sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Como a religião afetou e ainda afeta a minha vida




Esse é um tema que constantemente está em pauta na minha vida: religião. Acredito que é porque os assuntos sobre espiritualidade sempre me interessaram desde menina e, assim, eu tenha buscado me desenvolver no âmbito da fé e isso me acompanhou ao longo dos anos.

Sempre quis me relacionar com Deus e pouco antes dos meus dez anos, motivada pela fé comum da família, me inscrevi no curso de catecismo. Concluí a minha primeira comunhão aos treze anos e gostava de cada experiência daquela época. Convivia com jovens alguns anos mais velhos do que meu grupo e participava de suas reuniões, sempre cheias de questionamentos, debates, opiniões diversas até mesmo sobre fé e achava isso muito saudável. Via nesses jovens pessoas normais, com suas dúvidas e sonhos e as constantes crises para vivenciar a fé cristã, eu queria ser como eles.

Minha família e eu nos mudamos para o interior quase dois anos depois e isso afetou diretamente a questão espiritual na minha vida. Não tinha mais uma turma, nem um local para congregar. Então procurei a comunidade católica mais próxima da minha nova casa, na esperança de uma experiência igual ou melhor, mas não encontrei. Uma missa extremamente litúrgica e jovens pouco engajados me desanimaram. Depois de um tempo de insistência para me adaptar e sem conseguir respostas sobre questionamentos acerca da minha fé cristã, decidi deixar a religião católica. Não desisti, contudo, de continuar crendo em Deus, em Cristo e buscar descobrir quem afinal era o Espírito Santo.

Um tempo depois de ter terminado o colegial, comecei a frequentar uma igreja evangélica, eu tinha vinte anos na época. Tudo o que vivi foi muito bom. Fiz muitas amizades sinceras, vivi uma série de experiências boas, encontrei apoio sempre que precisei e oportunidade de servir para o Reino de Deus, o que é uma honra imensurável. Guardo com gratidão tudo o que vivi de bom. O problema habitou na questão da religião.

Os anos passaram e muito do que eu acreditava ser uma "vida com Deus" não era exatamente. Nunca desejei ser religiosa, mas fui por muito tempo. Embora estivesse convicta de que Jesus, o Cristo, não tinha o interesse em instituir uma nova religião, achava impossível viver seu estilo de vida fora dela. Depois de dez anos, experimentei um desgaste emocional sério por causa da religião e por pouco ele não teve maiores consequências na minha espiritualidade. Mas sou muito grata a Deus por seu auxílio e sua graça.

Hoje, continuo desenvolvendo relacionamentos saudáveis com amigos cristãos e o Evangelho tem sido restaurador. Mais do que nunca entendo que "igreja" é o indivíduo, que não vou mais à igreja no domingo, mas me reúno em um templo para celebrar com meus companheiros a nossa fé em comum. Entendo que a minha vida com Deus não depende mais da religião que havia adotado como meio para me achegar a ele. E o meu problema com a teologia que aprendi tem sido tratado aos poucos e também já não dependo exclusivamente de uma teologia substitutiva. Passo a passo, o amor e a graça de Deus têm feito seu trabalho em minha vida. E é bom saber que não estou só nessa caminhada.


Caindo, levantando, caminhando e aprendendo,

Déia

11 comentários:

  1. Se você procurar um clube ou um "bem-estar" emocional a Igreja Católica nunca seria seu lugar. Eu, por exemplo, não vou à Igreja para chorar, berrar, me emocionar etc. Vou pq acredito naquilo e não para que necessariamente minha vida seja mais feliz. Muitas pessoas por, justamente, se entregarem a fé perdem toda a felicidade terrena em busca da eterna. Como disse Jesus: "Aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas aquele que perder a sua vida por mim e pelo Evangelho salvá-la-á." ;)

    Um pensamento de São Francisco que muito me toca toca bem nesta questão. Ele diz:
    "Eu vos dou graças, meu Senhor e meu Deus, por todas as dores que estou submetido, e vos imploro que as centupliqueis, se tal é do Vosso agrado; porque nada me será tão agradável, no meio das aflições que me enviais, do que ser tratado por vós sem misericórdia. O cumprimento da Vossa santa vontade é pra mim uma extrema consolação."

    Isso não caberia na cabeça dos evangélicos. Portanto, tome cuidado com sensações, a mesma felicidade, ardência e sede que você sente no protestantismo de Lutero, outros sentem em Macumba. Sem querer ofender.

