Minha casa foi roubada.
Eu devia ter doze anos naquela época.
Não, quinze.
Isso!
Acho que tinha quinze. Mas não tenho certeza.
Chegamos de viagem e a casa onde morávamos estava uma bagunça.
Logo que entramos, nos vimos cercados por roupas, farinha, óleo e copos pela mesa e pelo chão.
Não haviam apenas levado coisas, também tinham destruído as que deixaram lá.
Minha mãe parecia mais angustiada com a bagunça do que com o roubo. Meu pai correu para o quarto para ver se tinham levado algo de maior valor; e minha irmã, cinco anos mais nova, parecia perdida no meio daquele amontoado de coisas e sentimentos.
E eu, bem, eu estava angustiada com o pensamento:
'Será que eles levaram meus cadernos, canetas e blocos de anotações?!'
Revirei o que já estava revirado.
Nada.
Passados alguns muitos minutos, parei de procurar.
Estava cansada.
Quando a angustia já estava quase consolada, um susto bom: lá estavam eles!
Todos os meus papéis, canetas e blocos de anotações ali, ao lado da escrivadinha. Intactos!
Foi aí que percebi que meus tesouros não valiam nada para eles.
Mais ainda, com o tempo, percebi que a maior parte dos meus tesouros não tem valor para quase ninguém.
O que aprendi com isso?
Aprendi que quem dita o que tem valor é o coração da gente, não o número escrito na etiqueta nem mesmo a marca da loja que vende.
Cresci e ainda tenho meus tesouros.
Tesouros que muita gente diz ser bobagens.
Que seja!
Isso os faz à prova de ladrões.
Melhor pra mim.
;)
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