Comecei a descer aquele vale e vi que as pedras, espinhos e tocos eram muito mais ferozes do que a estrada que passei, mas meus pés calejados já não machucavam mais... e já não me importava mais com aquele tipo de dor.
Ao chegar no campo vi muitos trabalhadores escravos, eram infelizes zumbis, se é que existe algum zumbi feliz, mas enfim...
Comecei puxar lenhas e pedras como todos os outros trabalhadores, de repente uma mulher que estava a minha frente começou a passar mal, por estar há dias sem se alimentar. Corri em seu auxílio e no ato senti uma forte dor nas minhas costas, um dos soldados que guardavam aquele campo, deu-me uma chibatada que quase perdi os sentidos de tamanha dor.
Os olhos da mulher encontraram-se com o meu. Sorri que para que apenas me devolveu um olhar frio. Não fazia mal, eu não estava ali para ser amada, mas para amar!
Voltei ao trabalho e mais uma vez a mulher caiu... Olhei pra ela, estendi minha mão e lhe disse:
- Rápido, antes que o guarda volte! Ela estendeu-me a mão imediatamente, puxei-lhe e falei:
- Apoie-se em mim!
Ficamos de costas uma pra outra, ela encostada em mim para não cair.
- Apoie-se em mim!
Ficamos de costas uma pra outra, ela encostada em mim para não cair.
A noite fomos para o alojamento e ninguém conversava com ninguém, achava isso muito estranho!
Os dias se passaram e a mulher me falou seu nome, era Lis...
Lis e eu nos aproximamos timidamente... mas havia uma amizade entre nós que ia crescendo dia após dia.
Um dia os guardas deixaram o acampamento sem segurança alguma, porque ninguém se atrevia deixar aquele campo por estar num lugar extremamente dificultoso, por esse motivo algumas vezes abandonavam o campo em seu dia de folga. Qualquer um que saísse morreria no caminho.
Um dia disse para Lis...
- Você tem duas opções: ficar aqui e morrer ou seguir comigo pelo caminho e encontrarmos o Mestre da Vida!
- Não! Você enlouqueceu?!! Ninguém que saiu daqui sobreviveu, pelo contrário, todos que tentaram morreram nessa estrada! - respondeu ela
- Sim, imagino que sim, mas o Mestre me treinou para que eu viesse buscá-la e para que pudéssemos passar juntas pelo vale e pelo caminho estreito... Hoje seria um ótimo dia, já que os guardas não estão aqui!
Lis ficou pensativa, e me disse:
- Tem algo de diferente em você, e sinto que desde que chegou aqui se importou comigo de fato! Eu não posso mais trabalhar aqui, estou ficando muito cansada e doente, por isso vou arriscar e segui-la!
Fiquei tão feliz que mal me continha. Tomei suas mãos e a abracei longamente e juntas choramos...
De mãos dadas saímos daquele lugar em direção a estrada. Incrível que os zumbis que ali estavam começaram a falar e gritar:
-Vocês estão loucas não sobreviverão! Voltem, vocês morrerão na estrada!!! Voltem ...
-Vocês estão loucas não sobreviverão! Voltem, vocês morrerão na estrada!!! Voltem ...
Resolvemos não olhar para trás... Seguimos em frente, logo os pés de Lis começaram a sangrar e ela começou a olhar para trás querendo voltar.... Lis reclamava muito, enquanto o fazia lembrei de meus dias com o Mestre... apenas lhe segurei mais firme suas mãos e seguimos adiante!
- Por que seus pés não sangram? Me perguntou irritada... Apenas olhei pra ela, sorri e pensei: Mal sabe ela quanto já sangraram...
Ela chorava muito. Seus pés estavam sangrando demais e muito inflamados, no momento e lugar em que estávamos não havia lugar para sentar muito menis descansar... Chorei com ela. Era única coisa a fazer porque na dor não há palavras que consolem! Eu mais do que ninguém sabia o quanto os pés doíam naqueles percursos.
Lis começou a ter febre muito alta e delirar. Nessa altura não sabia o que fazer, me senti tao perdida que clamei ao Mestre. Em meu interior O ouvi dizer: Segue em frente filha e não temas.
Lis começou a ter febre muito alta e delirar. Nessa altura não sabia o que fazer, me senti tao perdida que clamei ao Mestre. Em meu interior O ouvi dizer: Segue em frente filha e não temas.
Andamos um pouco mais e logo avistei um arbusto de grama muito macia. Nos sentamos ali, botei seus pés em meu colo, rasguei um pedaço de minha veste e coloquei com ervas em seus pés, enquanto ela dormia.
Fui até o rio, tomei um pouco daquela água. Fiz um chá com algumas ervas que o Mestre me disse que seriam boas em alguns momentos da vida... Ela bebeu e voltou a dormir.
Enquanto ela estava ali dormindo caí em prantos compadecida por ela, porque sabia bem a dor que Lis sentia...
Fui até o rio, tomei um pouco daquela água. Fiz um chá com algumas ervas que o Mestre me disse que seriam boas em alguns momentos da vida... Ela bebeu e voltou a dormir.
Enquanto ela estava ali dormindo caí em prantos compadecida por ela, porque sabia bem a dor que Lis sentia...
Continua...
Di Luz Pockrandt
"caí em prantos compadecida por ela, porque sabia bem a dor que Lis sentia..."
ResponderExcluirIsso é quase impossível sentir a dor do outro ou ao menos compreender a dor. Mas entre o "quase" e o "impossível" existe Deus.
Di, estou amando de paixão ler o seu conto. Vou continuar contando os dias pra ler o próximo.
Bjs da Mel =]
Esse conto tem me inspirado bastante a entender algumas coisas...
ResponderExcluirAh, Luz, obrigada pela visita lá no blog.
ResponderExcluirVolte sempre que quiser !
"Nessa altura não sabia o que fazer, me senti tao perdida que clamei ao Mestre. Em meu interior O ouvi dizer: Segue em frente filha e não temas."
ResponderExcluirMaravilhosamente Lindo!
Di Luz Pockrandt, Amei muito seus contos. Estou esperando o próximo. Me encantaram. São maravilhosamente lindos.
ResponderExcluirOlá queridos!! Obrigada pela participação, muito bom saber que esse de alguma forma tocou vocês!! É um prazer escrever para o Mestre, Ele apenas usa meus dedos...
ResponderExcluirTem um pensamento de Roberta que é : Coma bastante lutas e suas palavras serão doces...
beijus...