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sexta-feira, dezembro 12, 2014

Nosso último post!


Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão
Glória Hurtado

“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.”

(Gloria Hurtado)


Olá queridos e queridas desse espaço virtual que há muito já chegou ao seu tempo “final”. Nada melhor do que a poesia que tanto nos inspirou para encerrar e explicar (?) esse tempo. Nunca escrevemos por obrigação, por ibope, por dinheiro. Sempre priorizamos o relacional, a individualidade e a singularidade de cada uma das “Meninas do Reino” e hoje somos meninas crescidas, embora sempre meninas, embora sempre do Reino Dele, amadas e amparadas nos braços Dele que é e ponto final.

Hoje cada uma com suas escolhas, caminhos, prioridades. Algumas dando continuidade às atividades virtuais, outras mais focadas no “real”. Não importa! Importante mesmo é sabermos fechar portas, reconhecer ciclos – iniciais e finais e esse blog tem agora o seu “The End”, o seu “That’s all, folks!”, o seu “gran finale”, talvez sem o “gran”... risos. O que importa é que é preciso embalar em laço de fita e com toda a ternura do coração esse espaço que tanto fez por nós e por muitos próximos ou distantes de nós.

O site continuará no ar, flutuando como uma cápsula de um tempo de recordação, como jóia guardada em caixinha de veludo. Algo a ser recordado, discordado mas que foi plenamente vivido e amado.

Creio que todos têm acesso aos canais de comunicação de cada uma das componentes do blog e qualquer coisa nos escrevam por aqui. Em algum momento prometemos vir “espiar”.

A página do Facebook será deletada ou ficará como este espaço aqui, embalada, lacrada. Sem movimentos! Agradecemos as quase 10 mil curtidas por lá e ao mais de meio milhão de pessoas que passaram em nosso blog/site por aqui. Aos amigos e (i)nimigos conquistados (risos). Enfim, já escrevi demais, assim como costumo falar demais, sentir demais,  sou ou somos todos um pouco “over, baby”!

Com amor e gratidão,

Roberta Lima
12/12/2014

quinta-feira, março 27, 2014

Uma menina do reino...



Há muito tempo atrás, bom, na verdade, nem tanto tempo atrás, Deus planejou algo que deixaria toda uma família surpresa.

Sua mãe era ainda muito jovem e não havia planejado o que aconteceria, mas como falei ali na primeira frase desse texto: Deus planejou. Deus quis.

Toda vida que existe. Todo ser que respira, existe e respira porque Deus quer. Por sua permissão, por sua graça e porque acredito que há planos e propósitos para essa pessoa cumprir sobre a face da terra.
Não foi diferente com essa menina que agora estou contando a história.

Apesar da inesperada chegada. Tudo se iluminou. Choro de bebê enchendo a casa. Cheirinho de bebê por todos os cantos. Fraldas. Berço. Roupinhas. Sapatinhos. Tanta coisa envolvendo aquele ‘serzinho’.

A emoção de seu nascimento é inesquecível. Uma de suas tias chorou tanto de alegria que acharam que era a mãe e não a tia.

As tias se esmeravam em cuidar. Uma viajava e trazia vestidos. Outra levava para a escola. A mãe se desdobrava entre trabalho e faculdade e os cuidados com a filha. Seus jovens avós abriram um mercado e o batizaram com o nome da neta, tamanha a alegria que os envolvia. Seu pai de coração chegou um pouco depois, mas é o melhor pai que Deus poderia dar a uma menina e ela sabe disso, demonstra isso e mais do que tudo: o honra por isso.

E como o tempo passa num piscar de olhos, o bebê foi crescendo. Algumas peraltices, normais em todo o bebê, também aconteceram com ela. Lembro-me da vez em que a menina caiu ‘de boca’ e um dos dentinhos penetrou a gengiva e ‘sumiu’. A boquinha inchada pelo tombo, os olhinhos vermelhos de chorar pela dor e a avó chorando junto, inconformada, pois não achava o dente, pensava que tinha sido arrancado, saltado e se escondido em algum canto da casa. No outro dia, o dentista mostrou que o caso não era tão complexo e logo o dentinho desceu e hoje a menina tem dentões fortes! Coisas de criança que deixam com o ‘coração na mão’ toda uma família.

