Religião, você me seduziu, você me enlaçou, você me enlevou. Eu te conheci quando O conheci. Achei que você fosse como Ele, achei que você tinha os mesmos valores Dele. Não te achei perigosa, suas intenções me pareciam tão elevadas e nobres.
Pensei: mal em você não há, posso em você confiar e também contigo andar.
Assim começou a nossa história, parecia misturada a minha história com Ele, mas hoje percebo que era uma rota paralela. Apenas aparentemente próxima.
E nessa jornada contigo e com Ele prossegui. Às vezes achava que Ele estava a me conduzir, mas era por teus caminhos que eu estava a seguir.
Mas não me importava muito. Me alertaram que o caminho era estreito e imaginei que a estreiteza estava próxima as peculiaridades do teu ser. Continuei.
Fui avançando a passos largos, com isso você me entregou novas responsabilidades e me disse que era preciso executá-las impecavelmente se não quisesse sofrer nas mãos iradas Dele. Confesso que sentia medo, mas também sentia orgulho por ter sido escolhida para tão grande tarefa.
Religião, como você é orgulhosa e como era fácil deixar extravasar dentro de meu coração o orgulho, a vaidade, a impecabilidade da performance externa. Tenho que admitir: sua influência por vezes suplantou a Dele em mim.
Você me ofereceu cargos, títulos, honrarias e até nobres lugares, eu cedi. Abarquei tudo que você me dizia ser bom, correto, nobre e esperado de mim. Me consumi para agradar-lhe e saciar-lhe. Meu ser? Bom, esse quase foi ofuscado diante do teu brilho próprio.
Sim, Religião, você tem um brilho próprio, ainda que incomparavelmente menor ao brilho Dele. Outra coisa que é própria a você é o orgulho: orgulho próprio. Justiça própria também compõe algumas de suas singulares e inconfundíveis características.
E os anos se passaram... Ele sempre ali comigo, muitas vezes silenciado pelo ativismo que me envolvi ao me envolver com você.
Mas tudo tem limite, apesar de limites não serem algo que você queira aplicar a si mesma. O que você deseja é estender sua esfera de ação o máximo possível. Você limita, você escraviza, você distorce, você aterroriza mas tudo em prol do seu próprio crescimento. Ele tem um Reino. Você tenta igualá-lo, mas não passa de um feudo ou um gueto. Numeroso, grandioso, estrondoso, mas sem características de realeza: é gueto, é feudo. Não é REINO.
Você me assombrou, você me atormentou, você me culpou, você atou fardos pesados às minhas costas enquanto Ele sempre sussurrava e me convidava a tomar Seu fardo leve e Seu jugo suave. Mas minha compreensão estava enebriada pela tua presença tão próxima e aparentemente misturada à presença Dele.
Continuei prosseguindo, cansada, desanimada, amedrontada. Como te abandonar? Como renegar meus compromissos com você? O que os outros iriam falar? O que os outros iriam pensar?
Continuei, enquanto pude. Enquanto eu entendi ser viável e possível. Mas você sempre quis mais e mais. TUDO talvez ainda não seja o bastante para você.
Esmoreci, sucumbi e você não compreendeu. Aliás, o que é mesmo compreensão para você? Compreensão? Compaixão? União? Hum? Será que você sabe o que realmente isso significa?
É por isso e por mais outras que digo a você. De forma definitiva e irrevogável.
RELIGIÃO: EU QUERO O DIVÓRCIO
Já me separei de fato de você por tempo suficiente para ter certeza de minha decisão. Sim, quero o divórcio.
Errei a companhia no caminho. O noivo é Ele, não é você. Você é uma aberração ao tentar imitá-Lo, mas só agora plenamente compreendo tal fato.
Após nossa separação, minha interação com Ele tem sido intensa, forte e única. Ele tem curado as feridas que você me causou. Algumas ainda são profundas e dolorosas, mas Ele sabe que a cura pode levar tempo mas chegará. Encontrei em Seus braços abrigo, carinho e uma liberdade ímpar de ser amada tão somente pelo que SOU. Você nunca me tratou assim Religião, você me fez devedora de performances, rituais e liturgias. Ele me faz devedora da graça. Impagável a qualquer um. Escandalosa graça que me arrebata e me faz ama-LO e imita-LO mais e mais a cada dia.
Religião, eu não te quero mais, eu não sou tua mais. Eu quis e eu quero o divórcio. Já me comprometi por inteiro com Ele, que não apenas é meu noivo, mas meu amigo.
Não sei se você pode compreender esse amor, mas Ele definitivamente me arrebatou. Só posso ser Dele. Não quero mais atalhos ou caminhos paralelos. Por isso para o divórcio apelo.
Amada Dele,
Roberta Lima.
Chorei. Assino embaixo. Eu já pedi o divórcio também e não me arrependo um só minuto. Amando ser livre.
ResponderExcluirjá me divorciei há tempos e foi uma das melhores decisões da minha vida, agora continuo com a minha amada esposa e juntos casados com a Noiva ta bom demais já , haja D.R. viu .. rsss
ResponderExcluiradoro o blog de vcs, os melhores textos em anos surfando na net encontrei foi aqui!
Parabéns por mais um
@DanielBrianese
Nossa Daniel,
ResponderExcluirAgora o ego de cada uma de nós "Meninas do Reino" foi nas alturas - melhores textos?? Uau! Não é p/tanto...rs.
Mas é um daqueles comentários que nos dá ânimo para escrever mais e mais.
