quinta-feira, março 17, 2011

A menina e os lobos - parte 1


Era uma vez uma menina, simples, mas não comum. Como a maioria das meninas, ela era esperta, mas não maliciosa, possuía ainda o brilho nos olhos e o encanto pela vida. Tinha um coração cheio de sonhos, muitas vezes transbordando poesia e alegria. Era romântica como costumam ser as meninas, mas estava ciente que se príncipes existiam, estavam realmente muito encantados em algum canto por aí.
A menina gostava de falar, de se comunicar e explorar novos territórios. Um dos lugares mais atrativos era uma terra sem chão, sem céu e muitas vezes até sem lei. Era de uma vastidão impossível de ser definida, cheia de mistérios, encantamentos e perigos escondidos. Era também cheia de novas amizades a serem feitas, novos conhecimentos a serem adquiridos e muitas descobertas a serem alcançadas. Chamava-se terra virtual.

E assim, caminhando pela terra sem chão e sem céu, ela foi conhecendo pessoas. É importante dizer que a menina, como já dito, era simples, mas não comum, pois era uma menina-ovelha que pertencia a um especial e digno Pastor que a guardava e a amava com desvelo. Tal pastor era o Leão de uma tribo distante e acompanhava cada passo que a ovelhinha dava, mas a respeitava em suas escolhas e caminhos e a socorria quando a mesma corria para lugares perigosos, que por vezes a feriam. Ele também a advertira acerca dos "lobos". Disse a ela que haviam muitos em pele de ovelhas, que falavam em Seu nome, mas que na verdade não O conheciam. Ela ouvia tais palavras e guardava-as no coração, mas ainda não tinha a plena compreensão do que elas podiam significar.

E assim, ela prosseguia em seus dias, em suas descobertas, questionamentos e crescimentos. Normalmente meninas têm mais dúvidas do que certezas e essa da história não é diferente da maioria. Um dia apareceu alguém especial em suas andanças pela terra virtual. Ele se mostrou receptivo, dizia ter muito amor pelo Pastor e a tratava com uma especial deferência que a encantou. A mesma até pensou: teria ela achado um príncipe verdadeiro? Será que era verdade que eles existiam? Ela então gastou muitas horas com esse alguém que parecia ser especial. Conversavam muito e de muitas coisas (algumas bonitas, outras nem tanto) e ambos pareciam estar encantados. Rapidamente ela se apaixonou, pois era tratada como uma princesa, sendo cheia de mimos e ardentes declarações. Mas, assim como rapidamente veio a paixão, rapidamente chegou a desilusão. Era tudo engano, mentira. Ela experimentou algo que ainda não provara em tão altas doses: a falsificação, o desprezo e o utilitarismo dos sentimentos humanos. Descobriu que não era especial e tampouco única. Segundo algumas pessoas a alertaram, o tal príncipe – que passou a ser chamado de lobo-cantor - já era casado há muitos anos com outra princesa, que vivia uma vida de constantes traições. A menina-ovelha ficou muito triste e assustada. Como poderia alguém que falava tanto em nome do bom Pastor ser tão fingidor? Lembrou-se então do alerta de Seu protetor e tentou se aquietar, era preciso esperar seu coração sarar.




Um outro amigo que a acompanhava de longe em terras virtuais, ficou sabendo do que acontecera à menina e muito piedosamente se aproximou para ajudá-la. Ele mostrou compreensão, afeto, carinho e respeito. Parecia ser tudo o que ela precisava no momento. Ela precisava ter a certeza de que nem todos eram lobos disfarçados e que ainda existiam pessoas sinceras e que desejavam realmente amar e não usar o próximo. O tempo foi passando, as conversas se aprofundando e algumas atitudes do novo amigo pareciam um pouco estranhas. Ela atribuía a desconfiança aos seus recentes machucados, que pareciam querer turbar sua visão, afinal de contas, ele já se revelara um homem casado e bem conceituado nos trabalhos ligados ao Pastor. Mas a desconfiança de que ele pudesse ser um lobo-jornalista foi maior e por medo, a menina-ovelha se afastou.

A terra virtual é vastíssima, mas produz encontros e coincidências para lá de interessantes. Aconteceu da menina-ovelha conhecer outra menina que também tinha sido amiga do seu piedoso amigo. Começaram a conversar, se relacionar e descobriram que possuíam amizades em comum e foi através disso, que a menina-ovelha soube que o solícito amigo era mesmo um lobo, o lobo-jornalista. Ele havia alimentado expectativas e emoções na vida da outra menina. Havia feito a mesma sair de sua cidade para ir ao seu encontro, prometeu-lhe amor, mas a mesma viveu apenas frustração e dor. Isso chocou a menina-ovelha. Seria possível topar com outro lobo tão rapidamente após o primeiro? O lobo-jornalista conhecia a sua história, condenava o lobo-cantor e de repente ela descobria que o mesmo tinha atitudes senão iguais, talvez piores. Por um lado aliviou-se por ter se afastado em tempo, por saber que seu medo e desconfiança não eram frutos da imaginação, mas a tristeza novamente consumia seu peito.


(continua...)


4 comentários:

  1. Infelizmente, um conto que pode ser a realidade de muitas.
    Felizmente, Deus cura feridas e restaura.
    Bjos, mana!

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  2. Este conto leva as pessoas a refletirem e a ficarem mais atentas.Gostei!Abraços!

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  3. Obrigada por tratar de algo que ainda me dói muito de forma tão singela e carinhosa. O encontro desse blog foi um presente gracioso de Deus pra mim! Sou um menina desse reino e continuo minha caminhada um dia de cada vez, alguns melhores outros nem tanto mas feliz pela oportunidade de viver cada momento. Abraços pra vcs!

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  4. Nossa e como acontece, gente maliciosa e cínica sempre haverá de existir por aí, que não se importa nem um pouco com os sentimentos alheios, descobre suas fraquezas e usa de palavras lisojeiras e mentirosas para encantar com lábia que parece vir do próprio Inferno, transformando a vida do outro, ingênuo e iludido no INFERNO ainda maior..desfazendo sonhos, frustando esperanças e desacreditando no amor..
    O bom que Deus é pastor verdadeiro que ampara e cuida mesmo depois de tudo..


    Shalom

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