Tiveram outras coisas, como as alergias, uma internação por bronco-pneumonia às vésperas de um de seus aniversários, mas de mais a mais, foi tudo se passando tranquilamente.

E como as coisas costumam passar rápido demais, hoje esse bebê que brincava de ‘pregar’ para suas bonecas, que tinha os cachos mais lindos da face da terra, que fala por todos os cotovelos desde que aprendeu a falar e que é um dos seres mais doces que esse planeta já enviou a terra faz 15 anos.

Sim, como diziam os antigos, é o seu ‘début’, sua estreia como moça perante a sociedade. Uma moça linda, estilosa, cheia de amigos e que conquista a todos com seu jeito de ser. Essa pequena tem vivido muitas coisas, passado pelas fases da adolescência, descoberto de forma pessoal a fé e o caminho que lhe foi ensinado desde a infância e se transformado em uma autêntica menina do Reino.
Essa pequena é gigante em sorrisos, gargalhadas, alegria, beleza, fé e amor.

Essa pequena, que ocupa um lugar gigante no coração de sua família e dessa tia babona que vos escreve, está hoje ‘de niver’ e sua tia está longe e não poderá lhe dar um abraço e nem lhe pegar no colo, como o fez há 15 anos atrás, mas as lágrimas estão aqui presentes enquanto ela escreve essas poucas linhas.

Minha pequena, apesar da distância física que hoje nos separa, o afeto, a fé e o w’app (risos) que nos une faz com que sigamos juntas, ainda que estejamos longe. Apesar de nossas implicâncias mútuas, você é a minha princesa, a minha primeira sobrinha, a minha afilhada ‘roubada’ pela tia Vanessa porque eu estava longe (de novo) estudando. (Olha o trauma!)

Essa sua tia que estuda tanto, que muitas vezes está morando longe, que às vezes, quando por perto, também está longe por conta de tantos compromissos que assume, enfim, essa sua tia que trocou muitas fraldas suas (eu tinha que escrever isso...risos) te ama muito e deseja a você um lindo dia de aniversário, um caminho lindo na presença do Pai, uma vida cheia de realizações e que você mais e mais se aperfeiçoe nos dons e talentos concedidos por Deus a ti. Seja sempre assim: linda, livre e feliz!

Seu sorriso nos ilumina e sua vida nos abraça.

Com todo o amor do meu coração,

Tia Roberta

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

...

E não é que a vida tem dessas coisas? Quanto mais alguns torcem contra, mais os ventos sopram a nosso favor?

Roberta Lima

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

A alma que não me cabe





E tem horas que a alma não cabe dentro da gente.
Não cabe em espessura.
Não cabe em largura.
Também não cabe em doçura ou em amargura.

A alma que nos cabe esquece-se de que precisa caber dentro de um corpo.
Angustiada ela empurra paredes internas.
Sufocada ela nos avisa que o grito entalado precisa sair.
Presa nos diz que é preciso desatar o nó da garganta.
Apertada nos ensina que é precisa aliviar o coração.
Pesada avisa que é preciso jogar fora a bagagem.
Acorrentada nos pede liberdade de correr, saltar, voar.

Ser livre.
Ser maior.
Maior que nós.
Maior do que nossos entrelaçados nós.

Não prisioneira de medos.
Não ajustada ao ir, vir, ficar, permanecer, cumprir.

A alma nos chama a brincar, a nos enlevar.
A preocupação que cabe dentro da gente.
A dor que cabe lá dentro.
Todos os compromissos mentalmente  anotados.
Ela nos avisa que isso a aperta,
Que assim ela sufoca.
Que assim a alma que nos cabe já não cabe
Que liberdade é mais que vontade
É jeito de caber dentro da gente de um modo diferente.

sexta-feira, janeiro 31, 2014

Aprendiz de mim #13: a questão das sementes



Viver é também aprender. Apreender. Ensinar. Trocar. Deixar por vezes a banda passar, a música tocar, seguir o fluxo, olhar os ventos, deixar livres os pensamentos. Todavia, há horas em que  alguns aprendizados merecem ser registrados. Algumas experiências da existência merecem ser anotadas para que o correr da vida que há tudo leva de roldão, não nos deixe esquecer o que é preciso lembrar e por que não, relembrar?

