quinta-feira, novembro 03, 2011

Vale a pena "ler" de novo: Separados, mas não da graça


Assuntos complexos a serem tratado nos meios religiosos são aqueles assuntos em que existe sempre a pergunta pode ou não pode? A questão da separação conjugal é um desses assuntos. Falar sobre separação é falar sobre sexualidade, sobre família, sobre religiosidade, sobre relacionamentos, sobre leis (espirituais ou não). Mas o mais importante é lembrar que quando se fala sobre separação, na teoria falamos sobre o ideal , sobre o que seria melhor mas na maioria dos casos não pensamos na prática, nas vidas que estão envolvidas e nas incoerências que cercam as relações humanas. Falar sobre separação para quem nunca experimentou tal experiência é fácil, é mole, da até um ar de "legalidade", digo isso á aquelas pessoas que permanecem casadas e por isso acham que podem dar "lições de moral" naqueles que hoje se encontram separados matrimonialmente de seus parceiros, digo matrimonialmente porque alguns permanecem casados no papel, moram na mesma casa mas de fato nunca casaram, são estranhos ao seus parceiros e a si mesmos, apenas estão ali formalmente mas se não tivessem tanto medo do inferno, já estavam longe.


Como lidar com pessoas que passaram por tais experiências na vida? Como dizer a essas pessoas o que elas precisam ouvir? Como direcionar essas vidas após essa experiência tão profunda, tão intensa e ao mesmo tempo tão marcante ?

O que tem acontecido no meio evangélico? Bom, vejo líderes querendo abafar escândalos, querendo livrar pessoas do inferno, querendo dar respostas bíblicas coerentes mas, sinceramente não conseguimos enxergar cuidado, cura, restauração e muito e muito menos amor. Estou generalizando sim. Mas aqueles que sabem que não são parte da maioria, Deus sabe quem são. 

Quero contar especialmente um caso muito familiar para que possam pensar. Imaginemos um casal jovem, cheios de planos e sonhos... este casal tinham objetivos ministeriais comuns, a vontade de ser útil para Deus era tamanha que queriam se dispor integralmente ao "ministério" e claro, não queriam "cair em pecado"  então eles decidiram casar muito rápido, em menos de 1 ano =  namoro, noivado e casamento. "Perfeito". 

Sim, era tudo muito perfeito aos olhos religiosos da moça que não se enxergava de outra forma a não ser casada, servindo a Deus no seu ministério familiar e/ou na igreja institucional. Belissima visão do casal, porém eles se fecharam demais de uma forma superficial e negligenciaram as coisas mais profundas da vida , eram novos demais e com isso ao passar do tempo como todo relacionamento, veio o desgaste. O rapaz aos poucos foi se afastando da sua esposa foi amadurencendo um pouco fora daquela redoma, e  sem o amor necessário  os dois criaram um buraco intransponível entre eles, brigas eram comuns.  A moça embora não se desse conta do tamanho do buraco que havia entre ela e seu marido, orava , jejuava, ungia , gritava,clamava (sempre que ele não estava em casa) "consagrava" o leito imaculado á Deus e nada resolvia. Ela se perguntava o que fazer? mas separação nunca foi uma opção para ela. Era uma palavra riscada do seu vocabulário. Até que um belo dia, depois de algumas brigas o rapaz toma a iniciativa e volta para casa da mãe, oficialmente se separou da moça, a deixou em casa sozinha. Não precisa dizer como a moça ficou né? Arrasada, inconsolável, se sentindo a própria Maria Madalena, repudiada, rejeitada, ferida, e pior se martelava o tempo inteiro pensando nas pessoas a sua volta, nos irmãos , em Deus, em sua vida dali em diante, o que seria dela? 

Disseram para essa moça várias coisas, dentre elas que ela teria que esperar seu ex-marido voltar se não ela seria a pessoa mais infeliz do mundo e nunca mais ela poderia ter uma vida feliz, casar novamente então nem pensar. Esperar o ex-marido voltar sempre foi a primeira opção da moça , porque ela realmente sempre esteve disposta a manter a aliança que ela tinha feito porém dizer á ela que a vida dela iria depender da decisão de uma outra pessoa foi algo que pesou muito na vida dessa moça que teve sérios problemas posteriores, inclusive teve questionamentos seríssimos em relação ao amor de Deus sobre sua vida, pois passados alguns meses o rapaz não voltou atrás, e ainda arrumou uma outra pessoa, e ela? bem , ela continuou lá, esperando, passaram-se alguns anos e o rapaz já teve uma série de outros relacionamentos. Então... e aí? São casos como esse que quando destrinchamos, não nos cabe mais pensar no : pode ou não pode, mas em : Senhor, cuida dessas vidas!

Aquele versículo que diz que o homem que se casar com uma mulher repudiada comete adultério com ela? Agora imagine que você é uma mulher  de 23 anos sem filhos, separada cujo sonho era ter uma família, como se sentiria em saber que não poderia mais se casar ? como você se sentiria se isso te fosse imposto como regra para ser salva ? Pois foi essa situação que a moça da história acima esteve,  pensava que para ela não teria perdão, e ai a primeira coisa que foi questionada foi : porque Deus não mudou o coração do fulano ? Esse tipo de questão nos leva a questionar Deus, pois estamos sendo confrontados.

O que Deus uniu, que o homem não separe.  Marcos 10:2-16

Mas será que o homem consegue mesmo separar aquilo que Deus (amor) uniu? Penso eu : que aquilo que o amor une , nem todas as divergências conseguem separar. Penso eu que : se separou é porque não foi Deus quem uniu e se Deus não uniu em amor, nunca houve uma verdadeira aliança.
  
É claro que a separação é algo que Deus abomina, mas pensar nela como apenas um ato judicial e pecaminoso, além de ser um pensamento raso é um pensamento que nos afasta daqueles que passam por essa situação e precisam do apoio dos amigos e das pessoas que se dizem próximas. Pois é aí que a maioria se afasta ainda mais da comunhão.

Se somos realmente habitados por Deus, ao invés de apenas exteriorizar o que a lei diz teoricamente, devemos primeiro amar como Jesus fez na prática. Parece que as pessoas que se separaram e hoje (ainda) se encontram em alguma comunidade cristã , sofrem inúmeros preconceitos, julgamentos, são tratados com hotilidades, parecem leprosos, enfrentam olhares atravessados pois são tidos como "menos dignos" de falar da palavra de Deus que os demais, alguns se entregam a promiscuidade como forma de suprir o vazio que ficou dessa relação frustrada e então essa distância entre eles e Deus fica cada vez maior também. 

Deus ama incondicionalmente você. Não duvide disso. Em amor á ele espere até que ele te diga o que fazer.

Conheço casais que separaram e se reconciliaram, conheço casais que separaram e casaram novamente e são muito felizes, conheço mulheres separadas e que ainda não se resolveram sentimentalmente, conheço todo tipo de pessoa  e digo, separados sim, mas não da graça de Deus.

Simone Caetano

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