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  2. Olá Nelson! Bom ler seu comentário! Preciso apenas perguntar se realmente entendeu a proposta do tema: entendeu sua narrativa?

    Porque li e entendi a proposta do seu comentário. Por esse motivo quis acrescentar o meu.

    Pelo seu comentário, você parece ser católico, talvez já tenha participado de alguma reunião na macumbaria e não deve conhecer muitas igrejas evangélicas. Posso te dizer que há sim aberrações na igreja evangélica, não vou dizer que em maior ou em menor número que na igreja católica, até porque o que me interessa é incutir fé e verdade na mente das pessoas.

    O fato é que os evangélicos aprendem o que o salmista Davi diz: A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Salmos 84:2. Ele falava da igreja na época, assim nos sentimos nas reuniões, com o coração desfalecido de conhecer, sentir e ser objeto do amor de um Deus tão grande – ISSO NÃO TE TOCA?! – pois a mim estremece o coração, tenho procurado não apenas conhecer teoricamente a Deus e sim, me relacionar com ELE.

    Quanto a São Francisco, olha isso: “Tu és o Santo, Senhor e Deus único, que operas maravilhas! Tu és o forte! Tu és o grande! Tu és o Altíssimo! Tu és o Rei onipotente! Santo Pai, Rei do céu e da terra! Tu és o Trino e Uno Senhor e Deus, Bem universal! Tu és o Bem, o Bem universal, o sumo bem, Senhor e Deus vivo e verdadeiro! Tu és a delícia do amor!”.

    Vejo nessa exaltação alguém muito emocionado, parece um grito de alguém que está com seu bem-estar emocional em erupção.

    Você tem todo direito não querer experimentar esse algo mais, só que prefiro ter os três privilégios daqueles que se unem a Deus: “onipotência sem poder, embriaguez, sem vinho e vida sem morte”. <<<< frase de São Francisco

    Um abraço.

    Noh Oliveira

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  3. Olá Nelson! Bom ler seu comentário! Preciso apenas perguntar se realmente entendeu a proposta do tema: entendeu sua narrativa?

    Eu entendi, caso contrário, não daria meu comentário. Eu explanei me referindo principalmente a esta frase da postagem: “Então procurei a comunidade católica mais próxima da minha nova casa, na esperança de uma experiência igual ou melhor, mas não encontrei.” Foi isso que comentei contra, não que seja só isso que eu tenha discordado. Esse negócio de experimento é que é muito subjetivo, e não é uma boa razão para entrar ou sair de uma Igreja.

    Porque li e entendi a proposta do seu comentário. Por esse motivo quis acrescentar o meu.

    Certo.

    Pelo seu comentário, você parece ser católico, talvez já tenha participado de alguma reunião na macumbaria e não deve conhecer muitas igrejas evangélicas.

    Precipitou-se. Eu nunca participei de reunião de macumba e, pelo contrário, já participei de cultos evangélicos. Já vi na televisão, inclusive ontem, as reuniões de pessoas da religião afro-brasileira. Eles também têm experimentos com aquilo. Mas eu não sou contra experimentar, chorar, emocionar-se, sou contra deixar uma igreja ou entrar em uma por conta disso. Antes de ontem vi uma reportagem na TV em que um repórter experimentou rituais de um povo indígena, ele saiu de lá todo emocionado dizendo que pôde relembrar o passado nitidamente, sofrer os sofrimentos que causou a outros e reconhecer que todas nossas ações têm conseqüências, seja a menor que for. Ora, tudo isso que ele experimentou, apesar de ter dado a ele bem estar não é um bom critério para se converter a religião desse povo.

    Posso te dizer que há sim aberrações na igreja evangélica, não vou dizer que em maior ou em menor número que na igreja católica, até porque o que me interessa é incutir fé e verdade na mente das pessoas.

    Isso é bem óbvio. Em qualquer grupo há bons e maus elementos. Até o que falei no comentário anterior sobre emocionalismo sem uma causa racional acontecem dentro das igrejas católicas, os carismáticos, que são frutos do protestantismo pentecostal.

    O fato é que os evangélicos aprendem o que o salmista Davi diz: A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Salmos 84:2.

