sexta-feira, janeiro 13, 2012

Uma escolha, um nó, e a vida embaraçada.

Pela manhã eu estava terminando de me arrumar para trabalhar quando escolhi usar um colar artesanal que tenho há algum tempo, é uma peça que gosto muito, feita por uma prima. Ele tem uma linha clara e pequenos jogos de miçangas azuis. É comprido e, geralmente, uso com duas voltas ao redor do pescoço, assim, além de ganhar volume, não o enrosco facilmente. Mas ontem eu resolvi inventar, dei uma volta só e me veio à mente a ideia fazer um nó mais abaixo e deixa-lo bem comprido. Pensei por um segundo que poderia não ser uma boa ideia, já que o fio dele embaraça com facilidade, mas fiz. Feito o nó, não ficou como eu imaginara, não gostei, tentei desfazer. Problema sério. A mistura nó-fio-miçangas definitivamente foi uma péssima ideia. Os minutos seguintes foram todos dispensados para exercícios de respiração e uma obra de arte de manobras com os dedos, enquanto meus olhos esforçavam-se para enxergar a solução, uma tentativa de desfazer a burrada que eu tinha feito com meu colar.

Depois de um tempinho, desfiz meu erro e usei-o da forma tradicional mesmo. Simples, prático, eficiente. Mas minha manhã ficou um pouco atrapalhada. Perdi tempo desfazendo o nó, não fiz outras coisas a que estou acostumada, como ler, meditar, ouvir música pela manhã, e ainda saí correndo para não perder o horário. Uma pequena escolha errada e minha rotina geralmente calma pela manhã ganhou um ar de lição de moral. “Não complique o que é simples!” era o que vinha à mente no trajeto para o trabalho. Pensei em como é justamente assim que, vez e outra, faço escolhas erradas. Uma ideia simples, uma tentativa de mudar algo que poderia ser melhor e pronto, posso dar alguns “nós” na minha vida. É verdade que aprendemos com nossos erros e que é preciso fazer escolhas constantemente, visto que a vida é feita por mudanças que alteram nossos cenários cotidianos. Mas falo das escolhas que, por algum momento, a nossa consciência nos diz “melhor não”, mas que imediatamente nós retrucamos, vai que dá certo?

Percebo que o problema com o pecado é assim também. Uma escolha. Erramos porque somos pecadores. Erramos porque lutamos contra os nossos desejos pecaminosos, mas nem sempre vencemos. Porque, às vezes, simplesmente escolhemos o que queremos e pensamos ser a melhor solução. E embaraçamos o nosso caminhar. Então perdemos tempo reajustando as coisas, colocando ordem no caos que geramos. Quando penso sobre a narrativa bíblica que conta a confissão do apóstolo Paulo dizendo que o bem que ele desejava fazer ele não fazia e o mal que não queria, acabava fazendo, me identifico com sua “guerra de alma”. Como ele, também lamento. Resta-nos a esperança na graça divina. Redentora. Generosa. Infalível. E por conta dela, possível pelo sacrifício de Cristo na cruz, vem a esperança de que se possa dar ouvidos à voz que, antes da escolha diz “Cuidado! Você sabe que essa não é a melhor opção”. E então, como o apóstolo, diremos: já não vivemos mais, mas Cristo vive em nós. E viveremos mais leves, com a vida menos embaraçada, livres para caminhar sob a graça.


Aprendendo com os nós,
#2 Andréa Cerqueira

Um comentário:

  1. A vida sempre disposta a nos ensinar não é mesmo? outro dia tive a brilhante ideia de cortar uma alça da sandália, estava na cara que aquilo não daria certo...enfim cortei e ganhei 2 coisas raiva e uma sandália que não serviria mais pra nada. Na maioria das vezes Déia, o simples não serve para nós e daí a arte de complicarmos tudo. A graça é absurdamente maravilhosa.
    Excelente sua colocação..bjus =]

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