Tenho a impressão que abordar o assunto sobre relacionamentos amorosos no meio cristão é, muitas vezes, pavoroso. Posso estar enganada, mas considero a Igreja cristã no nosso país no mínimo, atrasada e displicente. Ela deveria ser um porto seguro, um lugar onde os jovens encontrassem respostas para suas dúvidas e direção para a tomada de decisão sobre como conduzir seus relacionamentos românticos. Ao invés disso, o que vejo é uma omissão absurda, um comportamento ignorante para compreender a cultura pós-moderna em que estamos todos inseridos e a mistificação de um assunto que deveria ser tratado com cuidado e seriedade. Afinal, depois da decisão acerca da fé em Cristo como Senhor e Salvador, qual outra seria tão importante? Para mim a resposta é clara: a escolha da pessoa com quem você irá se casar.
Vivenciados pouco mais de dez anos na caminhada de fé cristã no meio protestante posso dizer que já vi de tudo sobre o assunto:
- Vi jovens receberem mensagens de profetas e profetizas anunciando ou confirmando quem eram seus respectivos pares, os escolhidos com quem deveriam namorar e casar com resultados de bênção e maldição.
- Vi jovens que encontraram alguém interessante no meio cristão e, na reciprocidade do interesse, oraram por meses em busca da aprovação de Deus, um sincero interesse em corresponder com a vontade dele nessa área.
- Vi jovens pedirem sinais dos mais diversos para receberem tal confirmação: desde sonhos dados por Deus para os líderes, anunciando a aprovação, como um convite para que a outra pessoa, caso fosse a eleita por Deus, cozinhasse o prato predileto do rapaz.
Não posso afirmar nada sobre o que é certo ou errado em tudo isso. Vi casamentos serem constituídos após três meses de namoro que deram certo – o casal era formado por jovens adultos na faixa dos trinta anos. Vi casamentos constituídos após alguns anos de namoro que fracassaram antes de completarem dois anos de matrimônio. Vi jovens que pediram sinais e formaram um bom casamento, outros que mesmo com todas as confirmações solicitadas, iniciaram namoros que acabam de forma desastrosas.
Minha reflexão hoje é sobre a omissão da Igreja como Corpo de Cristo. Afalta de sensibilidade dos líderes eclesiásticos – de quem se espera o compartilhar de um pouco mais de experiência – para com os jovens. O abandono a que são entregues milhares de rapazes e moças quando se trata das relações amorosas. E não me limito à questão de fazer ou não sexo antes do casamento, pois tratar de relacionamentos românticos é muito mais amplo. Tudo ainda está muito confuso e a Igreja parece ter preguiça de acordar para essa realidade e encarar o problema com franqueza. São insuficientes ainda o número de ministérios que abordam o assunto com coragem, orientando essa geração confusa por uma variedade intensa de conceitos pré-estabelecidos no contexto social pós-moderno! Não é porque são cristãos, que os jovens estão isentos de dúvidas, de medo, de ansiedade ou que não sofram com as escolhas, o tempo, a pressão social, a solidão, ou questionem seus próprios valores, sexualidade e sentimentos.
O problema está aí há muito tempo inserido no contexto da fé cristã. E os frutos da covardia da Igreja todos podem ver: não temos testemunhado praticamente nenhuma diferença entre os matrimônios contraídos pelos que têm fé em Cristo e os que não têm. Até quando?
Na esperança de que algo mude,
Andréa Cerqueira
Muitas igrejas ainda não acordaram no assunto, mais graças a Deus outras sim. Já tive a oportunidade de estar nos seminarios do Não Morda a Maçã (www.namordamaca.com) e do Ney e Julia Matos (www.neyejuliamatos.wordpress.com) que falam do assunto com clareza e direcionamento de Deus. Tem também a mobilização do Eu Escolhi esperar.
ResponderExcluirEnfim, já que existe igrejas que ñ falam sobre isso, o jeito é procurar uma orientação por outros meios.
Deus abençoe!