    Como disse não sou contra as emoções. Eu critiquei a Sra. autora do texto por deixar a ICAR por conta de querer buscar outros “experimentos”. Isso é tolice! Temos que ser de uma Igreja porque achamos razoável crer nela e não para ter “experimentos”. Ela ainda afirmou que procurou a ICAR em busca de “experimentos”. Buscou de forma errada, sairia facilmente. O exemplo da macumba ilustra muito bem isso. Eles têm várias sensações e não por essas que a fé que crêem é correta. Se ela tivesse conhecido um grupo da RC”C” ,certamente, continuaria na ICAR, de um jeito errado, mas continuaria. Na RC”C”, também tem essas coisas, eles choram, se emocionam nas Missas, tem inúmeras sensações e/ou aberrações.

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  4. Ele falava da igreja na época, assim nos sentimos nas reuniões, com o coração desfalecido de conhecer, sentir e ser objeto do amor de um Deus tão grande – ISSO NÃO TE TOCA?! – pois a mim estremece o coração, tenho procurado não apenas conhecer teoricamente a Deus e sim, me relacionar com ELE.

    É claro que tenho relacionamento com Deus. Existem vários tipos de relacionamentos com Ele, uns até que o ofendem. Até porque nem sempre aquilo que você tem como certo o é. Essa relação que você tem e ela tem podem ser falsas, simples sensações, nada de verdadeiro com Ele. Pense assim, os hindus tem várias sensações para com seus deuses, e não é por isso que seus deuses são verdadeiros, por isso, que disse que experimentos não são motivos para entrar ou sair de uma religião. Não estou dizendo que vocês não podem se emocionar rezando, estou apenas dizendo que isso não é motivo para passar a crer em algo ou alguém. Quem quer se converter por isso precisa de um psicólogo e não de uma religião em relação a isso.

    Quanto a São Francisco, olha isso: “Tu és o Santo, Senhor e Deus único, que operas maravilhas! Tu és o forte! Tu és o grande! Tu és o Altíssimo! Tu és o Rei onipotente! Santo Pai, Rei do céu e da terra! Tu és o Trino e Uno Senhor e Deus, Bem universal! Tu és o Bem, o Bem universal, o sumo bem, Senhor e Deus vivo e verdadeiro! Tu és a delícia do amor!”.

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  5. Vejo nessa exaltação alguém muito emocionado, parece um grito de alguém que está com seu bem-estar emocional em erupção.

    Vocês evangélicos têm mania de fazer livre-exame em tudo. Até frase do santo católico queres dar entender que combina com a autora do texto. Claro que São Francisco tinha emoções para com Deus, mas não virou um santo católico por causa de “experimentos”.
    Veja duas citações antagônicas:
    “Uma missa extremamente litúrgica e jovens pouco engajados me desanimaram.”
    Com:
    "Eu vos dou graças, meu Senhor e meu Deus, por todas as dores que estou submetido, e vos imploro que as centupliqueis, se tal é do Vosso agrado; porque nada me será tão agradável, no meio das aflições que me enviais, do que ser tratado por vós sem misericórdia. O cumprimento da Vossa santa vontade é pra mim uma extrema consolação."
    Quanta diferença! Na primeira, a pessoa se desanima por não ter animação para ser bem redundante, na outra, a pessoa mesmo tendo vários problemas, sofrimentos (o que teve até em sua morte) ama cada vez mais Deus e pede que multiplique se isso é do agrado Dele. Não queira encontrar emocionalismo patético em Missa, vire evangélica pentecostal ou se procura festinhas vá para algum baile, inclusive encontrará jovens bem engajados nele e muita animação. :) Seria injusto também supor que a autora saiu da ICAR somente para busca de experimentos, ela também não obteve respostas que queria. Eu confraternizo com ela, pois nunca obtive respostas (salvo casos especiais) para meus questionamentos sobre a ICAR. Eu fui à busca delas, comprei livros, peguei a bíblia, li escritos dos cristãos primitivos, eu me virei. Ninguém me deu mastigado. A maioria das pessoas que sai da igreja católica para evangélica é por ter pouco estudado sobre ela.


