terça-feira, fevereiro 04, 2014
Tá com fome? Vem cá, pra eu te falar sobre Jesus!
Postado terça-feira, fevereiro 04, 2014 Por Narrativas
Engraçado como descobrimos quem somos numa discussão a respeito daquilo que mais amamos.
Outro dia, eu estava com alguns amigos aqui, em casa, e começamos a falar sobre diversas coisas, inclusive sobre os sonhos que cada um guarda dentro de si.
-O que você gostaria MESMO de fazer, Lu? _perguntou um amigo.
Nem usei tempo pra pensar!
-Gostaria de ir para o continente africano. Lá, buscaria histórias, as escreveria e retornaria parte dos recursos para fundações que abrigam e alimentam pessoas que se encontram em situação de extrema fome e miséria.
A cara de espanto de um dos que estavam presentes me caiu como um susto.
-Você está maluca?! Lu, as pessoas precisam de Jesus. O que adianta irem para o inferno com a barriga cheia? Se eu fosse você, iria para alguns países falar de Jesus. Sabe como é, apresentar o Plano da Salvação para os perdidos.
Naquela hora, o assombro foi jogado em mim.
Até tinha me esquecido o quanto era chato conversar com alguns crentes!
Esperei um minuto para ver se aquilo era, ou não, uma brincadeira.
Infelizmente, não era.
Nem eu imaginava o tamanho da revolta que aquele comentário causaria.
Me revoltei! Discuti, briguei e disse que aquilo era... era... ridículo!!!
Pode falar que sou ruim, brava ou sei lá o quê, mas estou apenas contando o que eu fiz e o que senti no momento.
[Antes que alguém me pergunte, sim: a paciencia e a mansidao são coisas que ainda precisam ser trabalhadas em mim.]
Calma, que a história dessa 'conversa entre amigos' ainda não acabou!
Passou-se uma semana. E mais outra.
E decidimos que seria muito bom nos reunirmos para mais uma conversa.
Marcamos de nos encontrar às 8. Em uma sexta.
O 'ser' me pareceu estar agitado, sem muitas paciências.
Quando a conversa chegou ao ápice, onde as pessoas estavam falando coisas mais profundas sobre si mesmo, o tal X levantou e disse:
-Preciso comer! Mal consigo concentrar-me para ouvi-los!
-O que houve? _perguntei.
-Estou faminto!
-A quanto tempo está sem comer?
-Desde o almoço._o tal 'X' respondeu.
-Uau, quer ouvir sobre Jesus? Podemos te contar sobre o Grande Plano da Salvação. Que tal? Não é disso que realmente precisamos?
Na hora ele percebeu minha ironia.
Ok, sei que agi de modo vergonhoso e não incentivo a serem como eu. Mas era realmente aquilo que eu gostaria que ele pensasse: no quão incomodo é sermos privados das nossas necessidades mais básicas.
Essa coisa toda de ser 'espiritual demais', de pensar que somos apenas uma 'alma' e que precisamos somente de 'palavras consoladoras' e de 'direções espirituais', na minha humilde (e herege!) opinião, é uma das coisas mais medíocres que conheço!
Alguém, por favor, me diz: Onde esquecemos nossa humanidade?
Onde foi que abandonamos nossa preocupação com a justiça e o bem-estar das pessoas que nos cercam? Onde foi?!
Parece-me que em todo o tempo, Jesus preocupava-se em nos ensinar o quão importante é o fato de notarmos a necessidade do outro, e mais do que isso!, de nos movermos a fim de supri-las.
Sinceramente, não consigo imaginar um Deus que destrate nossas necessidades; assim como - também - não consigo imaginar, um Deus que se preocupe com nossas vaidades.
O fato de Deus dizer-se VERBO, me faz pensar que ele se preocupa (e muito!) com as nossas atitudes. Mais do que isso, Ele não é 'qualquer' verbo, é o verbo mais puro e bonito que existe: o Amor.
Amemos, mas amemos de fato: sem muitas palavras e muitas ações.
E se você acha que o mundo todo 'está bem' porque você tem alimentos na sua mesa e vestes no seu guarda roupas, te deixo como uma mensagem, um 'lembrete' singelo, um
proverbio africano que diz:
"Uma pessoa bem alimentada, dificilmente acredita que a outra está com fome."
Acredite, há muita gente faminta.
Tanto de alimento, quanto de amor.
Beijos,
Lu.
