quinta-feira, janeiro 12, 2012

Shortinho, sim, neste verão!*



Vem chegando o verão, o calor no coração...já nos canta a velha canção. Aqui no Sul, região onde moro, apesar de todos os pesares climáticos, as estações do ano podem ser mais nitidamente percebidas do que em outras regiões de nosso continental país. E quando chega o verão, sabemos que algumas roupas podem ser desenterradas do fundo do armário e experimentar a liberdade quente das ruas.
Lembro-me da época em que não era cristã, gostava muito de deixar livre várias partes de meu corpo: costas, barriga, pernas. Depois veio a imersão em um encontro que mesclou espiritualidade e religiosidade. Mudanças drásticas, desfazimento de roupas, realinhamento de rotas e rumos. Depois veio um seminário teológico que apesar de ser de uma vertente neopentecostal, tinha regras duras de vestimenta. Todos os dias tínhamos os fiscais de porta que avaliavam nossas roupas, inclusive.

Fico pensando em tantos e tantas que se mostravam impecáveis em suas vestes, mas que não encontraram acolhimento e amor e hoje sei que percorrem caminhos tortuosos. Há sempre o risco de nos transformarmos em sepulcros caiados: belos por fora, cheios de imundícias por dentro.

A imagem abaixo traduz um pouco do que quero falar sobre roupas e as confusões advindas de seus usos em meios eclesiásticos e até mesmo fora deles, pois há muitos homens que patrulham tiranicamente a roupa de suas companheiras.

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Observemos a imagem abaixo por um pouco de tempo:


Duas mulheres de burca passam na rua. Dois homens passam ao lado delas de moto. O close que a imagem trás em seus olhares é suficiente. Poderia parar de escrever aqui.

Continuo mais um pouco. Lembrei da confusão que uma vez foi levantada como pauta de reunião na igreja: alguns jovens haviam subido ao altar para tocar de bermuda. A regra era clara: ir ao culto de bermuda (numa cidade de praia) era permitido, subir ao altar de bermuda não. Já não vejo dicotomia, mas tricotomia: um é o espaço extra-igreja, outro o espaço igreja e outro o altar. Lembrei-me do templo antigo descrito no Velho Testamento e que fala de átrios, lugares santos e o santíssimo lugar. Legalismo é o que me perpassa a mente ao lembrar de tal episódio. Pouco tempo depois, para minha surpresa, uma irmã que morava em uma cidade não praiana escandalizou-se de que as pessoas fossem à igreja de bermudas. Estranhamentos que talvez sejam frutos da não compreensão de um dos mais lindos princípios teológicos chamado “coram deo”, expressão em latim que significa “diante da face de Deus”. Paulo, o apóstolo, já nos afirmou que “Nele nos movemos, vivemos e existimos”. Não existe roupa para se ver a Deus. Deus nos vê sempre e em todo o tempo, com ou sem roupa.

Precisamos de decência e ordem? Lógico que sim! Vulgaridade não pega bem em nenhum contexto. Devemos saber o que usar e quando usar. Mas vejo que bem mais relevante do que aquilo que se usa são os olhos de quem vê. Puxo da memória algumas coisas relacionadas às vestimentas presentes na Bíblia e percebo que Deus parece dar muito mais atenção aos olhos que veem. Diz Cristo que os olhos são a candeia do corpo e que do coração procedem todos os maus desígnios. A corrupção reside de fato mais próxima à intenção. Pode-se vestir uma saia no pé com o coração carregado de maldade. Pode-se olhar uma mulher com uma saia no pé, ou até mesmo de burca, com toda a lascívia do mundo.

Olhos que devoram. Corações que sangram corrupção.

Muitas mulheres escondem sua beleza e até mesmo sua essência por medo de olhos que patrulham, olhos que julgam e olhos que desejam. Escondemos nossa feminilidade em camadas de religiosidade e hipocrisia, com medo de “fazer pecar nosso irmão”.

O fato é que na maioria das vezes, o que irá fazer pecar nosso irmão é o seu coração e não o seu short, saia ou blusa, querida mulher. Moderação sim, anulação da personalidade não. Que não tenhamos que pedir desculpas por sermos belas.

Esses “irmãos” que tanto se incomodam com as roupas das irmãs são os mesmos que andam nas ruas e encontram mulheres quase desnudas. Não podemos viver desacoplados da realidade. Coisas para “fazer o nosso irmão pecar” caem por todos os lados. Que não sejam impingidos a nós mulheres pesos maiores do que podemos carregar.


Termino com uma frase do filme Perfume de Mulher, em que Al Pacino interpreta um personagem cego e solta a seguinte máxima: "The day we stop lookin', is the day we die." (O dia em que não olharmos é o dia em que morremos).

