quarta-feira, outubro 20, 2010

Quem vota: o rebanho ou a ovelha?

Percebo duas vertentes bem marcantes em meio ao povo cristão: aqueles que se massificam e perdem a sua individualidade e aqueles que se individualizam e por vezes perdem o senso de coletividade.

Li outro dia uma frase que alertava sobre o perigo de termos mentalidade de rebanho e fiquei a meditar, afinal de contas Jesus nos chama de pequeno rebanho (Lc 12:32).

Entretanto, é perceptível que a mensagem de Cristo proposta no evangelho é extremamente pessoal, de um caminhar individual.

O que concluir, então, diante de um aparente paradoxo?

Algo bem simples e singelo: minha definição é de que somos REBANHO, mas com mentalidade de OVELHA – se assim o decidirmos.

A tendência de boa parte da cristandade é a massificação e a anulação do indivíduo, em nome disso vivenciam-se práticas como suicídio intelectual, alienação política e social, entre outros.

Fico a me perguntar, ao lembrar de uma frase da minha amiga-mana Carla Accioly: será que o caminho estreito é o gueto evangélico-gospel ou é lidar com a vida como de fato ela é? Hm?

Subjetividades, particularidades e singularidades não devem ser anulados ao aceitarmos a Cristo.

Observo na Bíblia Deus nos chamando pelo nome – vejo isso como sinal de individuação.

Vejo Ele também se auto-denominando como PAI – e filiação é algo totalmente personalíssimo.

O fazer humano inegavelmente nos comunica muitas coisas, mas o SER humano, o se saber humano, indivíduo único e singular é que de fato grita alto ainda que muitas vezes sem palavras.

Ser rebanho me remete à unidade diante do amor do PAI, Sua graça, perdão, redenção e sua bela mensagem a ser vivida e propagada e não à anulação da personalidade como sentenciam alguns.

Lembro-me do discurso de Marina Silva no último domingo, a mesma falou bem ao frisar que o voto pertence ao eleitor e não ao partido: ela (a crente dissimulada segundo um famoso televangelista), foi extremamente feliz em sua colocação. Logicamente não sou inocente a ponto de acreditar que apenas o senso de respeito à individualidade do próximo a tenha movido, afinal de contas estamos falando de política e a obviedade é grande nessa questão.

Mas o que me impele no momento a escrever é o comportamento de alguns ditos líderes evangélicos que se afirmam portadores da verdade, arautos na luta contra a iniqüidade, e assim, portadores de tais insígnias, a eles concedidas por sabe-se lá quem, atropelam a individualidade do rebanho que é Dele e a eles foi confiado e se sentem no direito de mostrar em quem se deve votar ou não.

Nem vou entrar na questão daqueles que negociam seu curral eleitoral, ops, rebanho, em prol do candidato A ou B. Sabemos que a questão das 30 moedinhas de prata é antiga, mas hoje já não se negocia Cristo mas o Seu povo, Seu rebanho como massa de manobra.

E assim fica a individualidade do rebanho anulada pelos ora detentores da mais pura cara de pau, ops, me desculpem novamente, estamos falando de ungidos do Senhor...Mas que tipo de óleo será que os mesmos tem usado? Tenho suspeitas que seja óleo de peroba!

Acho melhor eu me calar, antes que alguém venha à público ministrar sobre mim maldições até a milésima geração. Eis aí mais uma tendência à massificação, nem a maldição é lançada individualmente...

Fico também a pensar: até que ponto alguns pastores compreenderam o significado da palavra abençoar, apascentar?

Será que se eu mostrar Ezequiel 34:2 vai ajudar?

“Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?”

Por fim, as conclusões são elementares:

Respeite e ame as autoridades por Deus constituídas sobre a sua vida, mas não esqueça que Ele e Sua palavra serão sempre a maior autoridade. O Pai nos respeita e ama como filhos portadores de capacidades e individualidades, as quais podem assustar aqueles que estão no meio do jogo apenas para controlar, mas com o Senhor temos um relacionamento de amor e não um jogo para se brincar ou manipular.

Votando como ovelha,

Roberta Lima

Um comentário:

  1. Clap...clap...clap...são aplausos não da amiga, da irmã, são aplausos da cidadã Noêmia, são aplausos da serva Noêmia, que se vê tão bem representada por essas palavras, são aplausos para sua ousadia, sua clareza, sua sutileza. Sei que são serão aplausos solitários, há muitos indignados que que reconhecerão nas palavras deste post. Parabéns e obrigada por termos aqui um boca que não se cala diante de verdadeiras aberrações gospel-políticas que surgem e ressurgem sei lá de onde, mas que precisam ser combatidas e abatidas.

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