Tal crença tem produzido pessoas que adoecem da alma e do corpo (só que fingem que não pelo bem da imagem). A alma fica doente pois tais julgam-se superiores e protegidos de maneira especial pela divindade, tornando-se presunçosos, insolentes e insubmissos, afinal servem a uma divindade que está ali disponível a qualquer momento para servi-los de alguma forma. O corpo não aguenta a doença da alma e somatiza isso de alguma forma, numa clara reação de discordância com o que acontece "ali dentro". Agora, tal triunfalismo começa a tomar ares políticos. Aparentemente a esperança de um Messias político toma ares cada vez mais pungentes em nossa pátria.
Na sociedade, tal postura tem gerado antipatia e aversão desnecessárias ao evangelho, pois confunde-se a vida plena do real evangelho de Jesus com a vida plena do materialismo exacerbado de muitas comunidades. Aí, é mais fácil não ser cristão, pois, se o prêmio do cristianismo é a prosperidade, então é possível alcançá-la de outras formas sem ter de pagar o preço do sacrifício no altar de Mamon que muitos púlpitos se tornaram.
A Bíblia em diversos pontos e passagens diz que não é assim. Muitos homens e mulheres de Deus passaram pelas mais terríveis provações e lutas como consequência não do pecado, mas da vontade de Deus! Sim, foi a vontade de Deus que os fez sofrer. Isso deveria causar escândalo quando lembramos que a mesma Bíblia diz que Deus chamou o apóstolo Paulo e o fez para que ele soubesse o quanto importava sofrer pelo nome de Cristo? (Atos 9,16)
O mesmo apóstolo Paulo em outra ocasião tem seu plano totalmente falido não por obra do diabo, mas pela vontade de Deus que o impede de pregar o evangelho onde havia planejado para que fosse a uma outra região. (Atos 16,7)
A relação de homens e mulheres em Hebreus 11 é então constrangedora. Lá lemos sobre homens e mulheres que, por causa da fé que tinham, foram serrados ao meio, pereceram ao fio da espada, viram seus filhos serem mortos ou tantas outras aparentes "derrotas". Homens e mulheres "dos quais o mundo não era digno" e que alcançaram, segundo o texto, uma pátria superior.
O que dizer, então, de Jesus? Basta lembrar que ele é conhecido como o Servo Sofredor e que, nas palavras de Tim Keller, diante da realidade nua e crua do sofrimento maior do pecado cambaleia ao afirmar "Pai, se possível, passa de mim este cálice." Não aconteceu como ele queria, pois não era como o Pai queria. O seu sofrimento, dor, punição e morte eram necessários. Talvez, exatamente, como o sejam os de muitos cristãos espalhados na face da Terra, não como sacrifício vicário, mas como testemunho em meio às dores do amor real que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta como lemos em I Coríntios 13.
Enfim, esse evangelho da prosperidade, do poder, da glória e do dinheiro não é, nem de perto, o Evangelho de Cristo Jesus. O real Evangelho é aquele que reconecta o ser humano a Deus e o faz compreender que somos aceitos porque Jesus foi punido em nosso lugar por causa do pecado que cometemos. Esse mesmo Jesus nos convida a fazermos parte do Seu Reino e a vivermos (o que inclui o sofrer) para a glória d´Ele!
O que precisamos lembrar, para sermos mais prudentes, é que muitas vezes a vontade de Deus para nós é tão conveniente quanto um soco no estômago. No entanto, se é a vontade de Deus, que assim o seja, afinal é o desejo d´Ele que importa.
Não é?
(Marquito (@marquito_pira)
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Marquito é pastor da Comunidade Cristã Ajuntamento localizada em Piracicaba, no interior paulista. No site da comunidade você pode ler mais sobre o Evangelho)
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Marquito é pastor da Comunidade Cristã Ajuntamento localizada em Piracicaba, no interior paulista. No site da comunidade você pode ler mais sobre o Evangelho)
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