quarta-feira, março 16, 2011

Idolatria e relações pessoais



idolatria 
s. f.
1. Adoração dos ídolos.
2. Culto prestado ao que não é Deus.
3. Fig. Amor excessivo.

ídolo 
s. m.
1. Imagem de falsa divindade que é objeto de culto.
2. Fig. Objeto de grande paixão.
 (Dicionário Priberam de Língua Portuguesa)

Resolvi começar esse post trazendo definições bem concretas e delimitadas acerca do tema que vai ser abordado, pois creio que adoração vai além da dimensão religiosa. É evidente que muitos adoram à ministérios, imagens, líderes, ritos, crenças, igrejas e tradições. O que também é de grande perigo, pois a crença pela crença, o rito pelo rito, enfim tudo aquilo que acaba por tornar-se um fim em si mesmo é facilmente transformado em objeto de culto e devoção.

A idolatria é algo perigoso e danoso para o ser de quem a pratica, mas existe uma modalidade da mesma que não atinge apenas o praticante. Falo da idolatria de um ser humano por outro. Pode ser o de uma mãe por um filho, de um marido por uma esposa, de um filho por um pai e até mesmo de uma ovelha pelo pastor que não seja o Supremo Pastor.

Quando pessoas transferem sua força, energia e devoção à outro objeto que não Deus e o fazem recair sobre um ser humano, creio que as implicações são mais danosas e perigosas.

Nenhum ser humano foi criado para ser adorado, nossa essência é de adoradores e não de objetos de devoção ou adoração. Mas muitas vezes as coisas tomam rumos diferentes e então são construídos altares no qual pessoas e não Deus passam a reinar e nesse caso, o dano é real na vida de quem constrói o altar para um ídolo que não é Deus, como também é real na vida daquele que muitas vezes é impelido pelas circunstâncias ou pela própria vaidade a ocupar esse lugar que originalmente jamais deveria ser destinado a ele.

A dificuldade das pessoas se livrarem dessa situação é imensa. Deus dá ordens claras na bíblia acerca da destruição de altares a postes-ídolos e como é difícil as pessoas obedecerem a tal ordem, pois isso significa “eliminar” o objeto da devoção. 

Muitos não conseguem e aí cabe um alerta: talvez o adorador não tenha forças para isso, cabe então ao adorado destruir o altar que lhe foi destinado. Difícil tarefa. A vaidade humana gera o desejo de estar em evidência, de ser importante. Sabemos que a raiz da queda de Lúcifer foi o desejo de ser adorado como Deus e isso parece perpetuar-se na raça humana.

Mas tentar apropriar-se ou transferir para outro aquilo que é única e exclusivamente direito de Deus pode ser de grande dano para o ser, gerará feridas e até morte emocional ou espiritual. Trará confusão e aniquilação para a alma. Enfim, haveria muito mais a ser dito, mas por hora deixo as seguintes perguntas para nossa reflexão:

Será que temos transferido a algo ou alguém a responsabilidade de ser fonte para saciar nossas sedes interiores e exteriores?

Será que com nossos comportamentos temos gerado no próximo a falsa imagem de que somos fontes nas quais eles podem ter suas sedes saciadas?

Será que temos sido impostores, que buscam o aplauso e a aprovação alheia como validador de vida?

Ou ainda que nada tenha a ver com nossas atitudes ou condutas, será que estamos dispostos a arrancar as lentes distorcidas dos olhos que nos olham como ídolos?

Será que estamos dispostos realmente a desmanchar os altares a muitos de nós construídos?

Será que como Paulo e Barnabé estamos dispostos a rasgar nossas vestes - aquilo que por vezes nos cobre e encobre quem somos verdadeiramente? (Atos 14).

Essa atitude na vida de Paulo e Barnabé gerou apedrejamento e assim também acontece nas relações pessoais baseadas em idolatria: em um instante estamos no céu, em outro somos jogados no inferno e tratados como vis e desprezíveis.

Triste coisa é depender da opinião alheia. Jesus bem sabia disso e não se deixou impressionar, pois de uma multidão seus ouvidos escutaram: “Hosana” e poucos dias depois “crucifica-o”.

Que não nos arvoremos dos títulos de filhos perfeitos, pais perfeitos, pastores perfeitos, profissionais perfeitos, esposas e maridos perfeitos. Perfeição combina com Deus e para nosso dissabor, se dissocia, do que é ser realmente humano...buscamos a perfeição, buscamos a melhoria sempre, mas sabemos que nunca a alcançaremos, pois como disse Nietzche: “somos humanos, demasiadamente humanos”. O problema é que muitos procuram a perfeição no humano e, quando enganosamente creem te-la achado, a transformam em idolatria.

 Concluo com o alerta do Mestre:

Que sejamos simples como as pombas e prudentes como as serpentes. Que fujamos de toda a forma de idolatria que aliene Deus como objeto de devoção e supremo amor.

Sugiro também uma prece: Senhor, derruba-nos dos corações nos quais fomos postos como ídolos e derruba dos nossos coração aqueles que pusemos como ídolos. Amém.

No amor Daquele que é o único digno de ser adorado,

Roberta Lima

Um comentário:

  1. Roberta,

    Que Texto fantástico! Confesso que muitas vezes ouvi falar sobre idolatrarmos outras pessoas, objetos e situações colocando-os no lugar de Deus em nossas vidas, mas nunca havia parado para observar que às vezes nós mesmos somos colocados em altares como ídolos pelas pessoas e que cabe a nós não aceitarmos esse lugar que é de Deus e do qual, como humanos que somos, não daremos conta de permanecermos pois nos trará peso sobre os ombros.
    Mana, muito obrigada, edificou a mh vida.
    Amei todo o texto, principalmente essa sua sugestão de prece que gravarei na tábua do meu coração para sempre: "Senhor, derruba-nos dos corações nos quais fomos postos como ídolos e derruba dos nossos coração aqueles que pusemos como ídolos. Amém."

    Parabéns, mh querida!

    Delinha

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