Parei a pensar sobre as sementes há algum tempo. Os caminhos que me levam até elas são dos mais variados.

Posso dizer que 2013 me ensinou que não saímos pelo caminho sem sementes. Ensinou-me ainda que as mesmas são aradas em terra seca e que a chuva necessária na estação devida vem em um tempo que não pertence a mim.

Aprendi ainda a importância de semear e saber esperar. Esperar a terra pronta, as águas virem, a semente brotar.

Aprendi sobre a qualidade das sementes.

Aprendi que algumas crescem  rápido e que produzem belezas fugazes. Outras parecem que não vão irromper a terra escura, sufocante e quando se levantam frágeis sobre a superfície da terra, necessitam de cuidados especiais, pois se arrancadas assim com raízes pequenas são facilmente alvos de destruição.

Aprendi que semente também floresce e que algumas voam e se fecundarão em lugares inimagináveis.
Apendi que muitas vezes caminhamos como disse o salmista, levando a preciosa semente, andando e chorando e temos que carregar em nosso coração a fé que diz que voltaremos com alegria, trazendo os feixes da colheita em nossas mãos.

Aprendi que pragas podem vir para destruir nossa lavoura e que por vezes perderemos tudo ou quase tudo, menos a força para continuar a semear.

Aprendi que há sementes falsificadas, cujas cópias são quase idênticas à verdadeira, mas cuja essência pode ser mortal.

Aprendi que não colhi ainda tudo que plantei. Que algumas coisas talvez jamais colherei. Que por outras ainda algum tempo esperarei .

Aprendi por fim que todos os dias é preciso levantar, tomar um punhado de sementes de sonhos e sair pela estrada a caminhar. E que algumas sementes se plantam com risos e outras se adubam com lágrimas.Mas que o importante mesmo é semear.

Aprendendo sobre sementes, terras e colheitas,


Roberta Lima

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Como ver a dor e não se comover?


Como ver a dor e não se comover?
Como ver?
Como viver?
Como conviver?
Como não se ver no outro?
No semelhante tão diferente?

O grito silencioso dos desvalidos.
O tormento dos incompreendidos.
O choro sufocado e reprimido de tantos perdidos.
Perdidos de si.
Perdidos em si.
Perdidos aqui e ali.
Alheios às dores do humano.
Estranhos à frágil humanidade.
Vazios de sentido.
Vazios no sentir.
Na sofreguidão de possuir, as mais variadas injustiças tendem a consentir.
Como não sentir?
Como não se ressentir?

Como não esmorecer diante do vago mundo?
Vasto mundo por vezes tão vagabundo.
Como ser interrogação em meio a tantos pontos finais?
Como ver tantas perguntas sem respostas?
Como viver com tantas inquietações?
Como conviver com tudo isso que lacerantemente dói?
Vida que dói e corrói.

Como viver com paixão?
Como exercer compaixão?
Como ver e não se comover?

Como conviver?
Como viver?
Como simplesmente ser?

Roberta Lima

Poesia do dia:

...Meu Deus, por que o mundo me comove tanto? É só dar dois, três passos, ver o olho do cavalo, o olho da vaca, ver o homem meu Deus, o homem, esse abismo mais fundo que me come, meu Deus, a memória tristíssima de tanta inocência, como  eu gostaria de arrancar a minha pele sem medo e mostrar meu todo para o outro.(Hilda Hist)

Oração do dia:

Que possamos ver a dor, nos comover e assim nos mover, como o Mestre, que movido por íntima compaixão tocava ao seu próximo.

quinta-feira, setembro 12, 2013

Nina, me-Nina

E hoje o dia é todo dela.
Uma estrada nova pela frente.
Um ano novinho em folha de vida a ser belamente vivido.
Bela é palavra que combina com nossa bela me-Nina.
Me-Nina de coração belo, sonhos belos e bela história da qual ainda não sei tanta coisa assim.

