terça-feira, dezembro 31, 2013

O que desaprendi sobre Deus em 2013

 
Semana passada, li sobre um sábio que estava a ensinar sobre negócios a um jovem. Num dado momento, o jovem ficou exaltado e disse que era impossível compreender as lições que o velho estava a ensinar. Ao  observar que o moço tinha a sua frente uma xícara de chá, o mestre pediu ao garçom uma garrafa de vinho e disse ao jovem: 'Sirva-se'.

O jovem olhou sua xícara - ainda cheia - e nada fez. O velho então disse: 'Se não esvaziar sua xícara, será impossível deitar vinho nela. Para ampliarmos nossos conhecimentos precisamos nos desfazer dos saberes desnecessários e errôneos que carregamos'*.

Ao ler esse diálogo, fiquei a pensar como minha compreensão de Deus mudou neste último ano, e como esse processo de 'desaprender Deus' foi, e tem sido, intenso e longo.

Até 2011, mais especificamente em julho, minha leitura sobre Deus era repleta de meias-verdades. Pensava não ser religiosa mas levava comigo um bocado de frases decoradas e ideias religiosamente (no sentido literal!) definidas. Fato é que a Vida (ou talvez Deus!) acabou com todas elas. Uma a uma, sem dó nem piedade.

Acredito que todos nós passamos por momentos decisivos onde: ou buscamos a Verdade em sua forma mais pura ou morremos no meio do caminho com as mãos repletas de dogmas e sofismas.

Decidi desaprender Deus. Na verdade, desaprender as imagens que a igreja me vendia sobre Ele para aprende-lo na sua forma mais pura possível. Eu sempre desconfiei que Deus era muito maior do que tudo o que havia ouvido, cantado ou lido sobre ele. Lembro que quando li o Salmo 104* pensei:'Uau! Deus é muito maior do que tudo o que já me falaram sobre ele!'.

[Antes de você me mandar uma mensagem, e-mail, sms, in box ou qualquer outra coisa me chamando de herege, saiba que eu NÃO sou contra igrejas, ok?! Sou contra a religiosidade e a manipulação que muitas utilizam para benefício próprio. Bem, acho que agora podemos continuar a leitura!]

Esse tempo de 'desaprendizagem' e 'reaprendizagem' de Deus foi - e tem sido - um processo doloroso, mas vital para quem decidiu caminhar e conhecer a Deus; Aliás, não é preciso um conhecimento teológico profundo para perceber que Deus se apresentou de forma progressiva à humanidade. E da mesma forma acontece em nós, como indivíduos.

Eis uma pequena parte da minha lista de 'desaprendizagens':

- Desaprendi a fragilidade de Deus e dos seus planos para aprender sua soberania sobre tudo e sobre todos;
- Desaprendi o mapa que, até então, me prometia levar até Deus para aprender que posso encontrá-lo em todo e qualquer lugar;
- Desaprendi os rituais religiosos para compreender que não há nada mais sagrado do que amar e estar com quem amamos;
- Desaprendi os planos divinamente traçados para aprender a liberdade das escolhas e das suas consequências;
- Desaprendi as leituras teológicas para encontrar Deus nas poesias;
- Desaprendi as respostas prontas e os velhos conceitos que me tornavam frágil, e manipulável;
- Desaprendi a religião para poder conhecer Deus.
 
Se pensei que desmoronaria sem tudo isso? Claro que sim! Pensei que não sobreviveria, mas estava enganada. Deus se mostrou maior do que tudo e minha fé nEle cresceu.

Hoje eu O amo ainda mais. De todo o meu coração.

Prece:
'Deus, agora minha xícara está vazia. Podemos colocar o vinho?'

Feliz 2014!

Beijos, Lu!
...
*Parafraseei um trecho do livro 'Problemas? Oba!', do Roberto Shinyashiki.
*Salmos 104:2-3: 'Envolto de luz como numa veste, ele estende os céus como uma tenda, e põe sobre as águas dos céus as vigas dos seus aposentos. Faz das nuvens a sua carruagem e cavalga nas asas do vento'.

Um comentário:

Deixe seu comentário, crítica ou observação. Queremos saber o que estamos transmitindo a você.
Mas, deixamos claro que comentários ofensivos não serão publicados.