Segundo o historiador francês Alain Demurger- em seu ótimo livro “Os Templários” (Ed. Difel) – antes de pertencer à famosa ordem religiosa e militar dos cavaleiros templários, era necessário confirmar se o espírito do aspirante “provinha de Deus” ou não, seguindo a instrução bíblica de João (1Jo 4:1). Ótima prática! Mas como é realizada hoje?
Observando o século I, Jesus foi rechaçado pelos religiosos de então por representar um modelo de Deus completamente diferente do concebido por eles à época. O evangelho de João é o melhor exemplo de como Jesus se referia ao Pai, e como entendia cumprir à risca Sua vontade (Jo 8:29). Cristo disse várias vezes que fazia o que via o Pai fazer (Jo 14:11). Portanto, se alguém quisesse saber como ser aprovado pelo Senhor, bastava observá-lo (Jo 5:36) – para desespero e revolta do “clero” judaico.
E como estamos hoje, 20 séculos depois da morte e ressurreição do messias? Hummmmm!?! – vamos analisar. Nos meus 20 anos de seio evangélico (estou mesmo ficando velho… essa é a idade da Stephanie Zuma… :) ), arrisco listar alguns itens que os crentes se utilizam para provar se algum espírito provém ou não de Deus:
- Tem linguajar “apropriado”;
- Assume múltiplas tarefas na igreja;
- Convive apenas com outros crentes;
- Veste-se “decentemente” (algumas denominações);
- É bem sucedido financeiramente (neo-pentecostais);
- Fala línguas estranhas (válido apenas para pentecostais);
- Levanta as mãos e fecha os olhos durante o período de louvor;
- Não frequenta nenhum local com regularidade, exceto a igreja;
- Vive a rotina: casa→trabalho, casa→igreja, casa→casa dos irmãos;
- Tem um comportamento moral “exemplar” (pelo menos, à vista dos irmãos);
- Odeia tudo que tenha ligação com o “mundo” (mesmo que novela e futebol sejam honrosas exceções, kkkkkkkkkk).
Enfim, esse é um protótipo de evangélico tido como “exemplar”. Quase um “Capitão América Gospel”, ou um “Homem de Ferro Evangélico”. Quanto mais próximo dessa lista melhor. Praticamente o currículo de um pastor (ou bispo, ou apóstolo, ou patriarca, ou semi-messias…). Coitado de mim, por esses critérios estou mais para “Chapolin Colorado Gospel”!!!
Contudo, quando leio o evangelho tenho uma percepção diferente do que significa “provir de Deus”. Como disse anteriormente, Jesus se proclamava como aquele que desceu do céu (Jo 6:38) e que realizava as mesmas obras que via o Pai realizar (Jo 14:11). Ou seja, se crermos que ele é quem disse ser, não teremos dúvidas em olhar seu modelo de vida como parâmetro perfeito para provar espíritos que venham em nome de Deus. Vamos lá?
- Era manso (Mt 11:29) – xi!
- Foi humilde de coração (Mt 11:29) – xii!
- Lavou pés dos seguidores (Jo 13:14) – xiii!
- Criticou o apego ao dinheiro (Mt 6:24) – xiiii!
- Comeu e bebeu com pecadores (Mc 2:16) – xiiiii!
- Propôs jugo suave e fardo leve a ser carregado (Mt 11:30) – xiiiiii!
- Andou pra cima e pra baixo fazendo o bem a todos desprezados (Mt 4:24) – xiiiiiii!
Qual dos dois check lists você e sua comunidade utilizam para provar a origem dos espíritos? Cuidado, pois “samaritanos e publicanos” podem estar saindo corridos, enquanto “fariseus” e falsos profetas (sem aspas) estão transitando à vontade. Quem é que precisa de super-heróis? Nosso “herói” morreu na cruz como perdedor, mas ressuscitou como vencedor. Isso já nos basta! Vivamos o anonimato e a vida simples do evangelho, que já está bom demais!
William Mazza é engenheiro, cristão e colaborador do BereiaBlog
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Muito bom!!!
ResponderExcluirEu estou no perfil do chapolin tb!!!