Após o recebimento da promessa, Ana
tratou de voltar a viver, não permitindo que o seu problema determinasse todo o
curso de sua história: “E disse ela: ache a tua serva mercê
diante de ti. Assim a mulher se foi seu caminho, e comeu, e o seu semblante já
não era triste. Levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e
voltaram, e chegaram à sua casa, a Ramá. Elcana coabitou com Ana, sua mulher,
e, lembrando-se dela o Senhor, ela concebeu”. O
que marcou esse seu retorno à vida? Houve quatro claras manifestações de saída
de um quadro de depressão: ela voltou a comer, teve o seu semblante mudado,
prestou culto a Deus e foi para a cama com o seu marido.
É fato que muita gente tem deixado de
viver por permitir que a vida como um todo seja absorvida por um único
problema. Isso é ruim porque denota falta de confiança em Deus. Não confiar em
Deus é duvidar do seu caráter. Permitir que o todo do nosso estado de alma seja
determinado por um único aspecto da nossa vida que não está de acordo com a
nossa vontade, torna-nos indiferentes a tantas outras bênçãos que Deus está
derramando sobre a nossa vida. Entramos em um círculo vicioso, pois o motivo da
depressão nos leva a práticas que nos deprimem ainda mais. Igualmente trágico é
o fato de que, num estado como esse, todos os passos necessários e conducentes
a realização do sonho não são dados. Por isso, continuar vivendo é essencial.
Pode ser que tudo tenha que começar por
voltarmos literalmente a comer. O que está inserido no contexto mais amplo de
cuidarmos do nosso corpo. Eu mesmo tenho a experiência de ver o quanto o
contato com a natureza, em especial, o sol, a areia branca e o mar, têm me
ajudado a sair de quadros de desânimo. Em seguida, permitir que tamanho seja o
efeito da palavra de Deus no coração que até mesmo a aparência seja alterada: “O coração alegre aformoseia o
rosto...”. Isso não se trata de crer que
rir é o melhor remédio. O riso não faz bem quando o aspecto da face não condiz
com o estado do coração. O remédio está em crermos de tal modo nas promessas
feitas por um Deus que não pode negar-se a si mesmo, pois tem zelo pelo seu
nome, nome que nada mais é do que a revelação do seu caráter santo – suprema
garantia de que sua promessas são sempre cumpridas, que o coração é levado a
experimentar uma consolação adequada à natureza racional do homem, e, assim a
fisionomia a acompanhar o estado da alma. Nesse sentido não há nada pior do que
esperar que alguma coisa nos aconteça ou fabricar sentimento. O desafio é
aplicar a mente à Palavra. Usar a cabeça. Parar para pensar em Deus, no seu
caráter, no sangue derramado e nas promessas tão fielmente feitas.
Ana também adorou. O texto nos leva a
crer que ela já antevia o que Deus estava para realizar. Aqui vemos a essência
da fé verdadeira que é crer com base na promessa, ter certeza do que se espera
e uma visão do invisível. Aqui há algo de lindo que certamente comove os anjos
quando estes contemplam as respostas do povo de Deus ao amor do Criador. Ana só
tinha a Palavra de Deus. Não havia mais nada a se agarrar. Por trás daquele
culto havia todo um histórico de frustrações. Mas, não apenas isso, um Deus que
se apresentava com promessas capazes de inverter os veredictos humanos.
O resultado final daquela decisão de
voltar a vida é dos mais curiosos. Ela simplesmente foi para a cama com o seu
marido. Decidiu fazer o que era uma condição indispensável para a realização do
milagre.
Antonio Carlos Costa
Lido em: http://palavraplena.typepad.com/accosta/
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