quinta-feira, junho 16, 2011

Enquanto meus pés sangraram...

Ele me encontrou à beira do Caminho, levava minha vida numa boa!  Ele me convidou pra sentar! Me disse o quanto me amava, me mostrou duas estradas e completou:

 - Filha,  duas estradas estão diante de ti, uma é larga, tu terás prosperidade, terás uma vida boa,  porém ela te conduzirá a perdição, nessa estrada eu te seguirei de longe, buscarei sempre um sinal seu para que eu possa voltar a sua vida e possa trazer-te novamente para estrada inicial, o meu caminho. 

- E a outra? Pergunte-lhe... 

- A outra filha,  é uma estrada estreita, apertada, íngreme, sempre fere os pés, mas é imprescindível para o crescimento da fé e para o conhecimento do teu caráter, nessa estrada  sempre estarei contigo. Terás também momentos de alegria e paz, mas na maioria do tempo será de luta por fora e paz por dentro, homem externo se corrompendo no tempo, o interior se renovando de dia em dia. Porém, no final quando olhares no espelho terás uma bela e linda surpresa..... 

- Puxa, que escolha dificil, Senhor! disse eu... 
- É sim, mas essa escolha só cabe a ti...  
Fiquei em duvida, afinal quem gosta de saber que vai sofrer? E como encará-lo de frente? 
Ele apenas sorriu para mim, e disse:
- Filha eu estarei ao seu lado todos os dias... 
- Senhor, sua presença na minha vida não tem preço... tomarei o caminho estreito... 

Levantamos, e fomos em direção a estrada estreita, ela era muito íngreme... 
No começo, havia muitas flores, todas coloridas e variadas, pássaros e borboletas vinham e voltavam, tudo muito lindo, e a medida que adentrávamos mais e mais naquela estrada, ela ia ficando mais difícil, de repente meus sapatos começaram a apertar meus pés... e a cada passo apertava mais e mais, até o ponto de eu não aguentar e pedir: 
- Mestre!
- Sim, Filha, disse-me Ele sorrindo.
- Meus sapatos estão muito apertados, o que eu faço? 
- Tira os sapatos filha!
- Oi?
- Tira!  tira eles... 
- Mestre, o Senhor viu a estrada? Há tocos de arvores, espinhos, e pedras pontudas... 
- Sim, vi sim - me falou ele - Tira os sapatos...
- Sim, Senhor mas como vou tirar o meu sapato.... ?
- Filha - disse me calmamente, com seus olhos nos meus olhos, sorrindo - precisarás experimentar a dor nos teus pés... 
- Por que? Eu não entendo... 
- Agora não entendes mas para frente entenderás... 
Chorando e olhando seus olhos tirei meus sapatos... por que não sabia qual era pior, ficar com sapatos apertados, meus dedos cheios de calos ou andar descalça entre os espinhos, pedaços de madeira e pedras pontudas
Meus pés finos pisaram aquelas pedras, pontas e doíam muito... fui pisando devagarinho, 
- Eu não conseguirei seguir o mesmo ritmo com meus pés descalços. 
- Eu sei filha, por isso lhe acompanharei sem pressa, irei contigo no seu ritmo e nos seus passos... 

Me estendeu a mão e a segurei firmemente, a cada passo, novas lágrimas de dor fluíam dos meus olhos, chorei muito, percebi que meus pés sangravam. 
Nos dias que se seguiram, comecei a ficar irritada com as dores e com raiva do Mestre, por que enquanto eu chorava, Ele não me dizia nada, apenas segurava minhas mãos. 

Fui andando e a cada amanhecer, Ele ficava do lado de minha cama ao léu, que faziamos todas as noites, algumas vezes acordava a noite e Ele estava passando suas mãos nos meus pés... 

E quando eu levantava pra começar a caminhada, Ele se punha de pé do meu lado, e tomava minhas mãos, muitas vezes sem dizer uma só palavra... 

No caminho acabamos encontrando muitas pessoas, elas pareciam estar sozinhas, mas Ele me disse que estava com elas, mas como elas não viam Ele comigo, eu também não O via com elas, algumas me irritavam profundamente tentando se escorar em mim, enquanto minha dor doía...  eu  os empurrava, pois não aguentava nem comigo... como seguraria outra pessoa... ??

A noite sentavamos ao léu e conversavamos sobre o dia algumas vezes, nem sempre isso acontecia, porém naquela noite, falei:
- Mestre, você deve ter me achado péssima quando empurrei aquelas pessoas que tentavam escorar em mim, não é? 
- Não filha, não acho que você seja horrível ou péssima por isso. 
- Por que? Não entendi...
- Filha, eles estão no mesmo processo que você, precisavam segurar em mim, não era seu tempo de frutificar e nem de servir de apoio para ninguém, eu te pedi isso, filha? 
- Não...mas eu pensei...
- O teu problema é que você pensa muito... inclusive pensa por mim...rs 
- Muitas vezes. - falei rindo pra Ele.
- No momento que você a empurrou eu os segurei ... fica na paz, filha e dorme!
Meus pés estavam em carne viva, sangrando e inflamado.... naquela noite Ele me disse que eu poderia recostar minha cabeça em seu peito e ali adormeci... 
No dia seguinte, atravessamos um rio, as águas eram muito quentes, pisei nas pedras que abriram meus pés, chorei muito, chorei e gritei de dor, Ele apenas me dizia:
- Filha estou aqui! 
Ele ficou do meu lado, sentou e chorou comigo e disse-me: 
- Eu sei que dói filha, sentaremos aqui e só levantaremos e andaremos quando você estiver pronta... 

Continua.... 

Di Luz Pockrandt 

3 comentários:

  1. Lindo, mal posso esperar para ler o resto !

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  2. é um momento bem assim q eu estou passando com o Senhor... Perfeito

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  3. Di, estou sem palavras e emocionada.

    Há dias eu queria ler esses seus posts mas sempre leio algo quando eu sinto que devo ler.

    Te adoro =]

    Bjs da Mel

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