quinta-feira, setembro 08, 2011

Ler e ser feliz. Simples assim...



Eu não sei porque amo ler. Minha família é de origem muito simples. Ainda bem jovens, meus pais migraram do sul da Bahia para São Paulo a fim de trabalhar e ter uma vida melhor. Não puderam se dedicar muito a estudar, exceto o essencial para arrumar um trabalho. Busquei em minhas memórias momentos em que eu, ainda criança, tivesse contato com livros, mas delas os meus pais não fazem parte, pois não tinham o hábito de ler livros. Curiosa, perguntei para minha mãe se aprendi a gostar tanto assim de ler na escola e ela, como eu, acredita que sim. Lembrou-me que sempre fui muito curiosa, que desde pequena eu mexia nas revistas dela, gostava de livros para colorir e de brincar de escrever. Bem, eu não sei onde ou quando essa paixão começou, mas sou muito grata por ela.

Há uma semana eu estava no aeroporto em Navegantes/SC, pronta para voltar das férias nas quais tive o privilégio de conhecer um pouquinho das cidades de Brusque e também de Balneário Camboriú. Depois de me despedir, com aquele nó na garganta e um mix de sentimentos que vão de honra, alegria e gratidão até a dor de se despedir de uma amiga (no caso, minha mana Roberta), despachei minhas bagagens e dei uma volta no aeroporto a procura de um lugar confortável para ficar – eu iria esperar um bocado pelo meu vôo. Não resisti em entrar na única livraria ali e, depois de xeretar uma porção de livros e inúmeras opções, escolhi comprar um livro da Lya Luft, escritora brasileiríssima e de quem apenas conhecia textos ou poemas, mas ainda não tinha lido uma obra inteira. Comprei o “A riqueza do mundo”. Aliás, só esclarecendo que, para alguém que ama ler e está viajando, pode parecer estranho não levar consigo um livro, mas a verdade é que levei três: um era presente para minha amiga (e que li nos dias em que estive na casa dela, risos...), outro é um devocionário (e, portanto, textos breves e diários), e o último era a Bíblia “A Mensagem”, uma versão que esperei por anos a tradução em nossa língua e que tinha acabado de adquirir. Mas essa também era uma Bíblia que a Roberta queria e, como eu consegui garantir outra para mim, ela ficou com o exemplar que eu tinha levado. Então lá estava eu, quebrando um “compromisso” que havia feito comigo mesma, de que não compraria outro livro antes de ler os vários livros que comprei e ainda estão embalados a minha espera. 

O que aconteceu é que fiz uma excelente escolha. Lya foi uma ótima companhia durante as horas em que esperei pelo meu vôo, tempo que passou rapidamente e que antecedeu algumas complicações para voltar: o fechamento do aeroporto por questões climáticas, transporte rodoviário até Curitiba – incluindo a quebra do ônibus e espera por outro no percurso – e o voo de retorno para casa só as onze horas da noite. 

Concluí a leitura de “A riqueza do mundo” absolutamente envolvida por este sentimento quase indescritível que a leitura causa em mim. Tenho certeza que, de alguma forma, o próprio Deus deve ter incutido esse gosto por leitura em mim. E sei que é por gostar de ler, que também amo escrever. Não tenho um gênero favorito porque afirmo conscientemente que li muito menos do que gostaria nesses anos da minha vida. 



Um dos meus sonhos mais utópicos é ganhar na mega-sena e, enquanto ajeito a vida de uma porção de pessoas, dedico-me a ler e a escrever numa casa simples, mas confortável e com uma bela vista – que seja para o mar ou para uma bela cachoeira... (risos). Utopias a parte, teria muito, mas muito mesmo para expressar sobre ler, escrever e algo que precisa ser parte dessas duas coisas: o pensar. Às vezes converso com pessoas que leem, mas me assusto quando, nessas conversas, as ouço apenas repetir as opiniões transmitidas pelos autores, sem questionar, sem antes refletir se concordam realmente com tudo o que leram, numa absoluta falta de senso crítico. Aliás, há muito mais disso no meio evangélico do que podemos observar. Um olhar mais cuidadoso e veremos que muito do que se diz e se prega é pura repetição de idéias já pré-concebidas por autores renomados. Mas essa é uma outra história.

Tal como me sinto ao ouvir música, ver uma bela paisagem, ser surpreendida com as fases do crescimento de meus sobrinhos com suas gargalhadas, manhas e frases inesperadas, ao me relacionar com aquele que é a Vida, ler e escrever me faz muito mais feliz. E já que citei a felicidade, vou reproduzir um trecho sobre “ser feliz”, que me encantou no livro:

“Quero explicar: é às vezes só um relance, uma sensação de estar em razoável harmonia
consigo, os outros, o mundo.” (Lya Luft)

É como me senti nessas férias, é como ler, como escrever, como se permitir duvidar, pensar, questionar e, não importa quanto tempo demore o processo, chegar (ou não) a uma conclusão. Ser feliz, às vezes, pode ser bem simples.


Uma amante da leitura,

#2 Andréa Cerqueira

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