Fazemos de tudo para não sermos incomodados pelo menino que pede e pela moça que vende.
Será que ainda existe, em algum lugar, balanço de madeira e casa com varanda?
Vida boa, pra mim, é vida sem muros, sem grades, sem medos.
Vida que deixa o outro entrar, sentar pra almoçar, tomar café e contar histórias.
Pena que dia-a-dia, pouco a pouco, tudo em nós se torna cada vez mais só, mais solitário, mais silencioso.
Estamos cercados por muros, trincas e trancas que nos asseguram de que ninguém irá se aproximar.
Desconhecemos os nomes e os sobrenomes.
Pra nós, hoje, todo mundo é Silva.
Acabou a velha pergunta:
-De que família você é?
E a doce surpresa:
-Você é filha do Zé?! Olha, Maria, ela é filha do Zé! Aquele da quitanda, lembra?
Hoje falta vida nas ruas.
Falta vida na gente.
Por essas e outras que tenho saudade do tempo em que não havia muros, apenas pessoas e muita coisa pra contar...
Lu Poulain
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, crítica ou observação. Queremos saber o que estamos transmitindo a você.
Mas, deixamos claro que comentários ofensivos não serão publicados.