Coração de me-Nina.
Alma de Mulher.
Vida de gente grande.
Independente de quase tudo.
Dependente da graça Dele sobre sua vida.
Forte e frágil.
Narniana-espartana-fênix (como diz Nozinha).
Gêmea de voz (como diz Si).
Doçura em forma de pessoa.
Beleza em forma de mulher.

Leve de alma.
Sonhadora segue pela estrada.
Lutando, crendo, conquistando.
Suspirando com versos, filmes, músicas e romances.
Ela é toda linda.
Essa me-Nina, cuja 'sina é ser menina'.

Mana, agora vamos para a prosa, meus versinhos estão simplezinhos, mas tentam de forma singela transmitir meu carinho e apreço pela sua vida. Que tudo lhe vá bem hoje e sempre. Felicidades. Parabéns! Um super-big-hiper-mega aniversário pra ti. Amo sua vida, gêmea s2

Beijos no coração e abraços de alma!

Roberta Lima



segunda-feira, setembro 09, 2013

Mania de céu



Mania de céu estrelado.
Mania de Sol estalado.
Mania de ficar triste quando o céu é nublado.
Mania de achar que céu chora em forma de chuva.
Mania de conversar com o céu.
Mania de me calar diante do céu.
Mania de olhar o céu e suspirar.
Mania de querer voar!


Roberta Lima

segunda-feira, agosto 12, 2013

Do jeito mais simples



Ela costuma dizer que é Carla Cristina, tudo com "C", do jeito mais simples.
Seu lema é assim: "simples assim".
Simplicidade que como ela mesma disse não se confunde com simploriedade.
Simplicidade que como já falou por nós a Lispector: "só se alcança através de muito trabalho".

Simplicidade que se revela nas preferências por penas, couros e tranças;
Simplicidade que é o máximo da sofisticação;

Ela é do jeito mais simples a cultura em pessoa;
Ela é do jeito mais simples a alegria e a molecagem em pessoa;
Ela é do jeito mais simples, alguém que já foi moída algumas vezes pela vida e como a cana-de-açúcar, só se tornou mais doce a cada moagem*;

Ela é do jeito mais simples, uma menina de 1,75 de altura;
Ela é do jeito mais simples alguém que tropeça com leveza;
Ela é do jeito mais simples uma belíssima mulher de sorriso aberto, riso franco e de uma fragilidade que não quebra nunca**

Ela é do jeito mais simples um espírito crítico e agudo;
Ela é do jeito mais simples uma discípula do caminho estreito que passa ao largo da religião.

Ela é do jeito mais simples, mãe, irmã, filha, amiga.
Ela é do jeito mais simples a timidez e a ousadia em pessoa;

Ela é e ponto.
Simples assim.
Amada assim.
Bela assim.

Sim, Carla Cristina com "C" é assim.

Feliz Aniversário minha amiga-irmã!

Te amo, do jeito mais simples e verdadeiro que pode existir!

Roberta Lima

*Dom Helder Câmara
**Carpinejar

quarta-feira, julho 24, 2013

Chora o choro

O gosto do choro é o gosto da gente
Gosto da gente com sabor de água salgada
Lágrimas que rolam
Sentimentos que se desenrolam

Nem sempre gosto do gosto do choro
Gosto amargo quando o coração está desassossegado
Gosto diferente quando é a alegria que irradia pelo coração da gente
Choro o choro e ele me lava

Chora gente que é gente
Gente que sente o gosto da vida
Gente que sente o gosto da morte
Chora gente que sente

Chora o choro
Choro, chora
Soluços
Pausas
Cansaço
Calma

Choro longo
Choro curto
Choro meu
Choro seu
Nosso choro
Talvez nosso tesouro

Choro tanto
Choro tão pouco
Choro por graças e desgraças

O menor verso do maior livro diz:
Jesus Chorou.

