Foto vista em Melhor que Bacon |
Sim, vou falar sobre as ondas de protesto que estão invadindo muitas cidades do Brasil e mobilizando multidões compostas, em sua maioria, por jovens. Vou me posicionar como pastor e, como você pode imaginar pelo próprio título do texto, defender os protestos e incentivar você a participar deles. Gostaria, para isso, de fazer algumas considerações.
1 - A Igreja Protestante tem no seu DNA o protesto contra a injustiça, o erro, a opressão e a corrupção. Sei que isso foi muitas vezes negado e rejeitado (pela própria igreja) como um ser que tenta lutar contra si mesmo e suas características, o que pode ser possível por um tempo, mas não é possível para sempre (esse gigante também pode acordar). Se você é protestante então é filho de uma tradição de homens que se levantaram contra o status quo, muitos deles pagando com a vida por isto.
2 - Não nego que há excessos de todos os lados, mas o fato de haver excessos não pode tirar do movimento a sua legitimidade. Há excessos cometidos em praticamente todas as igrejas e nem por isso somos incentivados a não fazer parte de uma comunidade. O que precisamos é de uma postura cristã mesmo em meio ao erro. Assim, o protesto não é o erro, o que me permite como cristão participar dele.
3 - O Mestre da Igreja, Jesus Cristo, quando necessário, demonstrou a sua ira e indignação no caso conhecido dos vendilhões do templo. Muitos argumentam que a sua ira não era ligada a um movimento político, mas religioso, o que não é verdade, pois na época de Jesus a religião e a política estavam intimamente ligados. Ao protestar contra um sistema religioso corrupto e corruptor ele também estava protestando contra uma política que fazia a mesma coisa.
4 - A Bíblia não demoniza aqueles que protestam, pelo contrário! Há muitas recomendações bíblicas para que levantemos a voz contra a opressão e em favor dos oprimidos. A agenda do Reino de Deus contempla, ou deveria contemplar, a luta contra aqueles que oprimem. A igreja deveria ser a voz dos que não tem como falar e os braços de quem não tem como lutar.
5 - Essa é uma chance da igreja, enfim, deixar de ser um espaço alienante, de fuga da realidade da vida, para um organismo vivo que sente a dor do próximo, solidariza com ele e levanta a voz como um ato de amor. A defesa da não participação com o argumento de que não somos cidadãos do mundo, mas dos céus, é fruto de uma eclesiologia completamente antibíblica.
6 - Quando nossos filhos olharem para o passado e nos perguntarem, poderemos afirmar que fizemos alguma coisa além de ver tudo pela TV. Quando perguntarem onde estava a igreja poderemos mostrar as nossas fotos, contar os fatos e dizer que a igreja, enfim, estava lá!
Marquito - @marquito_pira
Pastor da Comunidade Cristã Ajuntamento e você pode ler mais textos dele no site: www.ajuntamento.com.br
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