É, mais uma vez, em mais uma Copa do Mundo, a torcida brasileira chorou. Homens, mulheres e crianças se decepcionaram e choraram, humilhados. A humilhação se deu por conta do placar, o pior na história da Seleção Brasileira de Futebol em Copas, 7x1 para os alemães. Um placar que faz a derrota na final de 1950 para os uruguaios, em casa, quase insignificante. É verdade que ainda haverá o jogo pela disputa do terceiro lugar, e ainda que vençamos, ainda que haja algum consolo com a terceira colocação, como esquecer um placar desses?
Acredito que no esporte e na vida a questão está justamente aí, não é para esquecer. Não podemos ignorar as nossas fraquezas, tampouco as nossas derrotas. Aprender a se dedicar, trabalhar por melhores resultados, se aprimorar e exercer o aprendizado da melhor forma possível, são lições que todo esporte nos ensina. Desde crianças, quando somos incentivados a praticar esportes, é jogando que aprendemos a lutar para ganhar e a aceitar a derrota quando perdemos. Mas sempre somos lembrados das lições que a derrota nos impõe.
Há questões importantes para se aprender com a derrota de ontem no futebol. No âmbito esportivo, vimos de um lado uma seleção alemã primorosa, dedicada, humanizada do lado de fora do campo, aplicada do lado de dentro. Planejamento, eis algo que a seleção alemã desenvolveu. Eles planejam serem tetracampeões mundiais de futebol e estão em busca desse objetivo há algumas copas. Para o mundial deste ano, planejaram o Centro de Treinamento exclusivo, construído para essa ocasião no sul do estado da Bahia. Boa parte dos jogadores alemães já jogam pela seleção há mais de cem jogos. É um time que sabe o que quer e, mais importante ainda, está unido e taticamente dedicado para um objetivo em comum. Eu não duvido que eles consigam. A verdade é que os alemães são e provaram ontem a sua superioridade no futebol atualmente. E para quem é apaixonado por futebol, dá gosto de ver os alemães jogarem, como foram os espanhóis em 2010.
Do outro lado nós, brasileiros, tivemos certeza do que temíamos, pensávamos ter uma Seleção Brasileira de Futebol com alta qualidade e um bom técnico, com um bom planejamento. Acontece que fomos e estamos enganados. É aquele famoso "parece, mas não é". Claro que ficamos muito otimistas com a conquista da Copa das Confederações no ano passado, afinal, derrotamos a favorita seleção espanhola na final e sobraram motivos para acreditarmos que estávamos prontos para a grande conquista mundial e o tão sonhado hexacampeonato. Não foi dessa vez, quem sabe na próxima?
Creio que alguns de nossos jovens jogadores estarão mais maduros, com mais jogos pela nossa seleção e com uma experiência que lhes permitirá maior concentração e aplicação tática na próxima Copa. Mas espero que tenhamos planejamento, uma tática eficiente e os jogadores certos. Anseio para que não tenhamos como técnico alguém que seja obstinado com suas escolhas, ao ponto de morrer com suas convicções e afundar consigo o sonho dos atletas e de duzentos milhões de torcedores. Mudar é preciso, se um jogador não está rendendo na seleção o que deveria, tem que haver oportunidade para os substitutos. É preciso mudar também de esquema tático quando necessário, afinal, de que adianta analisar como joga o adversário se vamos entrar em campo jogando sempre da mesma maneira? Infelizmente o nosso atual técnico é assim, ele faz suas escolhas e morre com elas, ainda que isso representa ser um fiasco.
É verdade que fomos humilhados naquilo que mais nos orgulhamos, no que estamos acostumados a sermos bons, sempre entre os melhores. O futebol, para milhares de brasileiros, é religiosamente sagrado. Mas haveremos de secar nossas lágrimas e, em quatro anos, sonharemos novamente. Só espero que, entre essa e a próxima Copa, aprendamos um pouco mais com o sabor amargo da derrota e da humilhação e, quem sabe, em 2018 tenhamos menos motivos para lamentar dentro e fora dos gramados.
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#2 Andréa Cerqueira - torcedora apaixonada e sofredora.
(@acspira)
Patrícia Poeta, és tu?
ResponderExcluirNem o time do Galo (Atlético-MG, pra quem não conhece) faria uma vergonha daquelas.
Se fosse o Galo a goleada seria só de 6x1, coisa normal do cotidiano deste pequeno clube mineiro...
Falou agora a voz anônima de quem entende... rsrs...