Até Deus chora
Choro divino
Choro sagrado
Choro lá do alto entoado

Choros que regam sementes
Sementes mortas pelo abafamento da terra
Choros que ressuscitam
Choros que tudo falam
Choros que nada explicam

Choro de criança
Choro de adulto
Choro de gente madura


Choro embutido em nosso nascimento
Lágrimas que nos regam nos primeiros momentos da vida
Choro que às vezes é companhia
Choro que pode durar noite e dia

Choros presentes
Choros ausentes
Choros

Lágrimas que se vão
Histórias que se desenrolarão
Choros que contam contos
Choros que ainda virão

Conjuguemos o verbo chorar
Deixemos que as lágrimas venham a rolar
Sinal é de que ainda aprendizes do humano estamos a nos tornar

Roberta Lima



"Quem sai com a cesta de sementes chorando, enquanto anda, voltará carregado de feixes de espigas, gritando de alegria" Sl 126:6 [Bíblia Viva]

domingo, junho 09, 2013

Quem roubou nossa coragem?

Eu sei que muitas vezes, assim como Renato Russo cantou, nos perguntamos:

- "Quem roubou nossa coragem?"

Sinceramente às vezes encontro a resposta e tomo a "coragem" de volta. Outras tenho que pedir a Deus que a faça renascer em mim, pois sou daquelas sonhadoras incorrigíveis que acredita, sim, que outro mundo é possível.

Finalizo meus pensamentos com Edgar Morin que sabiamente nos ensina: [...] estejam onde estiverem, lutem pelas mutações, quer elas tenham dimensão global ou local”.

#ALittlePrayer: Deus, que tenhamos força para lutar pelas mudanças que queremos ver, ser ou ter...


segunda-feira, junho 03, 2013

O suficiente nosso de cada dia nos dai hoje

Andando pela rua, me vieram a mente os versos da oração do Pai Nosso que assim dizem: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”.  Fiquei pensando: Por que Jesus, ao nos ensinar a única oração realmente intitulada como sua nos evangelhos, escolheu o pão? Por que não o boi nosso? O rebanho nosso? A floresta nossa? Enfim, coisas mais abundantes e grandiosas e que nos levariam automaticamente a uma maior serenidade.

Grifo o automaticamente porque é hoje assim que vivemos muitas vezes, “no automático”, sem muita reflexão, sem muita indagação, apenas no afã de termos bem mais do que sermos (jargão batido) e não termos apenas o suficiente, mas o acúmulo. A era pós-moderna ou seja lá como a queiram definir sociologicamente, nos leva  à sofreguidão do acúmulo, o que torna a própria oração do “Pai Nosso” obsoleta. Só pão? Não!

Não queremos o suficiente, queremos muito mais. Queremos nossas despensas transbordando, queremos consumir seja ao custo do planeta, ao custo de nossas saúdes, de nossas famílias e o que mais vier incluso no pacote chamado “vida”.

A própria teologia arrebatadora de corações e mentes informa que sinal da “benção de Deus” é ter. Mais uma vez o consumismo tomando centralidade onde deveria haver cristocentricidade.

Reflito em muitas de minhas inquietações e de muitos companheiros de jornada e percebo que muitas delas revelam contornos da ausência do “ter”, da cobrança por às vezes não querer mas “dever-ter”. Engraçado que aprendi nas aulinhas da faculdade de Direito dobre o “dever-ser” e hoje me pego pensando em tantos quantos vivem a ansiedade do “dever-ter” e todo o caos existencial que daí advém.

Ansiedade, medo, culpa, descontrole, pânico, bipolaridade, é a humanidade sendo levada aos limites da resiliência não por condições climáticas adversas, não por guerras (não daqueles moldes que conhecíamos antigamente), mas pelo afã de consumir.

Olho para esse quadro trágico-patético do qual não me retiro e deixo as palavras do Mestre reverberarem em meu coração: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Lembro ainda do “famoso-esquecido” Salmo que diz: “O Senhor é meu Pastor e NADA me faltará”. Ele nos trará o suficiente e muitas vezes o mais do que suficiente. Por que não? Não nego a generosidade, afinal Ele é o Abba-Pai que entrega o melhor aos seus filhos.

E o melhor, não é necessariamente o mais numeroso quantitativamente. Não confundamos quantidade com qualidade.

O filho de Deus viveu como carpinteiro, nos declarou que muitas vezes não tinha onde reclinar a cabeça e ainda assim produziu a grandiosidade de ser falado e lembrado até os dias de hoje.

