“Antes de tudo lembre-se dos sinais! Repita-os ao amanhecer, antes de dormir e, caso acordar, durante a noite. Por mais estranhos que sejam os acontecimentos, de maneira alguma deixe de obedecer aos sinais. Em segundo lugar, aviso-a de que falei, aqui na montanha, com a maior clareza: não o farei sempre em Nárnia. O ar aqui na montanha é limpo, e aqui o seu espírito também é limpo; em Nárnia, o ar será mais pesado. Cuidado para que o ar pesado não confunda seu espírito. Os sinais que aprendeu aqui surgirão sob formas bem diferentes ao depará-los lá. É importantíssimo conhece-los de cor e desconfiar das aparências. Lembre-se dos sinais, acredite nos sinais. Nada mais importa. Agora, Filha de Eva, adeus...”
[As crônicas de Nárnia” - A cadeira de prata]
Este trecho da obra do incrível C.S. Lewis, retrata um diálogo entre Jill e Aslam, antes que a mesma inicie uma jornada de aventuras em Nárnia. Aslam a instrui no caminho que deve seguir. Irremediavelmente sou transportada a um dos meus Salmos preferidos que assim diz:
“Intruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir, te guiarei com meus próprios olhos” [Salmos 32:8]
Lembro-me de quando mal conhecia a Bíblia, de minhas inseguranças em relação a que caminhos trilhar e então encontrar esta instrução maravilhosa, na qual o Pai me assegurava que estaria comigo. Que era preciso ir e confiar. Creio que a vida com Ele se resume muito a isso: idas e confianças. Ele já nos disse: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho (não EUvangelho, não religiosidades, não tradições escravizantes e neuróticas humanas – pronto! Já fecho o parênteses, mas tem horas que precisamos reafirmar certas obviedades).
Ide, se Ele não te disser para ficar: vá!
Há jornadas, há caminhos, há trilhas, há passos e compassos...há histórias a serem escritas enquanto vamos pelo caminho. A trajetória é cheia de curvas, surpresas e armadilhas e muitas vezes seremos tentados a esquecer suas instruções, ou como diz Aslam a Jill: seus sinais.
Lembro-me então do profeta Jeremias afirmando que o que quer mesmo é “[...]trazer à memória aquilo que lhe dá esperança”.
Relembro-me também de Deuteronômio (um pouquinho de velho testamento não faz mal a ninguém...rs), no qual a instrução é dada para que falemos da palavra andando pelo caminho, de dia e de noite, que não cessemos de falar do LIVRO.
O Livro que contem sinais. E que tipos de sinais? Eu mesma respondo: sinais de boas novas (isso é evangelho), sinais de esperança, sinais de vida para a vida, sinais de que é preciso ter fé e perseverar.
Como diz D. Helder Camara:
É graça começar bem, graça maior persistir na caminhada certa, mas a graça das graças é não desistir nunca.
Mas Aslam alerta Jill dos perigos do esquecimento dos sinais. Sabemos o quanto estes perigos nos roubam e tentam roubar de nosso coração a palavra e a fé nele implantadas.
Hebreus 10:35 já nos alerta para que guardemos firmemente a confissão da vossa fé.
Durante a jornada a poeira que se levanta irrita nossos olhos, o cansaço por vezes abate nosso coração, nevoeiros de dúvidas embaçam a nossa visão.
Outro dia acordei de madrugada e fiquei naquele “frita-frita” de quem não consegue novamente pegar no sono, até que me levantei e resolvi contemplar o céu. Pensei com meus botões: quem sabe os céus me inspirem uma poesia, até veio-me à mente os versos de Olavo Bilac
“ora direi, ouvir estrelas […], um dos meus preferidos e que pode ser lido na íntegra aqui
Então abri as cortinas de minha janela e com o que me deparo? Um céu lindo e cintilante de estrelas? NÃO! Absolutamente não! Só havia nebulosidade, não consegui localizar uma mísera estrela com quem pudesse conversar e me inspirar a escrever alguns versinhos. Mas não parei de contemplar o céu, queria compreender a razão de estar ali de pé, em plena madrugada, olhando um céu que nada de belo tinha a me mostrar.
Foi então que entendi que em muitos momentos de nossa vida o cenário será de céu desestrelado (será que existe essa palavra? Um vale licença poética, please!), não haverá nada muito belo a ser observado. Mas ainda que meus olhos não pudessem contemplar as estrelas que desejavam: elas lá estavam. Eu não as via brilhar, mas elas continuavam imóveis, majestosas e imponentes a jorrar luz por trás da densa nuvem que me separava delas. Eu não as via, mas elas me viam.
Assim são as promessas, os sinais de Deus para nós. Os sinais seguem os que creem, adaptando o pensamento, ouso afirmar: os sinais veem os que creem.
Um dia, Deus nos trouxe algo (sinais), mas assim como Aslam, Ele nos pede para que não deixemos o “ar pesado” das circunstâncias nos fazer duvidar de Seu zelo, amor e fidelidade.
Ele nos pede para desconfiarmos das aparências.
Como elas podem nos iludir não é mesmo queridos?
Fico pensando então se Daniel, José, Davi, Abraão, Jesus, Paulo e tantos outros que conhecemos e admiramos tivessem se deixado mover pelas aparências. O que teria sido deles? Será que leríamos deles o que hoje se conta?
Finalizo com as palavras de Aslam: "Lembre-se dos sinais, acredite nos sinais. Nada mais importa”
Nada mais importa. Não o tempo. Não as circunstâncias, muitas vezes nem nossa própria racionalidade. Há algo além das aparências, além das circunstâncias, além do que vemos e é isso que importa.
Lembrando e acreditando nos sinais,
Roberta Lima
“O que é a fé? É a convicção segura de que algo que nós queremos vai acontecer. É a certeza de que o que nós esperamos está nos aguardando, ainda que não possamos ver adiante de nós” Hb 11: 1 – Bíblia Viva
“O Senhor cumprirá perfeitamente todos os seus planos ao meu respeito” Sl 138:8
Os sinais sempre evidenciam um fato
ResponderExcluirDenunciam um ato firmam um pacto
Distinguem uma face
Inibem os fracos expõem os falsos
Exaltam os nobres justificam os pobres
Definem as estações antecedem os vulcões
Caracterizam as paixões elevam as emoções
Provocam tentações comprometem a razão
Afloram a dor determinam o amor
(Branco)
Que comentário lindo e poético!
ResponderExcluirObrigada!
Deus te abençoe!
=)
Roberta,
ResponderExcluirtua escrita também é cheia de poesia, inspiração, sensibilidade.
Teus textos sempre falam comigo.
Um beijo,
Tai