De shortinho na praia,

Roberta Lima

*Obs.: Imagem, título e co-autoria do post por Júlio Moreira (que deve estar de bermuda lendo este texto nas praias niteroienses)





7 comentários:

  1. Somos discipulados a ver, desejar e querer pela Natureza Humana e estrutura de sociedade em que vivemos.

    Há tribos Africanas em que as pernas são tidas como membros "íntimos" e sexuais, lá as mulheres não cobrem seus seios, mas não ousam desnudar seus joelhos.

    Os homens, nesta cultura, não almejam o mesmo que nós, os Europeus seguem relativa cultura em determinados países, cujo "top less" não ofende e nem denigre a ninguém.

    Como cristãos deveríamos mostrar mais estrutura emocional, visão ampliada e parâmetros de vida elevados e não religiosos ou legalistas.

    Ao se deparar com o Deus Santo o homem que NÃO consegue lidar com sua Natureza Carnal, tipifica a mulher como CRIMINOSA, agente do crime de seduzir, condenada por seu tipo físico, beleza ou boa aparência.

    O bom Jesus já dizia, é do coração de onde saem toda imoralidade, idolatria e adultério.

    Irmão, pena, é do Coração.

    Se fosse de outro lugar, eu mandava cortar, cobrir e comprar a burca para minha querida Lima, mas não é não.

    Pode-se ver uma mulher de preto aos pés à cabeça e desejá-la imoralmente numa cama.

    Pode-se afastar sua namorada/esposa de todos os homens da Terra, e ainda assim, morrer de ciúmes por ela!

    A solução não se encontra na moralização, mas na Exterminação de nossas inclinações carnais, os quaiS exigem: AMOR, amor fraternal, amor de irmão e irmã, afinal essa é a nossa identidade, equilíbrio, disciplina, auto-controle, fé irmão e uma pitada de bom senso.

    Vulgaridade não, auto controle sim, aprenda a olhar para o próprio coração ao invés da roupa alheia, e progredirás em santidade melhor que qualquer padre, e crescerás em amor mais do que imaginas.

    Julio L. Moreira

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    1. Júlio L. Moreira,

      É sempre muito bom te ler, te ouvir, mas como já te disse: andas inspirado ultimamente!!!

      Teu comentário acrescentou ainda mais em tudo o que já conversamos e eu cresci bastante em entendimento em relação a este tema.

      Obrigada por comentar e por ser parte importante e especial da minha vida!

      Bjs L.

      Roberta Lima

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  2. Adoro mulher de shortinho (ai como eu sou bandido!!!)

    Mas, falando super sério agora, se eu pudesse colocar trilha sonora nesta foto dos caras de moto olhando as gatas de burca, certamente a canção seria: ♫♫♫Delícia, delícia, assim você me mata, ai se eu te pego, ai ai se eu te pego♫♫♫

    Fica ou não fica perfeito com a carinha deles? rsrs...

    Bjo, meninas!

    PS: Putz... pra quê que eu fui ler este post? Agora até esta porcaria desta música sair da cabeça...

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    1. Fabiano,

      Eu tive que rir alto agora...estávamos discutindo há pouco aqui em casa o tal fenômeno "Michel Teló" e sua música que gruda na cabeça que nem chiclete...tento abstrair e vir espiar o blog e eis que eu encontro teu comentário..."nossa, assim você me mata!" hahahaha

      Mas é verdade...a carinha dos nossos amigos talibãs remete a trilha do moço que agora é mundialmente famoso!


      =)

      PS! A culpa ñ é do post...é da sua mente fértil....rs

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    2. Que raiva!!! Até agora esta maldita música não saiu da minha cabeça!!! A culpa é toda sua, Roberta!!! Ai se eu te pego!!! Ai se eu te pego!!!

      rsrsrs

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  3. Fica aí atormentando a ungida do Sinhô com essa canção das trevas, olha que as maldições do sertanejo universitário podem te alcançar irmão

    Eis que te digo (ou não digo? rs): 1000 cantores sertanejos cantarão ao teu lado e 10 000 a tua direita e tu não terás direito a um tampão de ouvido...

    Nossa, que apelação!!! É isso que dá ficar com essas músicas horríveis na cabeça "ai, ai, ai"

    =P

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Cruz-credo no cê, Roberta Hinn! kkkkkkk... Mas pode me amaldiçoar à vontade, eu estou protegido, lavado e remido pelo suor do apóstolo, inclusive troquei meus anjos da guarda por querubins que vão proteger meus ouvidos com músicas de Os Gauchinhos, Regis Danese, Cassiane, Damares e diversos corinhos de fogo na voz de Mara Maravilha. Só música de altíççima qualidade em alto e bom som... rsrs

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