Quem me conhece um pouco ou quem conhece um pouco de
meus textos, sabe o quanto a afirmação acima é verdadeira. Nunca me imaginei
defendendo um tipo como Marco Feliciano. Em primeiro lugar por nutrir total ojeriza
a sua teologia rasa, alienante e fundamentalista. Em segundo lugar, porque o vi
pregando de perto e mais de uma vez, como boa consumidora da fé pasteurizada
pentecostal e neopentecostal que um dia fui. Falo do que vi e vivi e do quanto
tal senhor é por vezes um “ótimo contador de histórias” como ele mesmo gosta de
se intitular, além de um showman do
mais alto garbo e valor dentro do espetáculo gospel reinante em nossos dias.
Enfim, resistências pessoais e
teológicas à parte. Não há como ficar indiferente ao que agora solapa os dias
de Feliciano. Penso que ele deve sentir saudade das suas ovelhinhas e de seus
circuitos pelos Gideões em Camboriú.
O que assistimos hoje é um
descalabro à democracia e uma manipulação sem fim dos órgãos de mídia massiva. Lembro-me
que há pouquíssimo tempo atrás correu um abaixo-assinado que coletou mais de um
milhão de assinaturas requerendo a renúncia de Renan Calheiros à presidência do
Senado e nada de manifestações populares e midiáticas como as ora vistas no
caso Feliciano.
É público e notório que os mais
diversos postos dentro do cenário político brasileiro são compostos não por
técnicos ou pessoas capacitadas, mas por pessoas alinhavadas pelas mais
diversas alianças políticas. Feliciano nada mais é do que um subproduto deste
meio, que ainda conta com: Blairo Maggi, premiado como motosserra de ouro pelo
Greenpeace à frente da Comissão de Meio Ambiente, além de Genoíno e João Paulo
Cunha, condenados do mensalão, como membros da Comissão de Constituição e Justiça.
Esta é a guerra dos tronos, todos
querem seu quinhão e infelizmente a bancada evangélica (fundamentalista ou não)
é mais uma a se moldar ao status quo.
Os valores do reino e os princípios de Cristo parecem esquecidos, mas por isso
ninguém os condena. A condenação é porque foram falar do grupo LGBT, merecedor
de meu total respeito, carinho e compreensão a respeito das reivindicações
acerca dos seus inegáveis direitos civis, mas que assim, como nas mais diversas
representações, tem perdido a mão em suas exigências.
Há que se respeitar Feliciano,
Malafaia e suas opiniões. Elas não só falam contra os gays, eles falam contra
divórcio, contra sexo antes do casamento e não vejo divorciados e nem
“fornicadores”, levantando barricadas contra este grupo. Aliás, senhoras e senhores,
Feliciano também representa uma minoria: a
minoria dos evangélicos fundamentalistas merece proteção também.
Como li outro dia no twitter,
daqui há pouco quem não come porco (caso dos judeus e adventistas) será
considerado “porcofóbico”. Digo mais, quem não come carne de vaca, será
considerado “vacofóbico” e por aí vai. A liberdade de pensamento, de crença e
de expressão, leva-me a respeitar e até defender aqueles que não pensam igual a
mim. Aliás, como já foi dito por alguém que não lembro quem: “não preciso
provar que o outro está errado, para mostrar que estou certo”. Ambos podem
estar com a verdade, afinal de contas como já disse Leonardo Boff: “Todo ponto
de vista é a vista de um ponto.”
Seja uma ditadura evangélica
fundamentalista, seja uma ditadura homoafetiva fundamentalista, enfim, se for DITADURA, quer Teocrática ou não, quer
de esquerda, quer de direita, quer conservadora ou liberal, o perigo se acende.
Nesse ponto, me obrigo a concordar com Reinaldo Azevedo que alertou em recente
artigo que muitos gays estão sendo usados como massa de manobra. Pobres gays e
evangélicos, sem notarem, se veem no mesmo barco.
Poderia falar mais, mas paro meu
desabafo por aqui, desejosa de um pouco de sanidade e lucidez, pois a coisa já
ultrapassou o ridículo há muito e enquanto isso, assuntos sérios e muito mais
pertinentes continuam esquecidos e passando ao largo em nosso gigante e
adormecido Brasil.
Roberta Lima
Ro, já disse antes, mas reafirmo meus parabéns pelo texto, bem escrito e fundamentado! Mana, SSF¹!!!
ResponderExcluirO que me incomoda é que em nosso país nós estamos lidando com essa situação citada por você:
Renan Calheiros na presidência do Senado;
Blairo Maggi à frente da Comissão de Meio Ambiente; Genoíno e João Paulo Cunha membros da Comissão de Constituição e Justiça;
E incluo o Feliciano na lista - considero-os todos "pessoas erradas nos lugares errados".
E, realmente, embora testemunhamos manifestações contra a presidência do Renan no Senado, nem tanto barulho assim foi feito... muito menos ainda com as demais comissões!
E é isso que lamento, que ambos os lados sejam tão tendenciosos.
Que o país acorde, mas acorde para todos os fatos!
Abraço de urso!