“Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.”
(Colossenses, capítulo 1, versículos 13 ao 16)
Liberdade é um tema muito debatido no meio cristão, desde os escritores relatados na Bíblia até os nossos dias, muito se fala e escreve sobre o assunto. Eu mesma, já escrevi antes sobre liberdade. Acredito que temos anseio por liberdade, razão pela qual isso sempre ocupa nossos pensamentos, nosso tempo e também nossas palavras. Mas sem querer me prolongar em qualquer terminologia, o que desejo compartilhar é sobre o que vivi em relação à religião e evangelho e a questão de ser ou não realmente livre na prática da caminhada de fé.
Começo refletindo sobre o que afirma o apóstolo Paulo na carta para os colossenses: que Deus nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado, Jesus. Ele nos mudou de lugar e ponto. Deus nos transportou de uma condição (perdição) para outra (salvação). E os versículos que mencionei no início do texto bíblico ressaltam a supremacia, a soberania de Cristo sobre todas as coisas: “Tudo foi criado por meio dele e para ele”. Ora, uma vez que Cristo é Senhor sobre todas as coisas, tudo, absolutamente tudo o que existe está sujeito a Ele. Então, a questão central sobre liberdade dos que creem em Cristo é o próprio Cristo. O centro e a razão de tudo é Ele.
Venho de uma formação teológica que hoje considero no mínimo, complicada. Aprendi que salvação eu recebi pela graça: vontade de Deus que me convenceu disso através da ação do Espírito Santo em mim. Mas em contrapartida, aprendi que o crente precisa manter a salvação e para isso, há uma série de regras a seguir a fim de que você mantenha-se longe do pecado, permaneça santo, puro, não seja mundano e precisa contar com a “sorte” de estar nessas condições na hora em que Jesus voltar, pois corre-se o constante risco de não ser arrebatado, ficar para a grande tribulação ou ser condenado ao inferno. Ou seja, fui salva pela graça, mas preciso manter a minha salvação pelo cumprimento dessas regras.
Bem, depois de uma série de acontecimentos que me levaram a um cansaço profundo com a igreja evangélica e os muitos ventos de doutrina, encontrei outros cansados pelo caminho. E tenho aprendido uma forma mais simples e livre de vivenciar o Evangelho e a graça de Deus. Disse mais simples, porém não mais fácil, pois liberdade é algo precioso e perigoso. Acredito que para simplificar a liberdade cristã é preciso fazer uma distinção entre o que são os princípios expressos na Palavra de Deus sobre como devemos conduzir a nossa vida, ponderando as nossas escolhas e o que é cultura evangélica. Ou seja, separar o que é Evangelho da cultura evangélica. Esse tem sido o meu desafio, estudar a Palavra, lendo-a e buscando compreensão sem os “óculos” da religião. Para isso, conto com oração para obter esclarecimento do Espírito Santo, converso com muitos amigos onde congrego e tantos outros que compartilham desse momento na minha caminhada de fé. É assim que juntos vamos descobrindo o que é uma coisa e o que é outra. E nossa jornada de fé e vida vai se tornando mais simples, porém regada de desafios.
À respeito dessa forma de vivenciar a fé, vários conhecidos meus costumam questionar se o lugar onde congrego tem doutrina, se pode tudo. E a famosa lista do “pode e não pode”, mostra sua face novamente. Afinal, o cristão pode fazer tudo o que quiser? Vou responder adaptando um trecho de outro artigo meu sobre liberdade:
Sim e não. Pode o que a Palavra diz que pode. E não deveríamos errar no que a Palavra diz para evitarmos, certo? Daí a importância de conhecer a Palavra e compreender o Evangelho e a vida de Cristo, é Dele que devemos ser imitadores, não das denominações, pastores, homens e mulheres de Deus, da religião enfim.
Nós somos humanos. Não somos “super” e necessitamos todos da graça de Deus. Nem menos, nem mais. Mas há uma religião por aí que rouba essa verdade e planta mentiras, enganando cristãos de todos os tipos de denominações.
Em se tratando de religião, é mais fácil conduzir sua vida pela lista das regras do “pode e não pode” pregada por muitos, com destaque para as denominações pentecostais e as neopentecostais. Não pode ir ao teatro, torcer por um time de futebol e desfile de carnaval é inaceitável, pois é coisa do diabo! Assistir um filme só se for cristão ou você precisa estar certo que não há palavrões ou cenas de sexo no conteúdo. Não pode ouvir música “do mundo”, vestir ou seguir as tendências da moda, porque a maioria dos estilistas são homossexuais. Fumar é vício que leva para o inferno e consumir bebida alcoólica é pecado, porque, por mais que você não se embriague, vai escandalizar o irmão. Isso é o que nos torna religiosos, não livres.
