sábado, dezembro 10, 2011

Na trilha


Sentia

Por vezes sentia e pensava, em outras sentia e sorvia toda a sinestesia que o momento lhe propiciava.
Uma trilha já conhecida, tanto a musical que a embalava em seus fones de ouvido, como o trajeto, que já algum tempo era considerado por ela um paraíso perdido.

Caminhava e observava, se aprofundando na pequena porção de mata que gorjeava a orla do mar.

Quanta perfeição: música, sol, mar, mato, cheiros, algumas pessoas e o vento, seu amigo vento que sempre lhe sussurava histórias, bagunçava seus cabelos e a abraçava com a ternura de quem sabe que em certos tempos, um único momento é tudo o que vale!

Assim ela seguia, solta em pensamentos soltos, fotossintetizando a alma, emudecida pela majestade da natureza...o Mestre já há muito havia falado: “olhai os lírios do campo”*

Não haviam lírios, não havia a sua flor preferida naquela trilha, mas haviam várias outras de belezas simples e até raras, à medida que prosseguia caminhando, observava que para cada trecho, uma nova espécie se apresentava. Em alguns momentos havia abundância das mesmas, já em outros, algumas se mostravam solitárias, mas estavam todas ali, lhe fazendo companhia e coloridamente dizendo-lhe de forma silenciosa que para cada ponto da trilha há uma flor que desabrocha, há uma nova espécie que se mostra.

Assim como há frutos, há também flores determinados para cada estação. Itinerários a serem percorridos em cada florescimento, pois o fruto e a flor já conhecem seus tempos. Não foi à toa que TUDO iniciou-se em um jardim, não é mesmo?


Em meio às flores e frutos desta estação, 

Roberta Lima

*Mateus 6:28

PS! Lembrei-me de Cora Coralina que assim afirmou: 
"sou aquela mulher que subiu a montanha da vida arrancando pedras e plantando flores”. 

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