Tragédia no Rio. (Fonte: globo.com) |
Dia desses eu estava de passagem pela praça principal da cidade no horário de almoço. É sempre uma aventura passar por lá, pois nunca sei o que vou ouvir, ver ou quem vou encontrar. No momento em que esperava para atravessar a rua em direção ao banco, ouvi o trecho de uma conversa entre um homem e uma mulher. O trecho que ouvi referia-se a um tal de João. Aquelas duas pessoas lamentavam a má sorte do João, que, pelo que pude entender, vivia uma fase desgraçada. Ouvi aquele senhor dizer: Que pena não? Logo o João que sempre fazia o bem pra todo mundo, não merecia essas coisas na vida! Atravessei a rua e a tal frase ficou ecoando na minha mente, agitando o meu coração.
A primeira coisa que pensei foi: Somos sempre assim não é? Nunca achamos que alguém que é bom (aos nossos olhos) deve enfrentar qualquer desventura na vida! Naturalmente nos baseamos em nossas próprias obras para medir se é ou não justo alguém enfrentar sofrimentos. Lembrei-me então de pessoas que a Bíblia descreve, tais como Jó. Pensei nos amigos dele incitando-o a examinar bem seu coração, porque se sofria tamanha desgraça só podia ser por mérito. Pensei em Jó questionando a Deus, afinal, não teria ele andado sempre com muito temor e feito tudo quanto aprendeu a fazer para ser um homem justo?
Um novo ano começou e mais uma vez, parte do mundo tem sofrido com tragédias naturais. Nós, brasileiros, temos enfrentado o maior desastre natural já ocorrido no nosso país – as chuvas que têm causado estragos principalmente na região sudeste, devastou a região serrana do Rio de Janeiro e hoje os números são de seiscentos e setenta e dois mortos. Nunca antes tínhamos testemunhado tamanha tragédia no Brasil. E assim, enquanto nos questionamos atordoados em busca de uma resposta para o “por que” que nos aflige, nos deparamos com uma dor e um sentimento absurdo de perplexidade diante da desgraça. Há explicações geológicas e naturais para o que aconteceu no Rio. Há também a consciência sobre o fato da ocupação irregular e do crescimento descontrolado – frutos de um país cujo povo é sufocado pela desigualdade social. Todo o nosso lamento e compaixão por aquelas pessoas, porém, nos levam às dúvidas sobre a fé.
Hey Deus, onde estás?
Sejamos francos, a pergunta que muitos fazem é: Onde está Deus em tudo isso? Geralmente quando passamos por situações críticas questionamo-nos se Deus está mesmo presente e, se está, por que é que parece não fazer nada? Será mesmo que ele está distante e não se importa?
No domingo na comunidade da qual participo refletimos sobre isso na ministração da Palavra, o que me ajudou muito, já que eu queria escrever sobre o assunto. Ao analisarmos um pouco a nossa própria história com Deus, narrada na Bíblia, vemos que há uma sequência de rompimentos por nossa parte nesse relacionamento com o Criador, que começou lá no jardim do Éden – com Adão e Eva – e arrastou-se pela história da humanidade. Temos rompido com Deus durante todo o curso da nossa existência. Vivemos como se ele não existisse, ou, pelo menos, o reservamos apenas para os assuntos que julgamos referentes à nossa espiritualidade. É assim que o ser humano se comporta, distante do Criador.
Sobre merecermos ou não tais desgraças, compreendo que a Palavra diz: o sol nasce para todas as pessoas, justas e injustas. É a tal “graça comum”. Coisas boas acontecem para pessoas de péssimo caráter. Desgraças atormentam a vida de pessoas batalhadoras e honestas. O sol e a chuva afetam todas as pessoas, ricos e pobres, cultos e analfabetos, como vimos no Rio.
Deus nos convocou para praticarmos a justiça, amar a fidelidade e andar humildemente com ele. (Veja em Miquéias 6:8)
Façamos uma pequena pausa para pensar se ao menos a Igreja de Deus tem vivido assim... Ela tem?
Talvez a pergunta não seja: Hey Deus, onde estás?
Mas sim ele mesmo pergunte para nós: Hey, onde é que vocês estão?
Perseverando e buscando-o,
Andréa Cerqueira
Oi querida, ótimo texto.
ResponderExcluirQuando acontecem essas catástrofes é isso que muitos ficam perguntando, onde está Deus, pois querem assim justificar a sua falta de fé muitas vezes.
Sabemos mesmo que DEUS tem o controle de TODAS AS COISAS, mas se permite que fatos assim ocorram, é como você mesmo escreveu, por consequência do rompimento que aconteceu através do pecado cometido por Adão e Eva, lá no jardim do Éden.
Precisamos estar com nossas vidas em dia, pois assim como o Senhor pode nos livrar, podemos também passar por coisas que não venhamos a entender agora, nessa vida, mas que entenderemos quando estivermos ao lado do Senhor.
Também foi falado sobre Jó no culto de sábado, onde congrego e mesmo que eu já conhecesse toda sua história e ouvisse vários sermões a respeito, nesse sábado veio fazer muita diferença na minha vida.
Deus é maravilhoso e está sempre Se revelando a nós.
Um beijo pra você Andréia e pra todas as Meninas do Reino.
Depois de algumas coisas ruins que nos acontecem, essa pergunta realmente é inevitável. E a gente que crê em um Deus soberano e protetor, infalivelmente cai na tentação de querer culpar a Deus , se não pela desgraça, mas pela falta de livramento. Nessas, horas, tento lembrar disso que vc citou sobre o sol nascer para todos e que Jesus disse que passaríamos por aflições nesse mundo. Acho que a questão é, apesar de, ainda continuarmos amando a Deus, mesmo sem entender algumas coisas.
ResponderExcluirNão creio que Deus castiga ninguém através de tragédias, mas talvez como passamos por elas, seja uma provação de nosso relacionamento com Ele. Se meu amor por Ele depender somente de quando tudo está bom para mim, então isso não é amor.Mas Ele nos ama em todo o tempo.