Muito obrigada mesmo!
PAZ e BEM pra ti e pra tua esposa, vivam sempre em harmonia entre vcs e com o Amado NOIVO.
=)
Nem sei mais o que dizer...
ResponderExcluirMeninas, vocês parecem meu "eco".
Tudo o que penso aparece revelado aqui!
Como disse minha amiga Débora DeBonis "já pedi o divórcio também e não me arrependo um só minuto. Amando ser livre."
Bjs
Bonita motivação, belo texto - em forma e conteúdo. Fico feliz que há bons cristãos como você que buscam fugir do que há de mal e buscar o que há de bom na religião, o religare que estabelece o relacionamento do homem com Deus. É bom buscar o que é vertical, purificando o horizontal.
ResponderExcluirEu não descarto certas liturgias ou hierarquias, afinal hierarquias foram criadas no Céu e vieram de lá para nós (uma leitura da Bíblia mostra isso com muita clareza e facilidade) e liturgias encontramos na própria celebração da Ceia instituída pelo Mestre, mas descarto o abuso nas hierarquias e o cerimonialismo frio de certas liturgias.
A Igreja institucional abençoou os pecadores por 2 mil anos e ainda há muita coisa boa que ela pode oferecer, acredito nela. Desde que suas motivações e seu coração estejam no lugar certo. O problema nunca foi e não é a instituição: é o coração do homem. Esteja ele em que modelo de comunidade de fé estiver carregará consigo o pecado e todo o mal que o afasta de Deus e machuca as pessoas. Não podemos é cometer o erro de achar que porque há certas igrejas, certos líderes e certas liturgias hipócritas e frias que todas são assim. Não são. Meu receio, amada, é que no afã de jogar fora a água suja da bacia joguemos também o bebê.
Seu texto é lindo. Só tenho muito medo de descambarmos das hipocrisias e do ritualismo do legalismo (vc sabe, para mim o que vc chama de "religião" eu chamo de "legalismo") para uma anarquia impensada, que vai levar muitos do que você chama de religião simplesmente para uma nova forma de religião. Lembre-se que a reação ao formalismo dos anos 50 e 60 foi o movimento hippie dos anos 70, que tinha uma proposta linda, "paz e amor", mas virou foco de depravação, sexo desenfreado e consumo de drogas. Destruiu muitos lares e muitas vidas. E influenciou os valores e o comportamento da sociedade de modo demoníaco até os nossos dias.
Para mim, o importante é alcançar o equilíbrio: fugir da hipocrisia e da frieza sem cair na anarquia e em modelos poéticos mas antibíblicos. Aí sim não cairemos para um lado ou outro, para fora das margens, mas seguiremos pelo meio, que é onde se encontra o Caminho estreito que nos conduz à Porta estreita.
Eu não me divorcio da religião (que por definição é simplesmente "culto prestado à divindade", é preciso usarmos corretamente as palavras), mas sim da hipocrisia de falsos líderes, do ritualismo insosso e inodoro de uma ou outra liturgia, das hipocrisias e de doutrinas antibíblicas. Por isso continuo frequentando a minha comunidade de fé (que orgulhosamente chamo de igreja, a eclésia, os chamados para fora do reino das trevas); sigo amando meus 3 pastores, que são homens de Deus honestos e simples; e valorizando incondicionalmente liturgias como a celebração da Ceia do Senhor, repetida segundo as palavras ensinadas por Cristo - que, queiramos ou não, estabelecem uma linda e celestial liturgia: o partir do pão e o compartilhar do vinho.
Obrigado pelas lindas intenções e por compartilhar sua visão pessoal do Reino, é um belo texto.
Um beijo carinhoso e fraterno, do teu irmão que te ama.
Mauricio,
ResponderExcluirMuito obrigada por postar teu comentário...é enriquecedora a tua visão não só para mim, mas para os demais leitores do blog.
Eu sei que tuas palavras são em amor e zelo pelas coisas do PAI e por isso as recebo com carinho.
Prometo continuar meditando nas tuas palavras e percepções! Estou em construção, lembra?
Bjs
Excelente texto, consegue exatamente expressar o que muitas vezes gostaria de falar sem encontrar palavras. O que seria do Reino sem a sensibilidade divina de vocês "meninas do reino" tenho e temos muitas coisas a aprender com vocês mulheres abençoadas e abençoadoras. Bjs.
ResponderExcluirPaulo...
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, fui lá no teu blog e vou "roubar" um post p/o Meninas...pode deixar que coloco fonte e autoria.
Bjs =)
kkkk, irmãos não roubam nada apenas pegam e não devolvem mais, na realidade tudo e vosso e nosso. Eu é que ficarei honrado em ter um texto meu postado aqui. Fiquem a vontade.Bjs
ResponderExcluirOlá meninas do reino, roberta em especial...
ResponderExcluirtenho acompanhado o blog de vcs e tenho encontrado aqui reflexões maravilhosas e com certeza inspiradas Nele e por Ele, gostaria de conversar um pouco mais sobre o que vc está chamando de religião... e o que significa esse divórcio na prática.
Bom é isso.
Bjs e Paz!
Olá Joice
ResponderExcluirSó me passar um e-mail que tiro tuas dúvidas (se puder...rs)
Bjs e paz!
=)
Oi Roberta, meu e-mail é joice.silviano@gmail.com
ResponderExcluirobrigada pela atenção!
Bjs e paz!
Joice...
ResponderExcluirPassei o e-mail...