    Você tem todo direito não querer experimentar esse algo mais, só que prefiro ter os três privilégios daqueles que se unem a Deus: “onipotência sem poder, embriaguez, sem vinho e vida sem morte”. <<<< frase de São Francisco

    Não falei em nenhum momento que não tenho experiência com Deus. Nunca viraria católico por conta de experiências, sensações são enganadoras. Tenho experiência, justamente, por achar aquilo correto. Eu não busco mamadeira. RESUMINDO: O PROBLEMA NÃO É TER EXPERIÊNCIAS, O PROBLEMA É ENTRAR OU SAIR DE UMA RELIGIÃO POR CONTA DE EXPERIÊNCIAS.
    Motivos da autora sair da ICAR: “Uma missa extremamente litúrgica e jovens pouco engajados me desanimaram.[...] e sem conseguir respostas sobre questionamentos acerca da minha fé cristã, decidi deixar a religião católica.”
    Motivos da autora ter ficado na fé evangélica: “Tudo o que vivi foi muito bom. Fiz muitas amizades sinceras, vivi uma série de experiências boas, encontrei apoio sempre que precisei e oportunidade de servir para o Reino de Deus”
    Na saída o único motivo que merece um pouco de crédito é não ter conseguido respostas aos questionamentos, o que duvido que tenha estudado a fundo.
    Na entrada e continuação de, pelo menos, a fé evangélica horrível!
    Termino com um pensamento de outro Santo que muito serve para o momento:
    “É próprio do mau espírito transformar-se em anjo de luz e entrar primeiramente nos sentimentos da alma piedosa e acabar por lhe inspirar os seus próprios sentimentos. Assim, começa por sugerir a esta alma pensamentos bons e santos conforme às suas disposições virtuosas; mas logo, pouco a pouco, procura prendê-la em seus laços secretos e levá-la a consentir em seus pecaminosos intentos.” (Inácio de Loyola)

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  6. Olá Nelson!
    Primeiro peço-lhe desculpas se você interpretou, em qualquer parte do meu texto, alguma ofensa à Igreja Católica. Acredito que em nenhum momento em tenha ofendido a fé católica, porém, esclareço os dois motivos claros que me levaram a deixar o catolicismo:

    Dentro dele, não encontrei o incentivo ao estudo, investigação e revelação da Palavra de Deus que eu precisava – tinha muitas dúvidas e uma fome e sede de conhecimento da mesma – tinha 15 anos de idade e precisava de orientação – não sou autodidata!
    A missa era extremamente litúrgica – diferente da igreja que eu freqüentava em São Paulo – e que não era carismática. O que quero dizer é: eu não entendia nada! Entrava vazia e saía cheia de dúvidas – e não era dúvidas sobre o catolicismo, eram dúvidas sobre como era caminhar com Deus!
    Quando eu procurei ajuda para saber como eu poderia aprender mais, o que ouvi foi: Não precisa se preocupar com isso, os padres já estudam por nós e depois nos passam os ensinamentos na missa.
    Me desculpa se meus motivos te ofenderam, entenda, eu tinha 15 anos e acabara de mudar completamente a minha vida. E saiba que, se a igreja evangélica não me oferecesse a possibilidade de aprender mais sobre a Bíblia, eu jamais teria continuado a desenvolver minha fé através da ótica protestante. Entre a saída da ICAR e o início numa denominação evangélica, passaram-se 5 anos. Aos 20, eu estava um pouco mais madura, consciente e muito mais interessada em Deus.
    O que você disse ser um “clube ou bem-estar social”, eu já vivia na Igreja Católica da qual fazia parte na capital. Por “clube e bem-estar social” eu me refiro a relacionamentos verdadeiros, amizades cristãs bem construídas e engajamento social – era isso que eu tinha na comunidade católica da qual fiz parte. Não é o que eu busco numa instituição eclesiástica, é o que busco em todos os relacionamentos que construo!
    Escrevi: Depois de um tempo de insistência para me adaptar e sem conseguir respostas sobre questionamentos acerca da minha fé cristã, decidi deixar a religião católica. Veja, eu tentei! E quando disse que vivi uma série de experiências boas na igreja evangélica, entenda, refiro-me a aprendizado, acampamentos, trabalhos, estudos, enfim, é isso.
    Admiro a história de vida de muitos cristãos que se engajaram na vida de fé, como São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá, por exemplo. Mas não consigo ver-me pedindo a Deus que aumente qualquer sofrimento meu. Você disse: “Isso não caberia na cabeça dos evangélicos”, porém, eu te falo: isso não cabe na vida da maioria dos cristãos! Não somos instruídos para lidar com o sofrimento! Isso pode ser sim uma falha da Igreja de forma geral.
    Perdoe-me mas eu não sinto “felicidade, ardência e sede” no protestantismo de Lutero! Sinto felicidade, ardência, sede e fome, de relacionar-me com Deus, como Cristo nos revelou no Evangelho.
    Um abraço!

