: tu sempre mantiveste a porta aberta. Meu pai e minha mãe foram embora e me deixaram, mas o Eterno me acolheu.".
(Salmo 27:7-10 A Mensagem)
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Caminhando, às vezes, com pequenos passos, mas sempre necessários!
#2 Andréa Cerqueira
Caminhando, às vezes, com pequenos passos, mas sempre necessários!
#2 Andréa Cerqueira
É necessário permanecer
ResponderExcluirÉ necessário ter fé!
É necessário ler textos assim! ;)
Deliciosa reflexão mana!!
Que o PAIZINHO promova paz e tranquilidade aos que lerem!
Amém Nohzinha querida!
Excluir=]
Eu estava pensando em algo parecido nessas últimas manhãs. Dor, decepção e sofrimento fazem parte dos seres humanos que estão vivos, mas seja em maior ou menor grau...Deus cuida de todos, deixei de questionar Deus dos porquês de tantas coisas na vida pois...Ele sabe bem mais do que eu, então que seja aquilo que Ele quer para nós, pois sempre é o melhor, mesmo nós não enxergarmos no momento ruim.
ResponderExcluirDe novo, os textos de vocês são incríveis, parabéns Andréa.
Sim Léo, é bem isso, ele cuida!
ExcluirE acredito que no fim, todas as coisas cooperam para que aprendamos!
Obrigada, em nome de todas nós, Meninas do Reino, por elogiar nossos textos... Aqui nós nos derramamos!
=]
Abraço Léo!
"Ouve, ó Eterno, estou chamando com toda a minha força: "Sê bondoso para comigo! Responde-me!". Quando meu coração sussurra: "Busque Deus!", todo o meu ser responde: "Agora mesmo". Por isso, não te escondas de mim! Tu sempre estiveste por perto para me ajudar: não vires as costas para mim agora. Não me deixes de fora, não me abandones: tu sempre mantiveste a porta aberta. Meu pai e minha mãe foram embora e me deixaram, mas o Eterno me acolheu.".
ResponderExcluirOuve, ó Eterno!!!
ExcluirAmém maninha!!!
NVTA!!!
Amém.
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