segunda-feira, junho 06, 2011

Jesus Moure: Religiosamente Cientista


Autor: André de Souza Carvalho
( Páginas 194 -195)
Evolução e/ou criação?
“Não foram poucas as vezes em que padre Moure fora questionado a respeito do papel da religiosidade em sua ciência ou do impacto de sua percepção “científica” do mundo na sua vida religiosa. Incompreendido tanto por religiosos que não admitiam os seus pensamentos a respeito da evolução das espécies como por alguns cientistas defensores do ceticismo e totalmente avessos à ideia da existência de um Deus criador, Jesus Moure nunca teve problemas para conciliar ciência com religião e, por grande parte de sua vida, dividiu seus trabalhos religiosos com a dedicação aos estudos científicos. E quanto a escolher ou acreditar em evolução da espécie ou criação divina, Moure ficava com ambas, acreditava que Deus criou uma natureza perfeita que permite sua evolução, a qual está sendo e será descoberta pelo homem. Ele não via problemas em sua carreira científica, afinal, conforme palavras do próprio, “Eu fui estudar criaturas de Deus, então não há incompatibilidade nenhuma.” 

Dessa forma, para o padre-cientista, ciência e religião nunca foram excludentes entre si, mas complementares. Ele defendia que Deus fez o mundo pela evolução e nós procuramos, conforme nossas possibilidades, reescrever a história desse mundo que é fruto da criação divina. Apenas tentamos descobrir como as coisas se fazem e “evoluem” de acordo com a lei de Deus:
“Porque não influímos em nada com nossas leis — seja em física, química ou qualquer outra área científica — são elas que preexistem. O fato de descobrirmos uma dessas leis não significa que a tenhamos criado, como faz por exemplo o Congresso Nacional. A atitude que sempre tive em relação à natureza é a seguinte: descobrir como é que as coisas se fazem de acordo com a lei de Deus. E a lei de Deus é a lei da evolução correndo no tempo. Apenas descobrimos como é que as coisas se fazem de acordo com a lei de Deus”.
Apesar de ter sido uma questão bem resolvida na mente do padre, ele admitiu que, quando começou a observar diretamente os animais e constatar profundas relações que havia entre eles, chegou a refletir e discutir a respeito da Teoria da Evolução em contraste com o criacionismo, especialmente após estar entusiasmado com algumas leituras. “Tive muitas discussões nas aulas de Filosofia provocadas pelas perguntas um tanto perturbadoras que eu fazia ao professor. Isso trouxe certos problemas no seminário.” Esses “embates” com religiosos continuaram após a ordenação de Moure, que teve atritos sérios com o arcebispo e com seu superior religioso. Tanto que acabou sendo expurgado da direção da Ação Católica em Curitiba, da Juventude Universitária Católica (JUC) e da Juventude Operária Católica (JOC). Dom Hélder Câmara, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, acabou fazendo mobilizações para afastar Moure de tais entidades:
Tive com todos eles discussões mais ou menos acaloradas, pois não tinham qualquer noção do que era evolucionismo, julgando-o uma coisa inventada por alguns cientistas para atacar a religião. Foram problemas que me atingiram no início de minha carreira científica.
Com o passar dos anos, provavelmente Moure percebeu que não era conveniente entrar nessas discussões...saiba mais Aqui

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