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  7. Olá Nelson!
    Primeiro peço-lhe desculpas se você interpretou, em qualquer parte do meu texto, alguma ofensa à Igreja Católica. Acredito que em nenhum momento em tenha ofendido a fé católica, porém, esclareço os dois motivos claros que me levaram a deixar o catolicismo:

    Se a interpretação foi errada, é erro meu e não seu não haveria motivo para se desculpar. Se você acredita que disse coisa que não devia no texto aí sim seria um motivo para se desculpar. Eu que teria que me desculpar caso tenha interpretado errado (o que não acredito que fiz)

    Dentro dele, não encontrei o incentivo ao estudo, investigação e revelação da Palavra de Deus que eu precisava – tinha muitas dúvidas e uma fome e sede de conhecimento da mesma – tinha 15 anos de idade e precisava de orientação – não sou autodidata!

    Não é uma boa razão para deixar uma Igreja. A culpa seria deles por não terem te instruído bem, não da Igreja Católica. Você poderia ter tido o azar de quando saísse dela não ter encontrado Igreja Protestante que incentivasse o estudo bíblico ou poderia ter tido a sorte de ter encontrado bom sacerdote e fiéis que te ajudassem nesse sentido e então continuarias católica. A Igreja Católica sempre incentivou a leitura bíblica, na própria Missa, você deve se lembrar que sempre tinha duas ou três passagens bíblicas grandes. Você fez catecismo, provavelmente nele você recebeu uma bíblia ou pelo menos um estudo sobre ela. Eu com 15 anos de idade já era autodidata, ninguém me ensinou praticamente. Dos 14 comecei meus estudos sozinho, com 15 já era católico convicto. Passei várias dificuldades. Meus pais não são verdadeiros católicos para começar. Na crisma foi horrível, falavam coisas muito erradas e eram muito relativistas. A “profa.” Chegou a dizer: “Não gostei da escolha do Papa, ele tem cara de nazista” Já aqui dá para ver que ela não era católica de verdade. Minhas dúvidas, ou pelo menos poucas delas, foram respondidas por alguém, o resto eu pesquisei, seja em livros ou na internet. Isso tudo não faz muito tempo, tenho hoje 18 anos e ainda continuo estudando sobre a Igreja, bíblia etc.

    A missa era extremamente litúrgica – diferente da igreja que eu freqüentava em São Paulo – e que não era carismática. O que quero dizer é: eu não entendia nada! Entrava vazia e saía cheia de dúvidas – e não era dúvidas sobre o catolicismo, eram dúvidas sobre como era caminhar com Deus!

    Não sei se existe algo na Terra que possa preencher mais que a Eucaristia, não entendo como você se sentia vazia se naquele tempo eras católica e acreditava na presença real de Cristo na hóstia. Você queria como disse um bem estar emocional que é diferente de bem estar social, qual você se confundiu como veremos mais adiante. Não tenho muito para dizer sobre isso. É difícil interpretar o seu “caminhar com Deus!”. Explique-me melhor isso. Êxtases há em macumba, em religiões indígenas, politeístas, etc. Você queria isso?

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  8. Quando eu procurei ajuda para saber como eu poderia aprender mais, o que ouvi foi: Não precisa se preocupar com isso, os padres já estudam por nós e depois nos passam os ensinamentos na missa.

    Não foi uma boa resposta. Na verdade foi péssima! Eu responderia assim: “Olha, eu posso te ajudar nas interrogações que eu tiver conhecimento e posso te indicar bons livros para leitura. Mas se você quer livre-exame bíblico saia da Igreja Católica. A Bíblia é nossa e a criadora da Bíblia é a que dá a legítima interpretação da mesma. Leia a Bíblia e sempre ouça a voz da Igreja.”

    Me desculpa se meus motivos te ofenderam, entenda, eu tinha 15 anos e acabara de mudar completamente a minha vida.

    Não fiquei ofendido. Temos até coisas em comum.

    E saiba que, se a igreja evangélica não me oferecesse a possibilidade de aprender mais sobre a Bíblia, eu jamais teria continuado a desenvolver minha fé através da ótica protestante.

