No inicio, quando nada pertencia aos homens, só a Natureza; a Lua e o Sol, conversando, escolheram uma casa para morar.
A Lua ficaria com a casa escura, para fazer contraste com sua cor e suas 'mil formas de ser'.
O Sol, por sua vez, gostava das cores e não se importava com os movimentos daquelas pessoas que, não se sabe bem o motivo, escolheram aquele horário para ‘viver’.
O Sol caminhava lento e forte embora, às vezes, se escondesse entre as nuvens.
Já a Lua, não.
A Lua era toda vaidade, queria ser apreciada e mudava de roupa sempre que sentia vontade.
Ora usava vestido, ora usava decote.
Vez e outra se fazia ‘Vírgula’ no céu escuro e, quando se sentia cansava, inchava-se, ficando toda ‘cheia’ de toda aquela rotina.
Naquele tempo, a noite era a morada da Lua.
Só dela, e de mais ninguém.
Quando o sol partia, os homens eram conversas, consolos e afins.
Todos sempre com os olhos fitos na Lua que,
suspensa, caminhava devagarzinho pelo céu.
Um dia, a Lua ouviu, lá de cima, que era a mais querida, a mais bonita, a que inspirava poesias.
Começou, então, andar de cabeça erguida, como dona maior da beleza que possuía e de sua casa, do grande Céu.
Esquecera que a ‘vaidade é a distração dos egos’ e que esse possui mil armadilhas.
Passaram mil Luas e mil Sóis até que,
em um desses caminhos entre nuvens e vaidades, tropeçou e caiu.
Naquela noite desabou luz do céu.
Estava envergonhada e, desesperada, chorou.
Chorou estrelas, cometas e planetas distantes.
As Estrelas, espertas e pequenas, agarraram se ao céu;
outras, inseguras, descolaram-se, fazendo finos raios de luz.
Agora a Lua já não era luz inteira,
quebrou-se em mil estrelas,
pequenas luzes que arrancariam, dos homens,
inúmeros pontos de exclamação!
-!!! _ diziam os homens admirados.
Pobre lua!
Antes tão segura de sua beleza,
teria agora que dividir o céu com milhares e milhares de outras pequenas luzes.
Era como se Deus tivesse derramado luz em ‘conta gotas’, no Céu.
Como se fosse remédio pingado.
Hoje a Lua não é mais tão vaidosa.
Fizera das estrelas, amigas.
Sim, ela ainda continua inchando-se e vestindo-se de ‘Vírgula’.
Mas, outra noite, me confessou um segredo:
-Hoje, _disse ela; sou muito mais feliz...
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Narrado na voz de Karine Abreu
segunda-feira, maio 07, 2012
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