sábado, junho 02, 2012

O Amor, me sonha…


Renascemos cada vez que descobrimos nos olhos de alguém o amor.
Depois de uma vida costurando retalhos como se fossem estrelas, volto para dentro e encontro um coração vazio. Mas não um vazio vestido de nada, consumindo versos e calando poesias. Não! Enquanto eu dormia e fechava os meus olhos para vida, fingindo acordar no amor de alguém, tudo acontecia e mudava a direção do meu tempo.  Foi aí que eu percebi que tudo muda de sentido, até aquilo que pesa. Saber e pensar sobre o nada me pesava como aquelas toneladas de escolhas mal sucedidas penduradas nas minhas costas. E eu, perambulando entre um sonho e outro, totalmente equivocada, arrastando todo aquele peso como se fosse prêmio. Como se eu fosse sabedoria e habilidade, escolhida pela vida para entender complexidades. Como se eu fosse um bem, fazendo bem e morrendo em cada esquina; morrendo um pouco de cada vez, a cada passo que eu dava na direção contrária de mim. Equívocos de alma que se apequena de quando em quando, numa tentativa desesperada de se encaixar em qualquer espaço. Agora eu entendo de um jeito manso, que o efeito de um amor bate-volta, desses que nos toma inteira enquanto a gente ainda acredita que tem o domínio sobre ele, é devastador. DE-VASTA-DOR. Entende? Porque uma entrega tem que ser plena. Tem que desfazer nós. Tem que “somar luzes aos sóis dos nossos dias”. Uma entrega verdadeira não pode vir acompanhada de doses e mais doses de angústia. Amor entregue e disponível não corrói os nossos espaços destinados a ELE. Amor entregue não nos ocupa com dores indissociáveis. Não! Uma entrega tem que ser inteira e não em conta-gotas, porque ninguém oferece uma flor de pétala em pétala. Oferece-se uma flor e pronto. E lá está ela, linda, colorindo o nosso espaço.  O mesmo acontece com o Amor. Tem que colorir ou pelo menos fazer do cinza, algo encantador. Tem que trazer no abraço uma vontade inesgotável de ficar. Tem que trazer um punhado de fé, também. Porque Amor é poesia e fé.
Sim, devo confessar que foi quando resolvi abrir as minhas retinas e olhar em outra direção, que enxerguei de longe o meu Amor-Sonho manifestando-se naqueles olhos de promessa. Olhos que me diziam doçuras, que neutralizavam alguns amargos da minha vida… E eu conduzida pelo desejo de ser inteira dentro dele, fui entregando-me em poesia. Deixando-me tocar com o verbo e traduzir-me com o verso. Amor que carimbou um sorriso de beleza exposta no meu rosto, ao me colorir por dentro, com as cores mais vibrantes e mais bonitas. Amor que me sorri um sorriso sincero, que vê a minha alma e desperta em mim uma sede – quase insaciável – de palavra certa, precisa… De palavra que possa traduzir as delícias e o prazer de um encontro entre almas que versam o mesmo verso, dançam no mesmo compasso; adormecem e sonham juntas o próximo encontro… Foi quando eu vi o meu Amor-Sonho manifestando-se naqueles olhos que respondiam as minhas intermináveis perguntas – sem que eu mesma precisasse perguntar – e dissolviam aquele medo atávico de ser vazio, enquanto pairava sobre mim a crença de que o vazio era o nada ocupando espaço dentro do peito, que eu entendi que esvaziar-se de tudo é só uma das formas de destituir culpas; desalojar ressentimentos; despejar o medo para abrigar a coragem. O vazio é uma casa limpa e um coração desocupado de tudo aquilo que pesa demais e o deixa no chão, feito bola a ser chutada para o outro lado da rua, por qualquer pessoa distraída. Vazio é o resultado final da leveza que desejo SER, quando decido aproveitar melhor os meus espaços e reorganizar os sentimentos; quando decido na liberdade de ser, tomar fôlego, encontrar vida e ir à luta. É…  Estou vazia de tudo porque despertei de um sono profundo e encontrei vida. E amor. Amor que é a soma de tudo o que eu vejo; que me faz mergulhar e permanecer até descobrir a essência do sentir nos extremos da minha alma, sem o peso da culpa por querer ser inteira, até quando sou o avesso dos sentimentos. De sentir o meu Amor-Sonho se manifestando no outro, sem o medo de não ser refúgio. De ser laço que enfeita presente bonito. De ser Amor feito poema que me conduz à felicidade de ter um espaço exclusivo e perfumado dentro do coração de alguém. Amor que me transforma na lembrança mais bonita, quando sou ausência. Sim, depois de morrer eu percebo que renascemos cada vez que descobrimos nos olhos de alguém o Amor.
Então Amor, me abraça e me cura dessa falta.  Diminui a distância que nos separa e invade o meu universo, porque ele é território seu. Amor, me sonha como seu eu fosse o seu presente mais bonito. Me entrega a flor que vai enfeitar o jardim que cultivo dentro do meu peito. E me diz que Amor e a Poesia caminham juntos, feito almas destinadas uma a outra. Porque em você, Amor, eu viro poesia. E em você, Amor, eu acredito…
Entenda que quando exagero na força de um abraço, é porque a minha alma também precisa sentir a sua.
(Inspirada por pássaros que me fazem voar até o infinito para encontrar poesia)

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