    Eu não estou pegando bem esse oferecimento. Aprendizado bíblico se tem sem ter que ir a qualquer igreja. Faltou oportunidade para você aprender sobre a Bíblia na ICAR? Procurou quantos padres? Falou com quantos católicos sérios? Porque se foram católicos com o tipo de resposta que você transcreveu, nossa que horror! Eu conheço vários católicos bons. Tirei algumas dúvidas com vários católicos bons. Você errou em esperar pelos outros. Você não teve o mesmo pensamento que eu, e tínhamos quase a mesma idade.

    Entre a saída da ICAR e o início numa denominação evangélica, passaram-se 5 anos. Aos 20, eu estava um pouco mais madura, consciente e muito mais interessada em Deus.

    Hum. E nesse meio tempo você não buscou sozinha? Se você leu sobre a Igreja e sobre a bíblia e nesse estudo não achou que havia coerência, então é um motivo bom para sua saída. Se ainda continuou por causa de busca de experiências e falta de que alguém te explicasse, é lastimável.

    O que você disse ser um “clube ou bem-estar social”, eu já vivia na Igreja Católica da qual fazia parte na capital. Por “clube e bem-estar social” eu me refiro a relacionamentos verdadeiros, amizades cristãs bem construídas e engajamento social – era isso que eu tinha na comunidade católica da qual fiz parte. Não é o que eu busco numa instituição eclesiástica, é o que busco em todos os relacionamentos que construo!

    Eu falei bem estar emocional e não social, a parte social estava incluído em clube, nesse caso retiro o que disse de busca de clube, sorte que pus a conjunção.
    Falei em clube porque conheço muitos evangélicos que assim são por causa disso.


    Escrevi: Depois de um tempo de insistência para me adaptar e sem conseguir respostas sobre questionamentos acerca da minha fé cristã, decidi deixar a religião católica. Veja, eu tentei! E quando disse que vivi uma série de experiências boas na igreja evangélica, entenda, refiro-me a aprendizado, acampamentos, trabalhos, estudos, enfim, é isso.

    Você está dizendo que estudou? É isso? Porque se teve mentalidade de que deixar uma igreja porque ninguém dela veio ensinar é muito ruim. Se for isso as experiências você poderia as ter vivido em qualquer religião, nem precisando ser cristã. Você mesmo afirmou que viveu boas experiências ainda católica. Pelo que pude entender por essas frases: “Uma missa extremamente litúrgica e jovens pouco engajados me desanimaram. Depois de um tempo de insistência para me adaptar e sem conseguir respostas sobre questionamentos acerca da minha fé cristã, decidi deixar a religião católica.” é que você deixou de ser católica por falta de experiências boas (e para você a missa foi ruim) e por falta de respostas para questionamentos.

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  9. Admiro a história de vida de muitos cristãos que se engajaram na vida de fé, como São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá, por exemplo. Mas não consigo ver-me pedindo a Deus que aumente qualquer sofrimento meu. Você disse: “Isso não caberia na cabeça dos evangélicos”, porém, eu te falo: isso não cabe na vida da maioria dos cristãos! Não somos instruídos para lidar com o sofrimento! Isso pode ser sim uma falha da Igreja de forma geral.

    Abster-se de bens terrenos, felicidades mundanas em busca de coisas maiores é teologia católica. Você disse maioria dos cristãos, não sei se é, mas acho que a maioria dos cristãos não são santos também. Os citados são santos. E deve-se acrescentar que São Francisco pediu isso se aquilo fosse do agrado Dele. Temos exemplos bíblicos de aceitação do sofrimento e ainda louvação por eles:
    O caso de Jó que em cada sofrimento dizia: "Deus me deu, Deus me tirou, louvado seja o santo nome de Deus"
    Paulo que disse: "Agora eu me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo, na minha carne, o que falta das tribulações de Cristo"
    O próprio Jesus Cristo que disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.”
    Sofrer para bens maiores, para cumprir a Santa Vontade do Pai deveria ser algo em que você se devia ver pedindo e fazendo.
    Algo interessante que outro dia li num site fundado por um historiador católico é: “Há três tipos de lágrimas: amargas, doces e ardentes. As lágrimas amargas são as causadas pela dor dos pecados. Lágrimas doces são as que se derramam por amor de Deus. Lágrimas ardentes são as que se derramam por amor ao próximo, por pena de seus sofrimentos.”


    Perdoe-me mas eu não sinto “felicidade, ardência e sede” no protestantismo de Lutero! Sinto felicidade, ardência, sede e fome, de relacionar-me com Deus, como Cristo nos revelou no Evangelho.