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Lu,
ResponderExcluirTe entendo tão bem, mas tão bem que nem fazes noção. Em meus estudos e pesquisas e trabalhos que buscam estar conectados com as realidades do "Venha o Teu Reino", com as necessidades de justiça social e com aquilo que eu creio que seja de fato cooperação com o Pai para por ordem no caos, vira e mexe sou interpelada por perguntas grotescas assim: ' e o seu chamado'?
O sangue já ferveu, hoje costumo sorrir, pacificada, sabendo que sou a obra sendo feita e aperfeiçoada e que os reflexos disso fluem, simples e incompreensível (para alguns) assim...
Prossiga nos teus intentos, pode ser na África, na Amazônia ou em alguma selva de pedra...continue caminhando...continue atenta aos rastros de Deus sobre a terra, o resto é muitas vezes liturgia disfarçada de zelo espiritual.
PS! Acabei de lembrar, inclusive, de uma diretiva ABSURDA de um pastor que dizia que se alguma família ou alguém estivesse em dificuldades não deveríamos dar uma cesta básica e sim 'apresentarmos o plano de salvação', ensiná-lo a teologia da prosperidade e a orar determinando com fé que o milagre aconteceria...
Sem mais!
Abraços e obrigada por falar por mim!
Roberta Lima
Querida Ro,
ExcluirSinto que nossa alma dói no mesmo lugar.
E dói muito!
Às vezes fico a pensar em uma maneira de fazer algo mais, mas não faço ideia do quê.
Tento utilizar os recursos que tenho para isso, mas parece que o único que tenho é o da escrita. E as palavras são tão frágeis...
Pessoas como meu amigo e o pastor que citou me deixam revoltada! Muito revoltada.
Acho que essa dor, além de doer, está a virar cansaço...
Sua vida me inspira, Ro.
Te amo.
Beijos.
Deve se conciliar os dois,tanto pão físico quanto espiritual.
ResponderExcluirTudo no equilíbrio, nem tanto para direita,nem tanto para esquerda.
(...)
Penso desta forma também.
ExcluirE vou além. Acho que também seria falta de amor nosso pensar somente no alimento físico e negar aos outros a chance de serem salvos por Cristo, pela exposição do evangelho. Se a gente tem fé, se a gente realmente segue a Ele, a gente tem que entender que todos nós fomos chamados a sermos missionários, o que implica em anunciar tanto em obras quanto em palavras (afinal ninguém adivinha se não falarmos). E isto tem sido esquecido por muitos que querem mudar a imagem de pouca relevância da igreja na sociedade.
Se for assim não passaremos de uma ONG ambulante. Tem muito valor, mas o reino de Deus é mais que isto. Em nome de um "amor" ao próximo as pessoas estão deixando até de obedecer a Deus, de anunciar o evangelho, provavelmente por vergonha ou por medo de ser criticado, ser considerado chato, fundamentalista, etc. As justificativas não tem fim, tem gente que acha que é o amor que salva, não a fé. Pelo menos é o que parece...
Parei por aqui... rs... tá tarde. Um dia, quando voltar a escrever, vou criar um post pra falar da "amorlatria" que tenho percebido por aí. O evangelho, a Palavra de Deus mesmo, tá ficando de lado...
PS: Não estou falando de você Lu, pois imagino que você pensa em evangelizar também, estou falando no geral. O que eu tenho percebido é que as pessoas saem de um extremo e vão direto pro outro. Acabam fazendo +- assim: "A igreja só pensa no espiritual, eu vou pensar só no material (parece até birra)." ou: "Já que a igreja pega pesado com legalismo, vou liberar geral agora, afinal estou na graça e sou livre, tudo é puro aos puros (e assim até o pecado mais impuro que existe ele acha puro) Sou livre pra viver do jeito que me sentir bem e feliz.". É triste, mas é isto que acontece, e tem muita gente que é inteligente fazendo isto. Pra gente ver que a cegueira não é imune a inteligência.
Lu,
ResponderExcluirAs frágeis letras são por vezes mais fortes do que qualquer coisa. Lembra-te de que o poder Dele se aperfeiçoa na nossa fraqueza? Isso vale também para nossas pálidas palavras.
Sim, nossa alma dói no mesmo lugar...ela se abate, se apequena, se cansa, mas acima de tudo, Nele, se abastece de esperança e ainda que seja em um diálogo aqui, um escrito ali, as gotinhas vão enchendo o oceano.
Sua vida tb me inspira e MUITO, Lu!
Amo ler-te!
Amo ter-te como mana e amiga de fé!
Bjos 'enormes de grandes'!
Roberta Lima