Agora, em se tratando de vida com Deus, transformada pela mensagem de Cristo, é realmente muito mais difícil você ser livre para encarar a sua real condição humana. Quando são tiradas de você as amarras da religiosidade e dessa cultura evangélica que impera em nosso meio, então você começa a descobrir se tem ou não domínio próprio e amor suficiente por Cristo dentro de você. Agora, sem as cercas do aprisco e com um campo imenso a ser explorado (a vida), você passa a descobrir se age por amor, ou se só estava perdendo tempo achando que era um bom crente o suficiente. É quando finalmente você descobre que não há mais nada para você, do que a graça.
"Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro".
(Colossenses 1: 21 ao 23)
Caminhando de forma muito mais livre, consciente, convicta e comprometida Nele,
Andréa Cerqueira
=]
Oi Andréa
ResponderExcluirMuito bonito o seu texto! Você diz que não devemos ser imitadores de nenhum homem, só de Jesus. Leia 1 Co 11.1
Nesse versículo o apóstolo Paulo chama aos coríntios para serem seus imitadores,como ele era de Cristo.
Ôba! =]
ResponderExcluirLá vamos nós:
Não apenas no texto que vc (anônimo) citou, mas tb nos versículos 1Co 4:16 e Fp 3:17, o apóstolo Paulo encorajou outros cristãos a imitá-lo! E se ele vivesse em nossos dias, eu mesma o faria!
Avaliemos o contexto em que Paulo estava inserido e sobre o que estava falando:
- em 1 Co 4:16 o apóstolo acaba de escrever sobre pregadores responsáveis com a Palavra, fiéis a Deus; ele acaba de "defender" seu ministério e daqueles que são fiéis nesse propósito; descreve o quanto passaram fome, frio, o quanto apanharam, o quanto perdoaram quando foram caluniados! Então, como um pai que quer ser bom exemplo para o filho, Paulo convoca os outros a imitá-lo!
- em 1 Co 11:1 é preciso ler os versos do capítulo 10, que fala justamente sobre a liberdade cristã da qual abordei no texto... o resumo e a palavra chave é: o que quer que você faça, faça para a glória de Deus. Paulo afirma que em tudo procura ser agradável para todas as pessoas, sem buscar seu próprio interesse, para que haja salvação. Se tem alguém que soube fazer a diferença em seu tempo, esse foi Paulo. Se fez de igual para com todos a fim de alcança-los com a mensagem do Evangelho. É nesse contexto que o apóstolo dá sequência a carta e diz: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (11:1).
- Em Filipenses o assunto fica ainda mais interessante! Paulo fala sobre maturidade. Fala de deixar para trás as coisas que o atrapalham de prosseguir para o alvo (que é Cristo, a Vida eterna!) e isso o anima! Paulo diz então para que os cristãos em Filipos para que eles sejam imitadores dele e dos que andam como ele - mas adverte que muitos que andam entre eles (os pregadores do Evangelho) são inimigos da Cruz de Cristo!
Hoje, com mais maturidade que nos anos anteriores, principalmente os do início da minha jornada de fé em Cristo, já consigo diferenciar quem é realmente um "exemplo a ser imitado", ou seja, tenho (pela graça de Deus) uma série de pessoas que edificam (muito) a minha fé, a minha vida e, como afirma a Palavra, me encorajam a ser o melhor que eu poderia ser. Não há problema nenhum em tê-los como exemplos, uma vez que vejo CRISTO neles.
Espero que você possa entender e agradeço a sua colocação - e só faltou seu nome aqui, pode ficar a vontade, ok?! Gosto de reflexões, de questionamentos e bons debates que possam edificar!
Abraço!
=]
Olá, shalom. Sou Mara.
ResponderExcluirNossa tremendo este texto exposto por você. É um assunto que tem aflingido a alma de muitos cristãos a minha volta, liberdade. As pessoas tem usado muito o versículo que fala: 'se o Filho do Homem me libertou verdadeiramente serei livre'. E eu sei que somos escravos de Cristo, mas, somos livres das amarras da religião. Muitos tem se encontrado preso as lideranças, ministérios não por amor a Obra do Senhor. Mas, por causa da alma e em determinados momentos da caminhada se encontram cansados, abatidos, sobrecarregados e depois saem dando 'tiros para todos os lados', com a ideia de que agora são livres, por estarem foram deste 'julgo'. E você vem e nos leva a entender tão facilmente que Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.
Ou seja Ele nos mudou de lugar. Parabéns, espero poder continuar sendo ministrada por tão sábias palavras. Grande beijo e que Deus continue te usando com graça e sabedoria.