Que a volatilidade das riquezas, a ilusão dos bens materiais e a transitoriedade de todas as coisas possam aquietar os nossos corações, que não sejamos como os que correm atrás dos ventos, ou como o homem da parábola, que após juntar muito em seus celeiros, achou que TUDO estaria resolvido e o que ele ouviu? “Louco, esta noite te pedirão tua alma!” (Evangelho de Lucas, capítulo 12)

O que daríamos em troca de nossa alma?

Que não nos falte o suficiente para calma em nossa alma e que ao final de cada dia agradeçamos ao Pai Celeste não pelo que ainda não temos, mas pelo que já temos e que com toda a certeza é o suficiente, pois “basta a cada dia o seu próprio mal” e acrescento “o seu próprio bem também”.

Roberta Lima


domingo, maio 12, 2013

Gigante no coração


Essa é minha mãe...ela é pequenininha, quase um metro e meio, cravados!

Pequena na estatura, gigante no coração. 

Aqui em casa não tem essa coisa de presente só em datas especiais. Gostamos de nos presentar sem o menor motivo ou data especial. É assim: sem regra, sem peso, como deve ser o amor. Mas aproveitando essa data bonita que resolveram nomear como "dia das mães". Deixo aqui minha homenagem, meu carinho e meu sincero desejo de te honrar a cada dia de minha vida.

Te amo "pincherbull"!

Roberta Lima

quarta-feira, abril 17, 2013

Saudades




Ele: - "Camões se enganou. Amor não é fogo que arde sem se ver."

Ela: - "Como assim?"

Ele: - "Isso se chama saudade e arde mais que o amor."


Roberta Lima

terça-feira, abril 09, 2013

Do vigiar e do orar

 

Já nos redarguiu o mestre: vigiai e orai! Diante das inúmeras prédicas já feitas com base em tal afirmação. Ouso fazer mais uma. Talvez já feita, não o sei. Como já dito em Eclesiastes: “nada é novo sobre a terra”. Algo me chama atenção nesta frase: “vigiai e orai!” 

Ela é exclamativa. É imperativa, mas vejo mais! Percebo um chamado a uma espiritualidade sadia, equilibrada. Quantas e tantas vezes nos deparamos com pessoas ou até conosco em movimentos de espiritualização exacerbada. O clamor pelo transcendente inunda o humano desde sempre e isso é extremamente saudável e viável à integralidade de uma vida bem vivida. O problema é quando a espiritualidade tenta suplantar outras áreas também tão caras a nossa integralidade. 

Há fatos que não necessitam de clamor e oração e sim de ação. Outros que precisam de nossa atenção e discernimento e não de um sinal sobrenatural. Costumo falar do sobrenatural sinal chamado “lucidez”. 

Em tempos que tantos e tantas coisas tentam nos sequestrar da realidade. No qual real e virtual por vezes são confundidos. Onde consumismo ao custo da estabilidade planetária é confundido como marca da bênção de Deus. Enfim, neste contexto líquido e quase vaporoso de relações e ações. Finco o pé e a consciência à responsabilidade outorgada a mim de VIGIAR!

 É preciso olhar e mais do que olhar: enxergar. 

Relembro mais uma vez as palavras do Mestre que fala daqueles que “vendo não enxergam. Ouvindo não escutam”. 

Vigilância tampouco significa deixar-se guiar apenas pelo material. Até o profeta Ezequiel quando conduzido a um vale de ossos secos precisou “olhar os ossos” (vigiar) e então falar (orar) a palavra de Deus sobre aqueles ossos. 

Outro dia li que a verdade está nos extremos e compreendo o quanto tal afirmação vale às verdades espirituais. Precisamos vigiar = nos concentrar no mundo natural, nas circunstâncias, nos fatos. Precisamos orar = nos concentrar na realidade espiritual, no ainda inexistente, no não dito, no sem forma e vazio. 

Eis um desafio a ser perquirido por todos e todas nós!

 Grande beijo!

 Roberta Lima

sexta-feira, abril 05, 2013

Nunca imaginei que defenderia Feliciano...




