quarta-feira, abril 04, 2012

UM DEUS DE DISTORÇÕES

Partindo do texto de I Cor. 1: 25-31,percebe-se no cristianismo, um Deus de distorções, pois na matemática de Deus três é um (Trindade); dez é dois (Mandamentos); mil anos são como um dia; os últimos serão os primeiros; a loucura é sabedoria; a sabedoria é loucura; o forte é fraco; o fraco é forte; o que não é, é; e o que é não é; para Deus, os pequenos tornam-se grandes e os grandes tornam-se pequenos.

São as coisas pequenas, desprezíveis, odiadas, humilhadas, mal vistas pelas pessoas, sem fama, sem reconhecimento algum, sem aparência, pobres, esquecidas e sem status, que Deus as torna em objetos de valor.

Deus passa a lhes dar significado, sentido, virtude, qualidade e valor. Por isso Deus trabalha o ser humano como o oleiro trabalha o barro nas confecções dos seus mais lindos vasos. Percebe-se a imagem de Deus, o seu agir, em um simples vento suave e silencioso (Profeta Elias), ao invés de trovoadas e algo barulhento.

De fato, no cristianismo, Deus é o Deus das distorções, ou melhor, um Deus que age diferentemente do agir humano; um Deus que não torna o ser humano vencedor, mas muito mais que vencedor. 
Analisando alguns episódios nas páginas dos Evangelhos, encontram-se algumas imagens de Jesus de Nazaré que representam muito bem a temática proposta, pois o Deus que se fez gente veio recuperar todos os objetos perdidos de sua época.

Jesus de Nazaré é aquele que fez questão de distorcer toda a maneira de pensar do mundo judaico e romano. 
Alguns exemplos podem ser vistos nas páginas da Bíblia Sagrada, como o Jesus que nasce entre os animais; é gerado no ventre de uma simples mulher judia; come e bebe com publicanos e pecadores; de um Jesus que não apedreja a mulher adúltera; do Jesus que conversa com uma samaritana; aquele que cura em um dia de sábado; lava os pés dos seus discípulos; a imagem de um Jesus que distorce o poder político estabelecido, quando afirma ser a verdade e Rei dos Judeus; de um Jesus que toca em leprosos e defuntos; de um Jesus que apesar de seu grande poder, nunca julgou ser igual ao Pai.

Enfim, Jesus é um Rei que anda de jumento e, acima de tudo, convive com as pessoas de seu tempo. O texto citado abre inúmeros horizontes para uma homilia consistente e desafiadora.
O contexto no qual a carta está sendo transmitida parte de uma realidade bastante conturbada no que diz respeito à prática eclesiástica. 
A cidade de Corinto (anos 60 da era cristã), era uma cidade portuária, um grande centro comercial, rica em cultura, principalmente religiosa. 
Diante do contexto descrito, a Igreja de Jesus não escapara das crenças e práticas aberrantes e de espantosas variedades, em todas as esferas, que as permeavam. 
Percebe-se ao longo da carta do apostolo Paulo, sua ênfase predominantemente prática; um verdadeiro manual de teologia prática.

O Texto de I Cor. 1: 25-31, exclui todo e qualquer tipo de orgulho; honra e bem aventurança própria, mundana e pervertida. Compreende-se que a ação de Deus ultrapassa todas as expectativas humanas, indo além daquilo que se possa imaginar. Desse modo, o texto confunde os sábios. Vejamos alguns pontos observáveis no texto precitado:
1. O chamado de Deus é preferencial (V. 26), aqui observa-se a intenção de Deus, ou seja, sua dedicação e apego aos menos favorecidos.
2. Em Jesus passamos a existir (V. 30), aqui observa-se o grande poder proporcionado aos humildes.
3. A existência nova é motivo de gloriar-se (V. 31), aqui observa-se o estado de qualidade e valor proporcionada aos seus filhos e filhas.
Portanto, compreende-se que Deus age diferentemente do ser humano, Deus faz nascer uma linda rosa mesmo em meio aos entulhos, fazer do ser humano derrotado, um mais que vencedor e de um desprezível, uma pessoa de valor. Assim é o Deus dos cristãos, um Deus de distorções.


Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL.
Acesse o blog: Pastor Adriano Trajano

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