“A culpa não é lavada com o tempo, mas através do arrependimento
e do sangue de Cristo.”
e do sangue de Cristo.”
(C. S. Lewis)
Culpa parece ter se tornado uma palavra proibida em alguns círculos cristãos. Pessoas dizem que falar sobre culpa ou indicar que alguém tenha algum tipo de culpa é promover neuroses e hipocrisias. De fato, enfrentar a culpa sem a graça pode mesmo gerar enfermidades psicológicas. Mas a solução para isto não está na negação da culpa, pois isto também poderia ser indício de uma doença psicológica (um dos sinais da psicopatia é ausência de culpa). Como então lidar com a culpa?
O médico suíço Paul Tournier escreveu um livro em 1957 chamado Culpa e Graça (ABU) que tornou-se referência sobre o assunto. Note que, a começar pelo título, Tournier já chama a nossa atenção para a realidade de ambos. Li o livro de Tournier pela primeira vez em 1988. Depois disso, retornei a ele diversas vezes, relendo os trechos grifados e recomendando a leitura do mesmo para muitas pessoas. Li também outros livros de Tournier como The Adventure of Living, Mitos e Neuroses, Os Fortes e os Fracos e Para Melhor Compreender-se no Matrimônio. Seu livro clássico The Meaning of Person está na fila de leitura em minha estante junto com Escape From Loneliness. Li também The Christian Psychology of Paul Tounier por Gary Collins, uma excelente análise do pensamento de Tournier feita por um de seus amigos de profissão e fé.
Recentemente o livro Culpa e Graça de Tournier ganhou novos interessados, ao que parece, nem tanto pela sua mensagem sobre a culpa e a graça, mas pela polêmica levantada em torno do universalismo de seu autor. As edições brasileiras do livro suprimiram três capítulos do original em que Tournier apresenta sua crença (equivocada em minha opinião) de que o sacrifício de Jesus proveu salvação de todas as pessoas e, portanto, todo mundo será salvo no final.
Não pretendo escrever sobre universalismo (quiçá em outra postagem), apenas apontar que, contrário ao que muitos pensam e alguns blogueiros parecem indicar, em Culpa e Graça, Tournier não nega a existência da culpa. Em vez disso, ele faz uma distinção entre a falsa culpa e a verdadeira culpa, sendo a primeira a culpa proveniente do juízo e crítica de outros e a última a culpa que vem quando Deus nos reprova por causa de nossos pecados. A culpa verdadeira é, de certa forma, uma bênção pois, por seu intermédio, o Espírito Santo não somente nos torna conscientes de nosso pecado, mas nos aponta para a graça salvadora. Por este motivo, Tournier indica a necessidade de lidar com a culpa verdadeira de modo saudável, isto, através do arrependimento e confissão:
“Não são os virtuosos que Deus acolhe de braços abertos, mas os desprezados; não os que negam a sua culpa, mas o que a confessam, os que tremem de arrependimento, de remorso e de impotência.”
“A resposta para a culpa não está em negá-la, dizer que ela não é real, que foi criada por religiosos moralistas controladores de mentes. A resposta para a culpa é o perdão e a graça de Jesus Cristo.”
“O arrependimento é a porta para a graça.”
“… [que] todos os homens são igualmente pecadores a despeito de todos os seus esforços; que não é fazendo valer sua pretensa impecabilidade, mas ao contrário, arrependendo-se e confessando sua culpa é que eles encontrarão a graça que a apaga.”
Diferente da psicologia moderna que trata a culpa como uma aberração, Paul Tournier sabia muito bem que a culpa (seja ela falsa ou verdadeira) é real e precisa ser tratada. Seu livro foi escrito para ajudar seus leitores a diferenciar a culpa falsa da verdadeira e lidar com a culpa verdadeira por meio da Graça que há em Cristo Jesus.
Lido em Sandro Baggio
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