Quem me  conhece um pouco ou quem conhece um pouco de meus textos, sabe o quanto a afirmação acima é verdadeira. Nunca me imaginei defendendo um tipo como Marco Feliciano. Em primeiro lugar por nutrir total ojeriza a sua teologia rasa, alienante e fundamentalista. Em segundo lugar, porque o vi pregando de perto e mais de uma vez, como boa consumidora da fé pasteurizada pentecostal e neopentecostal que um dia fui. Falo do que vi e vivi e do quanto tal senhor é por vezes um “ótimo contador de histórias” como ele mesmo gosta de se intitular, além de um showman do mais alto garbo e valor dentro do espetáculo gospel reinante em nossos dias.
Enfim, resistências pessoais e teológicas à parte. Não há como ficar indiferente ao que agora solapa os dias de Feliciano. Penso que ele deve sentir saudade das suas ovelhinhas e de seus circuitos pelos Gideões em Camboriú.
O que assistimos hoje é um descalabro à democracia e uma manipulação sem fim dos órgãos de mídia massiva. Lembro-me que há pouquíssimo tempo atrás correu um abaixo-assinado que coletou mais de um milhão de assinaturas requerendo a renúncia de Renan Calheiros à presidência do Senado e nada de manifestações populares e midiáticas como as ora vistas no caso Feliciano.
É público e notório que os mais diversos postos dentro do cenário político brasileiro são compostos não por técnicos ou pessoas capacitadas, mas por pessoas alinhavadas pelas mais diversas alianças políticas. Feliciano nada mais é do que um subproduto deste meio, que ainda conta com: Blairo Maggi, premiado como motosserra de ouro pelo Greenpeace à frente da Comissão de Meio Ambiente, além de Genoíno e João Paulo Cunha, condenados do mensalão, como membros da Comissão de Constituição e Justiça.
Esta é a guerra dos tronos, todos querem seu quinhão e infelizmente a bancada evangélica (fundamentalista ou não) é mais uma a se moldar ao status quo. Os valores do reino e os princípios de Cristo parecem esquecidos, mas por isso ninguém os condena. A condenação é porque foram falar do grupo LGBT, merecedor de meu total respeito, carinho e compreensão a respeito das reivindicações acerca dos seus inegáveis direitos civis, mas que assim, como nas mais diversas representações, tem perdido a mão em suas exigências.
Há que se respeitar Feliciano, Malafaia e suas opiniões. Elas não só falam contra os gays, eles falam contra divórcio, contra sexo antes do casamento e não vejo divorciados e nem “fornicadores”, levantando barricadas contra este grupo. Aliás, senhoras e senhores, Feliciano também representa uma minoria: a minoria dos evangélicos fundamentalistas merece proteção também. 

Como li outro dia no twitter, daqui há pouco quem não come porco (caso dos judeus e adventistas) será considerado “porcofóbico”. Digo mais, quem não come carne de vaca, será considerado “vacofóbico” e por aí vai. A liberdade de pensamento, de crença e de expressão, leva-me a respeitar e até defender aqueles que não pensam igual a mim. Aliás, como já foi dito por alguém que não lembro quem: “não preciso provar que o outro está errado, para mostrar que estou certo”. Ambos podem estar com a verdade, afinal de contas como já disse Leonardo Boff: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto.”

Seja uma ditadura evangélica fundamentalista, seja uma ditadura homoafetiva fundamentalista, enfim, se for DITADURA, quer Teocrática ou não, quer de esquerda, quer de direita, quer conservadora ou liberal, o perigo se acende. Nesse ponto, me obrigo a concordar com Reinaldo Azevedo que alertou em recente artigo que muitos gays estão sendo usados como massa de manobra. Pobres gays e evangélicos, sem notarem, se veem no mesmo barco.
Poderia falar mais, mas paro meu desabafo por aqui, desejosa de um pouco de sanidade e lucidez, pois a coisa já ultrapassou o ridículo há muito e enquanto isso, assuntos sérios e muito mais pertinentes continuam esquecidos e passando ao largo em nosso gigante e adormecido Brasil.

Roberta Lima