terça-feira, setembro 27, 2011

Bate-papo, lembranças e a vida que sempre muda!




Fiz uma visita à minha avó paterna no fim de semana e, como sempre, foi um momento memorável. Acontece que sempre que nos reunimos surgem aqueles papos descontraídos dos quais também participam tias, tios, primos e primas, com inevitáveis momentos “túnel do tempo” e a certeza de crises de risos. Dessa vez foi bem especial, pois além de minha avó, estive com mais três tias, e como sou agora adulta, as histórias que elas resgatam da juventude são ainda melhores que as que me contavam enquanto era criança ou adolescente. Simplesmente me envolvo e aprecio cada um desses momentos.

Volto para casa sempre com um sentimento de nostalgia, uma espécie de saudade que parece teimosa, persistente, infinita. E, entre risinhos seguidos de gargalhadas por lembrar das bobagens ditas, as descobertas e as crises de risos, vêm à tona inúmeras lembranças da minha infância e, principalmente, da adolescência. Estava recordando uma fase em que todas as minhas amigas (e eu, claro) tínhamos um "caderno de perguntas e respostas", composto sempre por 100 folhas, as quais eram numeradas e continham em cada primeira linha uma pergunta, assim, cada caderno continha 100 perguntas no total. Trocávamos esses cadernos entre nós e a ideia era responder sinceramente cada uma daquelas perguntas, de preferência, resumindo em uma linha ou duas no máximo, para sobrar espaço para a próxima amiga (será que o criador do Twitter respondeu um dia um desses cadernos de questões?!). E quando um dos meninos aceitava responder também, podíamos considerar aquele caderno um verdadeiro troféu (a questão é simples, homens não gostam disso e nós os achávamos muito, mas muito chatos mesmo por não participarem conosco). Demorei algum tempo para perceber que quando um dos meninos aceitava responder, geralmente ele estava interessado em namorar uma das meninas da turma e o caderno de questões era uma excelente forma de mandar o recado! (risos).

Estava lembrando de algumas das prováveis respostas que eu dava para perguntas como: Com quantos anos você gostaria de se casar? 24 era minha resposta mais comum (porque responder que eu não tinha certeza se queria me casar dava tanta confusão que nessa eu deixava a sinceridade um pouco de lado!). Mas quando cheguei aos 22 anos, pensei: "Você não é nem louca, dona Andréa, de assumir tão cedo uma responsabilidade tão grande, esqueça!". Lembrei de outra pergunta que nunca faltava num desses cadernos: Qual seu esporte favorito? Eu, que amava vôlei e futebol, só para provocar respondia: Beijar! (Era só para provocar, ok? hehehe). Desde perguntas sobre qual sua cor favorita (na época era amarelo, depois mudei para azul), até qual profissão você gostaria de ter, percebi que das respostas que me lembro, muita coisa na minha vida saiu completamente diferente, ou mudaram, simplesmente. 



Nem tudo saiu como sonhei até o momento, mas algumas coisas foram ainda melhores. Por exemplo, eu pensava que se fosse mãe um dia, queria ter dois filhos, mas aos 14, 15 anos, o que eu sonhava mesmo era ser titia (e sou, de uma menininha que atualmente tem 4 anos e me conquista todos os dias com sua esperteza além da conta e palavras rebuscadas, e de um menininho de 2 anos que adora me “assustar” dizendo “buuuu” assim que me vê e sai correndo para me abraçar pelas pernas). Ainda não tenho o ‘meu canto’, meu Jeep e quem sabe um cachorro. Mas tenho um papagaio há 20 anos e não imaginava que ele viveria tanto! Me formei na profissão que desejava aos 14 anos e da qual já tinha desistido por falta de condições financeiras. Não casei com o cara por quem me apaixonei naquela época, mas amei e fui amada e aprendi que é preciso amadurecer muito mesmo para não se arrebentar demasiadamente nessa área. Já conheci vários lugares que desejava. Voltei a ser eclética para o gosto musical (na época só ouvia rock).



Pois é, muita coisa mudou, embora na época eu tivesse plena convicção de que aquilo que estava “no meu controle” não mudaria nunca! O que não muda, apenas aumenta , é o sentimento de gratidão por tudo isso. Cada fase da vida com seus sonhos, beleza, encanto e também a realidade, que muitas vezes contorna e transforma tudo em nós. Viva os sonhos, a nostalgia do que é bom, as gargalhadas provocadas pelas lembranças da infância e das adolescentes que fomos, as histórias em família que arrancam de nós as melhores impressões de que a vida pode continuar cheia de cores e sonhos. 

Logo espero ver meu avô, que estava num sítio mais distante, e espero que ele recite um cordel, aos 98 anos de idade e em plena lucidez, e continue nos inspirando, fazendo-nos acreditar que a vida pode ser mais leve e melhor, sempre.

Com o coração submerso em gratidão,

#2 Andréa Cerqueira

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Um comentário:

  1. kkkkkk, lembro das minhas respostas nestes cadernos. Simplesmente, nada aconteceu da maneira que previ, porém sei que fui lapidada por Papai da maneira mais sublime através das minhas experiências de vida.
    Viva a dialética do amor de DEUS!

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