Os sustos da vida e a certeza da morte - com todas as suas incertezas -, a batalha por um espaço, a divisão entre o corpo e o sonho nos levam a inventar saídas e buscar significados. Com tantos erros e acertos que frequentemente não sabemos mais quem somos, onde estamos, o que buscamos.
Queremos um sentido para a nossa existência, e liberdade para existir conforme nossas possibilidades e sonhos.
Liberdade tornou-se um termo muito alardeado: nem bem definido, nem muito bem executado. Neste chamado mundo moderno, porém, liberdade é gêmea do deslimite, e pode nos atordoar se nos defrontarmos com ela. Pois, ansiosos, muitas vezes desinformados, não tendo nem ao menos refletido sobre isso que queremos alcançar, corremos sempre atrás de mais horizontes, como se todos eles fossem promissores.
Não entendemos, na euforia de crianças soltas num grande parque, que liberdade pode virar servidão, como a felicidade, obrigatória, vira angústia: temos de ser livres, temos de ser felizes (ou ao menos aparentar isso).
E podemos nos perder nessa dança, sobretudo quando o tempo entra no frenético ritmo atual.
O tempo é uma invenção nossa para marcar nossas atividades, nesse lapso entre nascimento e morte.
Lya Luft - A riqueza do mundo, Ed. Record, 2011.
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