    Uma coisa não contraria a outra. Eu poderia, muito bem, dizer: que você sente felicidade, ardência e sede de seu relacionamento para com Deus no protestantismo de Lutero. Mas a idéia que passei é que essas mesmas sensações outros sentem na macumba.

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  10. Olá Nelson!
    Li pausadamente teus novos comentários e, sinceramente, respeito tua convicção católica. Não acredito que haverá comentário o suficiente entre nós que esclareça melhor qualquer ponto entre eu deixar o catolicismo e você não compreender isso - o que você dá a entender é que foi algo inaceitável! Ou, os motivos foram inaceitáveis.

    Veja como dificilmente iremos equilibrar os nossos pontos de vista:
    Pelo que aprendi com a Bíblia, a Igreja é o Corpo de Cristo, constituído por todos os cristãos sinceros, chamados por Deus, de qualquer tribo, raça e nação.
    Assim, Igreja é algo orgânico, formado por pessoas e a instrução bíblica é não deixar de nos reunirmos como Igreja, isso pode acontecer em uma casa, um parque, um templo e em qualquer lugar que o possamos fazer.
    Não dependo de nenhum ritual específico para isso. Não vejo a Igreja como sendo a protestante, a católica, a anglicana, etc. Se assim a exergasse, teríamos que fazer uma acepção de pessoas entre os judeus e os gentios. Bem, você já deve saber que, mediante a graça, nada disso tem valor. Assim, não importa se eu sou protestante e você católico, o que importa é Cristo reinando em nossas vidas.
    Reconheço a "igreja" local, institucionalizada, como extensão prática onde podemos nos organizar e congregar.

    Sei que o sofrimento faz parte da caminhada e até mesmo dos propósitos de Deus para alguns de seus filhos. Sofrimentos como os citados nos exemplos citados, acredito, são parte essencial do processo de Deus na vida desses filhos.
    Se todos vamos sofrer como Jó ou Paulo? Não acredito nisso, mas tenho visto muito sofrimento acontecendo no contexto dos nossos dias.
    Quando você cita essa passagem em que o próprio Cristo fala sobre negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz, refere-se ao chamado de caminhar com ele. Para alguns, isso pode ser vidas cujos resultados serão como os de Paulo, os apóstolos, missionários ou os vários exemplos dos santos que conhecemos ao longo da história da Igreja.
    Para outros, seguir Jesus negando a si mesmos, tomando sua cruz diariamente, pode ser a transformação de caráter, a dependência de Deus na tomada de decisões, o abandono de pecados, a mudança de atitudes egoístas e o serviço ao próximo.

    Um dia, numa discussão inflamada, levei um tapa na cara de uma moça na frente dos meus amigos. O meu orgulho foi ferido pq me senti humilhada, fiquei irada e ao invés de parar por ali, devolvi o tapa duas vezes: numa face e na outra. Hoje, conheço o que a Palavra me ensina a fazer: oferecer a minha outra face para o agressor. Se acontecer novamente é o que farei? Sinceramente, é o que eu tenho esperança de fazer e espero que Deus, através da vida, já tenha conseguido mexer e transformar isso em mim.

    Caminhar com Deus para mim é isso. É orar e buscar orientação antes de tomar decisões; é lutar contra meus pecados; é mudar minhas atitudes de acordo com o que a Bíblia me ensina a fazer.

    É percebê-lo em tudo: na manhã ensolarada que me lembra que suas misericórdias se renovaram e esse é o motivo de eu não ser consumida, é ver o sol brilhar e ter convicção que ele é o SOL da Justiça, mas tb saber que nos dias nublados e tempestuosos ele continua presente... É a convicção de sua majestosa ação através das pessoas, tantas que nem sempre as conheço, é percebê-lo através do suor do trabalhador, do choro do oprimido, da oração do solitário, da esperança de quem não se deixa vencer nessa vida e continua batalhando.

    Em mim, caminhar com ele é: colocá-lo no lugar que lhe é devido, o CENTRO da minha vida e buscar corrigir todo o restante para viver sob a perspectiva dele e não mais a minha.

    E para onde ele me enviar, ir.

    Um abraço!

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  11. Mandarei ao seu email a resposta. Aqui não cabe e está difícil dividí-la. Caso você não queira continuar por email posso fazer um esforço e mandar a mesma aqui se assim lhe for melhor.

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